Transporte intermodal até Porto de Luís Correia aquecerá economia
O transporte intermodal do Vale do Parnaíba, que consiste no escoamento da produção por hidrovia e ferrovia até o futuro Porto de Luís Correia, vai causar um grande impacto na economia do Piauí quando estiver em atividade. É que o transporte de mercadorias pelo estado vai ter efeito em três aspectos: interligação do estado de norte a sul, inclusão do Piauí no setor logístico brasileiro e investimentos dos municípios que farão parte do modal.
O secretário de Planejamento do Piauí, Washington Bonfim, afirma que o projeto tem uma característica territorial diversificada, pois parte do anel viário da soja – que é o conjunto de rodovias estaduais e federais que compõem o Cerrado Piauiense – e faz ligação pela hidrovia com Teresina e, da capital até Luís Correia, por ferrovia. “Então, essa função estruturante do território, de comunicação do território, fica assegurada”, frisa.
Um segundo aspecto importante é porque o sistema de integração rio-ferrovia-porto coloca o Piauí no mapa do setor logístico brasileiro. “Nós estamos num momento de grande expansão da nossa produção, especialmente no Cerrado, e também em minérios”, destaca o gestor.
Por fim, o terceiro aspecto, de acordo com Bonfim, são os investimentos que acontecerão nos municípios interligados pelo modal. “A ferrovia, a hidrovia e o porto terão uma função de logística, mas nada impede que esse conjunto de investimentos tenha outros efeitos positivos para os municípios na questão de transporte de passageiros e de outras cargas”, explica o secretário.
Edital vai apresentar o melhor modelo de negócios para investimentos
O lançamento do edital para a escolha de empresas que executarão as obras das ferrovias e hidrovias vai acontecer em março de 2024. Ele será apresentado após um amplo estudo, realizado pelo Consórcio Intermodal Piauí, que vai apontar qual o melhor modelo de negócios para o transporte de mercadorias do Piauí.
As empresas EC Consultoria e RSA advogados, integrantes do Consórcio, já constataram a viabilidade do projeto. Na avaliação prévia, já se sabe, por exemplo, que os custos de transporte para os produtores de grãos do Piauí – principal pauta de exportação do estado – cairão cerca de 25%. E a redução será ainda maior para quem for importar.
Hoje, por exemplo, os produtores agrícolas piauienses gastam, em média, R$ 128 por tonelada para escoar os grãos, transportados por rodovia e pelo Porto de Itaqui, no Maranhão, ou pelo Porto de Sergipe. Com o projeto intermodal, os produtos seriam transportados pelo Rio Parnaíba e ferrovias até o Porto de Luís Correia, fazendo o custo cair para R$ 92 por tonelada. Uma redução de cerca de 25%. Somando toda a produção piauiense, que foi de 6,1 milhões de toneladas na safra 21/22, chega-se a uma diminuição dos custos de quase R$ 200 milhões.
“Essa economia vai trazer benefícios para o Piauí, pois esse dinheiro será deslocado para investimentos na produção, o que fará o dinheiro circular dentro do estado, na compra de equipamentos, movimentando o mercado local”, afirma o economista Tiago Buss, sócio da EC Consultoria.
Nos próximos meses, os técnicos do Consórcio se debruçarão sobre os detalhes acerca da viabilidade técnica, econômico-financeira e ambiental (EVTEA), avaliação de cenários de investimentos, projetos básicos e planos de negócios para implantação do sistema porto, hidro e ferroviário do estado do Piauí.
Navegação pelo Rio Parnaíba e armazéns
O estudo dividiu o projeto intermodal em quatro subsistemas: hidrovia entre o Rio Parnaíba e o Rio das Balsas; trechos de malha ferroviária no estado do Piauí, porto marítimo de Luís Correia e terminais fluviais ao longo do Rio Parnaíba e do Rio das Balsas (veja gráficos).
O projeto do edital é bem completo e vai analisar todas as possibilidades de transporte. Entre Guadalupe e Teresina, por exemplo, serão considerados dois tipos de transporte: a hidrovia (pelo Rio Parnaíba), ou a ferrovia. “Os estudos vão justamente decidir qual dos dois é mais viável”, explica Buss.
Alguns trechos, no entanto, já estão certos. A retomada do transporte ferroviário entre Teresina e Luís Correia é uma delas. O trecho já existe, mas atualmente está em desuso e precisa de uma recuperação.
Outro exemplo da abrangência do projeto é o fato dele também apresentar soluções para a armazenagem da produção de grãos. Hoje, os produtores não têm capacidade de guardar estoques e acabam enviando a produção para o Porto de Itaqui. Além disso, os produtores deixam de faturar mais no período entressafra. A proposta do projeto é que haja galpões às margens dos rios.
Porto de Luís Correia
Aliado a todo esse modal, está o Porto de Luís Correia. Com a exportação e importação de mercadorias pelo litoral do Piauí, ao invés da venda por outros estados, taxas e dinheiro circulariam dentro do estado, causando um grande impulsionamento na economia local.
A implantação do sistema, além de beneficiar a produção e instalação de outras indústrias, vai reduzir o descompasso entre oferta e demanda, aumentando assim a competitividade do setor agrícola da região.
Apesar da maior produção do Piauí hoje ser agrícola, o projeto também visa beneficiar a exportação de minérios (em Piripiri), além de importação de líquidos e fertilizantes.
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Fonte: Redação CCom
Imagem: CCom