Unesco aponta aumento alarmante de jornalistas mortos em zonas de conflito

por Antônio Luiz Moreira Bezerra publicado 23/12/2023 08h15, última modificação 22/12/2023 14h22
Dos 65 profissionais mortos em 2023, pelo menos 38 foram em países marcados por confrontos armados.

Dados da Organização das Nações Unidas para Ciência e Cultura, Unesco, mostram que 2023 foi um ano particularmente mortal para jornalistas que trabalham em zonas de conflito, com assassinatos quase dobrando em comparação com os últimos três anos. 

 

Em 2023, 65 jornalistas foram mortos no cumprimento do ofício. Pelo menos 38 deles morreram em países em conflito, em comparação com 28 em 2022, e 20 em 2021.

 

Crise Israel-Palestina


A violência em curso Oriente Médio é responsável por uma grande maioria das mortes relacionadas com conflitos. 

 

Segundo a Unesco, foram relatados até agora 19 assassinatos na Palestina, três no Líbano e dois em Israel desde 7 de outubro. Afeganistão, Camarões, Síria e Ucrânia também registraram pelo menos duas mortes cada.

 

Os últimos três meses deste ano, em particular, já são o trimestre mais mortal para jornalistas em zonas de conflito desde pelo menos 2007, com um total de 27 mortes.

 

Embora haja uma queda de 88 para 65 no número total de mortes de jornalistas, a Unesco chama a atenção para o aumento acentuado de mortos especificamente em zonas de conflito. 

 

A Unesco está promovendo a segurança dos jornalistas através da sensibilização global.
Unsplash/Joppe Spaa


Direito internacional


A diretora-geral da agência, Audrey Azoulay, afirmou que “é precisamente neste tipo de situações que o trabalho dos jornalistas é mais vital”. 

 

Ela prestou homenagem a todos estes profissionais dos meios de comunicação social e reiterou o apelo pela proteção dos jornalistas enquanto civis, tal como estipulado no direito internacional.

 

Os números não incluem mortes de jornalistas e trabalhadores da mídia em circunstâncias não relacionadas à sua profissão, que também foram relatadas em números significativos em 2023. 

 

Ameaças que criam "zonas de silêncio"


Os jornalistas também enfrentam situações graves como danos generalizados e destruição de infraestrutura e escritórios de mídia e muitos outros tipos de ameaças, como ataque físico, detenção, confisco de equipamentos ou negação de acesso a locais de reportagem.

 

Além disso, muitos jornalistas fugiram ou abandonaram a profissão.

 

Esse ambiente hostil contribui para o que a Unesco está chamando de "zonas de silêncio" em torno de muitas zonas de conflito, com graves consequências para o acesso à informação, tanto para as populações locais quanto para o mundo em geral.

 

O levantamento da agência destaca ainda que houve um declínio significativo nos assassinatos fora das zonas de conflito, que atingiram o número mais baixo em anos, especialmente na América Latina e no Caribe, onde 15 assassinatos foram relatados, em comparação com 43 em 2022.

 

Proteção de jornalistas


A Unesco tem um mandato para garantir a liberdade de expressão e a segurança dos jornalistas em todo o mundo, e coordena o Plano de Ação da ONU sobre a Segurança dos Jornalistas e a Questão da Impunidade. 

 

A agência condena e monitora o acompanhamento judicial de cada assassinato de jornalista, além de promover treinamentos e trabalhar com governos para desenvolver políticas e leis de apoio. 

 

A Unesco também documenta e analisa as diferentes formas de ameaças contra jornalistas. Em novembro, a agência publicou um relatório revelando um aumento global da violência contra jornalistas durante períodos eleitorais, com 759 ataques documentados em 70 países entre janeiro de 2019 e junho de 2022, incluindo 5 assassinatos. 

 

A organização expressou especial preocupação com este tema, uma vez que 2,6 bilhões de pessoas irão às urnas em mais de 60 países no ano que vem.

 

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Fonte: ONU News

Imagem: Unsplash/Jana Shnipelson

Edição: Site TV Alepi