Seca no Piauí alcança nível recorde: 81% do estado afetado em 2024

por Antônio Luiz Moreira Bezerra publicado 01/11/2024 17h09, última modificação 01/11/2024 17h09
O ambientalista Dionísio Carvalho participa de entrevista no Alepi TV 1

O monitor de secas do governo federal divulgou que a seca se intensificou no Piauí entre julho e agosto de 2024, afetando 81% do território estadual. Este é o maior índice de seca registrado desde dezembro de 2023, quando 100% do estado estava impactado.

 

Para compreender melhor os fatores naturais e humanos que contribuem para esse cenário alarmante, o ambientalista Dionísio Carvalho, que possui mais de dez anos de experiência na área, participou de entrevista no Jornal Alepi TV 1 desta sexta-feira, 1.

 

“Está ficando mais quente, mais seco, e isso está piorando a cada ano. Estamos localizados no Nordeste brasileiro, no Piauí, uma região que teoricamente é mais quente, mas o que vemos é um agravamento das condições de seca. As queimadas e o desmatamento aumentaram, mesmo com a fiscalização. As pessoas estão sem consciência, tocando fogo e desmatando sem pensar nas consequências”, afirma Dionísio.

 

Ele destaca que, apesar dos esforços para conter as queimadas por meio de decretos que proíbem qualquer tipo de fogo, a prática persiste. “Temos que prender e responsabilizar quem está tocando fogo e desmatando. A legislação precisa ser mais rígida para controlar o aumento da temperatura e a seca.”

 

Dionísio também ressalta a importância do manejo correto da terra e do desenvolvimento sustentável. “Se tivermos tecnologia e investimento, podemos produzir muito mais sem desmatar e deixar a terra infértil. A floresta é essencial para manter a água: sem ela, perdemos as nascentes e a chuva não ocorre como deveria.”

 

O ambientalista alerta que a situação pode se agravar ainda mais até o final do ano devido às mudanças climáticas. Estudos da Universidade Federal de Minas Gerais indicam que o Piauí poderá enfrentar migrações climáticas significativas, com a cidade de Teresina podendo ver um aumento de 20% em sua população devido à migração de pessoas das áreas mais secas.

 

“Isso vai sobrecarregar as grandes cidades, provocando problemas econômicos, ambientais e sociais. Já estamos vendo impactos na saúde pública, com o aumento de problemas cardiovasculares relacionados às altas temperaturas. A economia também sofre, pois a produção diminui, afetando a vida de todos nós”, completa Dionísio.

 

Ele enfatiza a necessidade de ações emergenciais e do engajamento de todos os cidadãos. “Cada um pode fazer a sua parte: cuidar de uma árvore, denunciar desmatamentos e queimadas. Não é apenas responsabilidade dos ambientalistas; todos precisamos agir para enfrentar essa crise.”

 

Dionísio conclui afirmando que o objetivo não é assustar, mas sim alertar para que medidas sejam tomadas imediatamente. “A ciência já está mostrando o que está acontecendo. Precisamos agir agora para evitar que a situação siga para um caminho sem solução.”

 

Com a seca atingindo níveis recordes, a urgência de ações coordenadas entre governo, sociedade e setor privado nunca foi tão evidente. A recuperação de áreas degradadas e a implementação de políticas sustentáveis são essenciais para garantir a sobrevivência e o bem-estar dos piauienses diante das mudanças climáticas.

 

Confira a entrevista na íntegra



Fonte: TV Assembleia

Edição: Site TV Assembleia