Walewska, campeã olímpica, morre aos 43 anos

por Antônio Luiz Moreira Bezerra publicado 22/09/2023 10h00, última modificação 22/09/2023 10h00
A atleta caiu do 17º andar de um prédio em São Paulo no fim da tarde da última quinta-feira.

Morreu na noite desta quinta-feira a ex-jogadora Walewska Moreira de Oliveira, aos 43 anos, em São Paulo. A ex-central, campeã olímpica com a seleção de vôlei nos Jogos de Pequim, em 2008, que estava aposentada desde o fim da temporada 2021/2022, caiu do 17º andar de um prédio em São Paulo no fim da tarde da última quinta-feira. As circunstâncias do ocorrido estão sendo investigadas pela polícia.

 

Walewska faz parte do seleto grupo de campeões olímpicos brasileiros. Em Pequim-2008, a central fez parte da conquista do primeiro ouro olímpico do vôlei feminino. Em Olimpíadas, ainda foi bronze em Sidney-2000 e ficou com o quarto lugar em Atenas-2004. Defendeu diversos clubes ao longo da carreira, como Minas, Osasco e Praia Clube, por onde se aposentou.

 

O Sul-Americano de vôlei 2022 marcou a despedida oficial das quadras. O último jogo da central foi diante do Regatas Lima, do Peru, pela fase de grupos. Na semifinal contra o Sesi-Bauru e na final contra o rival o Minas, Wal ficou como opção no banco de reservas, mas não foi utilizada durantes as partidas. Após a aposentadoria, o clube de Uberlândia deixou de usar a camisa 1, que a central vestia.

 

Walewska lançou sua biografia neste ano. Em "Outras redes", ela contou toda sua trajetória até as quadras. Aos 12 anos, saiu de casa e pegou o ônibus para o primeiro teste de vôlei no Minas. Ali, dava seus primeiros passos rumo a uma carreira de conquistas.

 

Conhecida por manter sempre um perfil elegante dentro e fora da quadra, Walewska influenciou uma geração de jogadoras no país. Na seleção, fez parte de diversas conquistas e marcou época. Walewska foi convocada para a seleção brasileira pela primeira vez por Bernardinho, em 1997. Com ele, conquistou o ouro nos Jogos Pan-Americanos de Winnipeg, no Canadá, em 1999, e o bronze na Olimpíada de Sidney, em 2000. Depois, sob o comando de Zé Roberto, seguiu colecionando títulos.

 

No Praia Clube, Walewska se reafirmou como uma das maiores centrais da história do vôlei brasileiro. Na temporada 2017/2018, foi o pilar da primeira conquista do clube na Superliga. Depois, passou um ano no Osasco, mas retornou à cidade mineira para seus últimos anos como profissional.

 

Nesta semana, Walewska participou de uma série de eventos em São Paulo. Ela foi ao centro de treinamento do Palmeiras e se encontrou com o técnico Abel Ferreira. Na visita, os dois trocaram livros e elogios.

 

Glórias em quadra

 

Walewska foi um dos pilares da geração mais vitoriosa do vôlei brasileiro. Ela, porém, nunca deixou de homenagear quem veio antes. Em entrevista ao ge, falou da importância da geração de 1996.

 

- Eu acho que começo a minha história tendo contato com a geração de 1996, que, para mim, é a geração do vôlei. Eu me emociono até hoje. Temos um grupo no Whatsapp com essas meninas que estão fazendo 50, eu fiz 40. Tudo o que eu aprendi no vôlei, ser e me comportar como atleta, foi com essas jogadoras. A Ana Moser foi uma atleta que me impactou muito. Eu cheguei à seleção com 17 anos, em 97/98, e a Ana ainda jogava, não na melhor forma dela. Mas ela tinha uma postura, uma coisa gigantesca e tão simples que tentei entender aquela liderança silenciosa que ela tinha. Eu perguntei a ela o que eu precisava fazer para ser daquela forma. Eu comecei muito observando ela, Virna, Leila, Venturini, Fofão.

 

Por onde passou, Walewska desempenhou papel de líder e capitã. Em quadra, tentava ser exemplo para as companheiras de forma natural.

 

– Para ser líder, você tem que dar exemplos de tudo. Essa minha formação, de como ser atleta, me mostrou que eu preciso me comportar o tempo inteiro. É uma coisa supernatural, sou eu mesmo, mas preciso me policiar. As meninas estão olhando sempre para mim, para minhas atitudes, a forma como eu falo com as pessoas, como eu reparto as coisas no vestiário. Isso vem muito da minha família, meus pais, e devo muito à educação que eles me deram. Respeito sempre os mais velhos, acho que a nova geração perdeu um pouco essa hierarquia, está meio conturbado hoje em dia.

 

- Eu tento trazer todo esse aprendizado, mas preciso vivê-lo no meu dia a dia. Querendo ou não, estou sendo observada. Não é fácil, mas é uma coisa natural e não é forçada. Acho que a pessoa não se transforma em um líder, a pessoa já nasce com isso. É muito difícil você transformar uma jogadora em líder porque você quer, é muito difícil. Estou lendo livros de psicanálise para entender as pessoas, não julgá-las. Entendendo o porquê das coisas, a vida fica muito mais fácil - disse.

 

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Fonte: Globo Esporte

Imagem: Getty

Edição: Site TV Assembleia