Valor da produção da pecuária e aquicultura chega a R$ 122,4 bilhões em 2023
O valor de produção na PPM 2023 chegou à marca de R$ 122,4 bilhões, alta de 5,4% em relação ao ano anterior. Os produtos de origem animal atingiram R$ 112,3 bilhões, alta de 4,5% em relação a 2022, e os itens da aquicultura foram responsáveis por R$ 10,2 bilhões, aumento de 16,6%.
O efetivo bovino atingiu 238,6 milhões de cabeças em 2023, o maior da série histórica iniciada em 1974. Apesar da marca representar crescimento do rebanho, o acréscimo de 1,6% em relação ao ano anterior, foi o menor aumento percentual observado nos últimos 3 anos, o que mostra a tendência de desaceleração no setor e inversão de ciclo pecuário.
A Pesquisa da Pecuária Municipal 2023, divulgada hoje pelo IBGE, trouxe essas e outras informações sobre os efetivos, produtos de origem animal e a aquicultura no país, que também estão disponíveis na página da pesquisa no Portal do IBGE e no Sidra.
Entre os municípios, São Félix do Xingu (Pará), apesar da retração de 2,8% em relação a 2022, mais uma vez liderou o ranking municipal de efetivo de bovinos, com rebanho de 2,5 milhões de cabeças. Corumbá (Mato Grosso do Sul) continuou com o segundo maior rebanho, 2,2 milhões de animais, e Porto Velho (Rondônia) manteve a terceira posição em 2023, com 1,8 milhão de bovinos.
A produção de leite foi recorde em 2023 ao atingir 35,4 bilhões de litros. Ao passo que a produção de leite subiu, o número de vacas ordenhadas decresceu. Foram contabilizadas 15,7 milhões de vacas ordenhadas, 0,1% a menos do que em 2022, sendo esse total de vacas ordenhadas o menor já registrado desde 1979.
Após dois anos de queda, produção de leite volta a crescer
Em 2023, a produção estimada de leite de vaca foi de 35,4 bilhões de litros. O resultado corresponde a uma alta de 2,4% na produção nacional. O valor de produção do leite contabilizado em 2023 foi de R$ 80,4 bilhões, alta de 0,4% frente a 2022. O preço médio estimado foi de R$ 2,27 por litro de leite, recuo de 1,9% quando comparado aos R$ 2,31 pagos no ano anterior.
“A atividade leiteira vinha em declínio e agora ocorreu um aumento em 2023, embora o número de vacas leiteiras tenha apresentado leve queda de 0,1%. Então este aumento da produção do leite se deu em função do aumento de produtividade”, explicou Mariana Oliveira, analista da PPM.
O município de Castro (Paraná) apresentou a maior quantidade, liderando, mais uma vez, o ranking, com 454,0 milhões de litros, alta de 6,4% em relação ao ano anterior, e R$ 1,3 bilhão no valor de produção. Carambeí (Paraná) se manteve na segunda posição, com 269,9 milhões de litros, alta de 5,6%, e R$ 755,7 milhões e, em seguida, com 211,1 milhões de litros e R$ 513,0 milhões, veio Patos de Minas (Minas Gerais), assim como na edição anterior.
Impulsionado pela região Sul, quantidade de galináceos cresce
Estimou-se 1,6 bilhão de cabeças de galináceos no Brasil, um aumento de 0,6% em relação ao ano anterior, equivalente a 9,05 milhões de animais a mais. Em 2023, houve um novo recorde de exportação de carne de frango in natura, além do aumento no abate de frangos em 2,8% da quantidade de cabeças e 3,5% em peso acumulado, atingindo um recorde da pesquisa.
A Região Sul liderou mais uma vez em 2023, com 48,4% do efetivo, resultado principalmente da relevância do Paraná na atividade. Detendo 28,7% do total nacional, é o principal Estado nesse efetivo desde 2006; a quantidade de 453,4 milhões de animais em 2023 foi também um recorde para a Unidade da Federação. Tanto a região quanto o estado são também onde se destaca a atividade de abate de frangos no Brasil.
