Só 50% dos países são protegidos por alertas para catástrofes

por Antônio Luiz Moreira Bezerra publicado 18/10/2022 14h05, última modificação 18/10/2022 13h22
Novo estudo do Escritório das Nações Unidas para Redução do Risco de Desastres e da Organização Meteorológica Mundial relata preocupação com prevenção de desastres e perigos climáticos

Um relatório do Escritório das Nações Unidas para Redução do Risco de Desastres, Undrr, e da Organização Meteorológica Mundial, OMM, alerta que metade dos países do mundo não está protegida de vários perigos por sistemas de alerta precoce.

 

Os números são ainda piores para nações em desenvolvimento, na linha de frente das mudanças climáticas. Menos da metade dos Países Menos Desenvolvidos e apenas um terço dos Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento têm um sistema de alerta precoce de múltiplos riscos.

 

Sistemas de alerta para perigos variados e simultâneos


O relatório foi divulgado para marcar o Dia Internacional para a Redução do Risco de Desastres, neste 13 de outubro.

 

O documento apresenta novos dados indicando que países com cobertura limitada de alerta precoce têm mortalidade por desastres oito vezes maior do que aqueles com uma cobertura mais robusta.

 

Segundo o Undrr, sistemas de alerta precoce são um meio comprovado de reduzir os danos às pessoas e aos bens antes de perigos iminentes, incluindo tempestades, tsunamis, secas e ondas de calor.

 

O Escritório da ONU ressalta que muitos sistemas cobrem apenas um tipo de perigo, como inundações ou ciclones. Como as mudanças climáticas causam eventos climáticos mais frequentes, extremos e imprevisíveis, o investimento em sistemas de alerta visam vários perigos sendo mais urgente do que nunca.

 

Além da necessidade de alertar o impacto inicial de desastres, é importante também considerar os seus efeitos. Como por exemplo, deslizamento de terra e surtos de doenças após chuvas fortes.

 

Desastre climático do Paquistão


A representante especial do secretário-geral da ONU para Redução de Risco de Desastres e chefe da Undrr contou que o relatório foi feito enquanto o Paquistão enfrentava o pior desastre climático de sua história.

 

Mami Mizutori afirma que apesar das 1,7 mil vidas perdidas, o número de mortos teria sido muito maior se não fossem os sistemas de alerta.

 

O secretário-geral da OMM ressaltou 500% de aumento no número de desastres impulsionados pelas mudanças climáticas, causadas por seres humanos, e condições climáticas extremas. Para Petteri Taalas, essa tendência deve continuar. Ele disse que a agência está liderando a iniciativa da ONU sobre alerta precoce para todos nos próximos cinco anos.

 

Recomendações aos países


O relatório da Undrr e da OMM fornece recomendações para expandir e fortalecer o alerta precoce e a ação antecipada a todos os grupos vulneráveis.

 

É preciso investir em todos os elementos dos sistemas de alerta precoce, mas particularmente no conhecimento dos riscos para planejar melhor e na capacitação das comunidades em risco para ação prévia.

 

Outra urgência são os dados aprimorados e melhor acesso à tecnologia para monitoramento de perigos mais forte, comunicação mais rápida de alertas e melhor acompanhamento do progresso.

 

Alcance da cobertura global


Esses esforços também apoiariam a realização da Meta G do Quadro Sendai para Redução do Risco de Desastres 2015-2030, um plano global para reduzir os riscos e perdas de desastres globais, que pede aos países que aumentem substancialmente a disponibilidade e o acesso a sistemas de alerta precoce e informações e avaliações de risco de desastres para as pessoas até 2030.

 

Um plano de ação sobre como aumentar a cobertura global também será apresentado pela OMM na COP27, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, que acontece em novembro, em Sharm El-Sheikh, no Egito.

 

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Fonte: ONU News

Imagem: Antoine Tardy/UNDRR

Edição: Site TV Assembleia