Senadora defende na ONU mais tecnologia a pessoas com deficiência
O Sistema Único de Saúde do Brasil, SUS, deve adquirir dois aparelhos conhecidos como exoesqueletos para a terapia de pessoas que não podem andar por causa de uma deficiência. A informação é da senadora do país, Mara Gabrilli, entrevistada desta semana do Podcast ONU News.
Gabrilli contou que um grupo de atletas que apoia utilizará o exoesqueleto nos treinamentos para a próxima Paralimpíada, marcada para 2024, em Paris.
Reabilitação
“Nossos atletas vão treinar com o exoesqueleto. O Comitê Paralímpico brasileiro também está adquirindo um exoesqueleto.”
Nesta entrevista ao Podcast ONU News, a senadora compartilhou sua visão sobre como a tecnologia assistiva pode impulsionar a reabilitação de pessoas com mobilidade reduzida.
O entusiasmo da senadora com a tecnologia é ainda mais significativo devido à sua própria experiência. Após um acidente de trânsito, que a deixou tetraplégica há quase 30 anos, Mara Gabrilli teve a oportunidade de participar da pesquisa com a aparelho, em que experimentou a sensação de caminhar e sentir a força de seu corpo.
“A gente vai começar a desenvolver pesquisa no Brasil. Já compramos duas unidades para o SUS para atender as pessoas com deficiência na reabilitação. Então, é uma experiência mais maravilhosa, poder compartilhar aquilo que eu senti, porque há 28 anos que eu não faço uma caminhada assim. Eu treinei muito para chegar nisso. E é um desafio que a gente vai ter agora na rede pública, que as pessoas vão ter que treinar para poder usar o exoesqueleto, ter um preparo cardiorrespiratório, um preparo muscular, um preparo de marcha.”
Participação na ONU
Mara Gabrilli esteve na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque, para participar da Conferência dos Estados Partes da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, representando o Congresso Nacional.
Ela contou que ficou emocionada com a participação de jovens ativistas que se empenharam para mostrar o quanto são capazes de contribuir na sociedade.
“Agora, eu me emocionei bastante já nessa Cosp, em ver esses autodefensores. Também vi o depoimento de uma moça com síndrome de Down australiana chamada Olívia, que arrancou palmas de todo mundo, aplaudiram em pé. Ela também é uma autodefensora jovem e estava ali para mostrar o quanto as pessoas com uma deficiência intelectual podem contribuir para o mundo, o quanto a gente tem para aprender com eles. Foi bem emocionante.”
Do ativismo a política
Após o acidente, a hoje senadora começou uma jornada de grande atuação na luta pelos direitos das pessoas com deficiência, com a criação de uma ONG, atualmente conhecido como Instituto Mara Gabrilli.
No entanto, ao enfrentar algumas limitações no terceiro setor, ela buscou ampliar sua influência e se candidatou ao seu primeiro cargo público em 2006, quando foi eleita vereadora em São Paulo. Desde então, vem dedicando seus mandatos a pautas de inclusão.
“Hoje, eu tenho um prazer muito grande em ser senadora e poder destinar emendas parlamentares para a pesquisa científica no Brasil. [...] Eles [atletas do Instituto Mara Gabrilli] foram muitos responsáveis por eu ter me candidatado, porque eles chegavam para mim e falavam assim: ‘é muito difícil, a gente não consegue chegar nos treinos, porque não tem ônibus acessível, porque as calçadas são horríveis’ E eu falava: eu não tenho mais como ajudar sendo o presidente de ONG, vou ter que dar um passo maior para resolver essas questões. Eu fui impulsionada pelos atletas.”
Em 2018, Mara Gabrilli foi eleita perita para o Comitê sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência das Nações Unidas. Ela agora busca renovar o mandato que desempenhou de 2019 a 2022.
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Fonte: ONU News
Imagem: Jaciara Aires