O segundo maior efetivo está localizado em São Paulo, 13,0% do total, enquanto Rio Grande do Sul apresentou 10,1%, Santa Catarina 9,6% e Minas Gerais 7,7%, correspondendo ao terceiro, quarto e quinto maiores efetivos.
Itaberaí (Goiás) manteve um elevado efetivo, com 16,0 milhões de cabeças, sendo o principal município em quantidade de galináceos, seguido de Santa Maria de Jetibá (Espírito Santo), São Bento do Una (Pernambuco), Cianorte (Paraná) e Bastos (São Paulo).
Com destaque da região Nordeste, rebanho de caprinos e ovinos apresentam crescimento
O efetivo de caprinos aumentou 4,0% no ano de 2023, chegando a 12,9 milhões de animais, enquanto o número de ovinos aumentou 1,3%, atingindo 21,8 milhões de animais. Os dois valores são recordes históricos da pesquisa. A região Nordeste foi a principal responsável por este aumento, já que possui 96,0% do total de caprinos e 71,2% dos ovinos.
Bahia e Pernambuco são destaques nesta produção, como primeiro e segundo estados em ambas as criações, sendo que 30,7% do rebanho caprino e 23,0% do rebanho ovino do país é baiano, enquanto 26,1% e 16,9% desses efetivos, respectivamente, são pernambucanos.
Em nível municipal, os maiores efetivos de caprinos estão localizados em Casa Nova (Bahia), Floresta (Pernambuco), Juazeiro (Bahia), Curaçá (Bahia) e Petrolina (Pernambuco). Para ovinos, se tem o mesmo principal município, Casa Nova (Bahia), seguido de Juazeiro (Bahia), Remanso (Bahia), Dormentes (Pernambuco) e Sant’Ana do Livramento (Rio Grande do Sul), sendo este, diferente dos anteriores, relevante na criação devido à finalidade de produção de lã.
Produção de ovos atinge novo recorde na série histórica da pesquisa
Com o total de 4,99 bilhões de dúzias, a produção brasileira de ovos de galinha apresentou um crescimento de 2,9% para o ano de 2023, resultando em um novo recorde para a série histórica, que estima que a produção de ovos vem aumentando ininterruptamente desde 1999.
Os cinco principais municípios em produção de ovos foram Santa Maria de Jetibá (Espírito Santo), Bastos (São Paulo), Primavera do Leste (Mato Grosso), São Bento do Una (Pernambuco) e Beberibe (Ceará).
Com recorde de abate e exportações, rebanho de suínos apresenta queda
43,0 milhões de suínos foram contabilizados nesta edição da pesquisa. No último dia de 2023 havia, no país, 3,1% de animais a menos se comparado ao ano anterior. Paralelo a isso, com uma variação negativa de 0,4%, o total de matrizes de suínos se mostrou praticamente estável, sendo 5,0 milhões de animais contabilizados. Também foi observado um aumento de 1,3% no abate de suínos, alcançando um recorde em 2023, porém demonstrando uma desaceleração do crescimento do setor. Houve recorde também nas exportações de carne suína in natura.
“A queda de suínos se deve a algumas incertezas no ano de 2023. Viemos de um aumento expressivo nos últimos anos por conta do volume de exportações, em especial para a China, suprindo a demanda deste país. Em 2023, essa demanda foi diminuindo. Outro ponto foram os custos de produção para os suinocultores”, explicou Mariana Oliveira, analista da PPM.
Os cinco principais municípios em efetivo de suínos foram, nessa ordem, Toledo (Paraná), Uberlândia (Minas Gerais), Marechal Cândido Rondon (Paraná), Concórdia (Santa Catarina) e Tapurah (Mato Grosso).
Impulsionada pela região Nordeste, produção de mel atinge recorde
A produção nacional de mel cresceu 2,7% em 2023, totalizando 64,2 milhões de quilos, o mais alto valor já registrado na série histórica da pesquisa, que desde 2016 apresenta crescimentos consecutivos e, desde 2018, a cada ano, alcança recordes na estimativa.
A Região Nordeste, que em 2022 ultrapassou a Região Sul em produção, observou um aumento de 4,1% no seu resultado, sendo responsável em 2023 por 39,9% do total nacional. Destacando-se o Piauí, com 13,8% da produção nacional, Ceará, com (8,9%), Bahia (7,4%) e Maranhão (5,0%).
Os municípios com a maior produção de mel foram, em ordem, Santana do Cariri (Ceará), Arapoti (Paraná), Santa Luzia do Paruá (Maranhão), São Raimundo Nonato (Piauí) e Ortigueira (Paraná).
Produção de peixes e de camarões atinge recorde
A estimativa da produção de peixes em 2023 mostrou um aumento de 5,8%, chegando a 655,3 mil toneladas, o que resultou em um valor de produção de 6,7 bilhões de reais, crescimento de 16,8% em relação ao ano anterior.
O peixe mais produzido no Brasil, desde o início do levantamento da piscicultura, é a tilápia. Em 2023 sua produção correspondeu a 67,5% do total de peixes. Em relação ao ano anterior houve um aumento de 7,6%, e resultou em 442,2 milhões de quilos. O principal município em piscicultura em 2023 foi Morada Nova de Minas (Minas Gerais) que aumentou expressivamente sua produção, respondendo agora por 3,1% da produção nacional. Ainda em nível municipal, Nova Aurora (Paraná), Jatobá (Pernambuco), Palotina (Paraná) e Assis Chateaubriand (Paraná) destacaram-se como grandes produtores. A somatória dos cinco corresponde a 12,8% da produção de peixes brasileira.
Já a produção brasileira de camarão criado em cativeiro atingiu 127,5 mil toneladas, um crescimento de 13,0% com relação ao ano anterior. O valor de produção foi de R$2,63 bilhões, equivalente a um aumento de 18,3%. Essa estimativa corresponde a um recorde na série histórica da produção, que vem crescendo continuamente desde 2017.
Do total, 99,6% são provenientes da Região Nordeste, principalmente do Ceará (57,0%) e Rio Grande do Norte (19,4%). Os maiores municípios produtores se encontram nos dois principais estados, começando por Aracati (Ceará), que com produção de 13,8 mil toneladas é origem de 10,8% da produção nacional e 18,9% da produção estadual. Na sequência, aparecem Jaguaruana-CE (7,8%), Pendências-RN (5,2%), Acaraú-CE (5,1%) e Russas-CE (4,5%).
Mais sobre a pesquisa
A Pesquisa da Pecuária Municipal - PPM investiga, anualmente, informações sobre os principais efetivos das espécies animais criadas e as produções de leite, ovos de galinha e de codorna, mel de abelha, lã bruta, casulos do bicho-da-seda, além da aquicultura (piscicultura, carcinicultura e malacocultura), constituindo, assim, a principal fonte de estatísticas desse segmento econômico.
Ela fornece informações sobre os efetivos da pecuária existentes no município na data de referência do levantamento, bem como a produção de origem animal, e o valor da produção durante o ano de referência. Os efetivos incluem bovinos, suínos, matrizes de suínos, galináceos, galinhas, codornas, equinos, bubalinos, caprinos e ovinos. A produção de origem animal, por sua vez, contempla a produção de leite, ovos de galinha, ovos de codorna, mel, lã bruta e casulos do bicho-da-seda; as quantidades de vacas ordenhadas e ovinos tosquiados; e a aquicultura, que engloba as produções da piscicultura, carcinocultura e malacocultura.
A periodicidade da pesquisa é anual. Sua abrangência geográfica é nacional, com resultados divulgados para Brasil, Grandes Regiões, Unidades da Federação, Mesorregiões, Microrregiões e Municípios.
Fonte: Agência IBGE de Notícias - Imagem: Licia Rubinstein