Saiba os riscos de utilizar fones de ouvido com volume alto

por Antônio Luiz Moreira Bezerra publicado 17/01/2023 14h15, última modificação 17/01/2023 12h42
Estudos mostram que 1 bilhão de jovens está sob risco de perda auditiva; veja como evitá-la

Pedir para baixar o volume não é apenas picuinha de pais reclamões. Um novo estudo mostra que o som mais baixo pode proteger mais de 1 bilhão de pessoas sob risco de perda auditiva. 


Quando se trata de usar o telefone ou consumir música, filmes e shows, é comum que adolescentes e jovens adultos ouçam o som em nível muito alto e por muito tempo, de acordo com o estudo publicado recentemente na revista “BMJ Global Health”. 


“Estimamos que 0,67 a 1,35 bilhão de indivíduos com 12-34 anos de idade em todo o mundo provavelmente têm práticas auditivas inseguras” e, portanto, estão em risco de perda auditiva, disse a autora do estudo principal, Lauren Dillard. A médica é consultora da Organização Mundial da Saúde e pós-doutoranda na Universidade Médica da Carolina do Sul. 


Segundo ela, a exposição ao som a um volume demasiado alto pode fatigar as células sensoriais e as estruturas do ouvido. Se isso acontecer por muito tempo, elas podem ficar permanentemente danificadas, resultando em perda auditiva, zumbido ou ambos. 


Pesquisadores realizaram uma meta-análise de artigos científicos sobre práticas de escuta inseguras publicados entre 2000 e 2021 em três bancos de dados. 


As práticas inseguras foram rastreadas de acordo com o uso de fones de ouvido, bem como a presença em locais de entretenimento, como salas de show, bares e casas noturnas. Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA limitam os níveis de ruído seguros a cerca de 85 decibéis durante 40 horas por semana. Não é só uma questão de volume, mas também de exposição prolongada. 


Conectados a um smartphone com arquivos de áudio em MP3, os ouvintes geralmente escolhem volumes de até 105 decibéis, e os locais de entretenimento geralmente trabalham na faixa de 104 a 112 decibéis, disse o estudo. 


Felizmente, as políticas públicas, as empresas e os indivíduos podem implementar medidas para incentivar a escuta segura e proteger a audição de danos ao longo do tempo. 


A análise do estudo foi rigorosa, e a evidência é convincente de que a perda auditiva deve ser uma prioridade de saúde pública, segundo De Wet Swanepoel, professor de audiologia da Universidade de Pretória, na África do Sul. Swanepoel não participou do estudo. 


“A música é um presente para ser apreciado durante toda a vida”, pontuou Swanepoel, que também é editor chefe da revista “International Journal of Audiology”. “Precisamos desfrutar da música, mas com segurança”, completou. 


O que fazer com seu dispositivo 


Quer você esteja ouvindo algo em algum dispositivo pessoal ou num show, Dillard explica que o zumbido durante ou logo após a exposição é um forte sinal de que o som está muito alto. 


No entanto, existem formas de evitar os danos antes de notar os efeitos. Alguns dispositivos permitem que as pessoas monitorem seus níveis de volume nas configurações do dispositivo. Outros até alertam o usuário quando o volume está muito alto por muito tempo. 


“Se o seu dispositivo disser que está usando níveis inseguros, diminua o volume e ouça música durante períodos mais curtos”, aconselhou Dillard. 


Os especialistas não conseguem dizer quais fones ou headsets são os mais seguros, mas Dillard recomenda o uso daqueles que reduzem o ruído de fundo, o que pode ajudar a manter o volume a níveis mais baixos, já que não é preciso cancelar o ruído à sua volta. 


Mas a gente nem sempre tem o controle do botão de volume. Se você estiver numa casa noturna ou outro local com som alto, pode proteger sua audição afastando-se dos alto-falantes e fazendo pausas do barulho, se possível. 


Outra atitude que ajuda sempre é usar alguma proteção para as orelhas – como os tampões de espuma vendidos em farmácias. 


“A audição é o sentido que nos liga às pessoas que amamos”, afirmou Swanepoel. “Cuidar da nossa audição é fundamental para manter relações saudáveis e saúde e bem-estar gerais. A prevenção primária em adultos jovens é fundamental para evitar o início precoce e a perda auditiva acelerada relacionada à idade”. 


Veja também as causas e os diferentes níveis de perda auditiva

 

Surdez de cóclea ou do nervo auditivo pode ter origem na exposição a ruídos de alta intensidade

Surdez de cóclea ou do nervo auditivo pode ter origem na exposição a ruídos de alta intensidadeHenry Be/Unsplash


A impossibilidade ou dificuldade de ouvir caracterizam a surdez, que apresenta diferentes níveis e origens.


As principais causas são doenças como viroses e meningites, uso de medicamentos e drogas, exposição a ruídos intensos, além de traumas na cabeça ou tumores. Outros fatores incluem casos de surdez na família, nascimento prematuro ou baixo peso ao nascer, uso de antibióticos, além de infecções congênitas, como sífilis, toxoplasmose e rubéola.

 

No Brasil, os surdos constituem 3,2% da população ou aproximadamente 5,8 milhões de brasileiros, de acordo com o Ministério da Saúde. Para se comunicar, os surdos utilizam uma adaptação à linguística, Libras – Língua Brasileira de Sinais, que foi reconhecida como meio legal de comunicação e expressão, por meio da Lei nº 10.436/2002.

 

“Essas ondas vibracionais que vêm através do ar são direcionadas ao tímpano, que então estimula os ossículos e, de uma forma muito interessante, acaba impressionando a cóclea, onde existem células ciliadas que conseguem transformar essa informação mecânica em elétrica”, explica o médico neurocirurgião Fernando Gomes, professor livre-docente do Hospital das Clínicas de São Paulo.

 

A partir desse momento, o nervo auditivo é responsável por levar a informação até o cérebro, onde o som é percebido pela mente humana. “Se eu tenho um problema até essa região onde o som é conduzido até o aparelho onde é feita essa transdução, essa transformação de energia, eu tenho um tipo de surdez ou problema auditivo relacionado com a condução”, acrescenta.

 

O especialista afirma que a surdez de condução é provocada pelo acúmulo de cera de ouvido, infecções ou pela imobilização de um ou mais ossos do ouvido. “Se tenho problemas que vão comprometer essa entrada do som, que pode ser por exemplo um acúmulo de cera, uma lesão pós-infecciosa, eu tenho uma explicação do por que esse paciente está surdo”, diz.

 

Por outro lado, a surdez de cóclea ou do nervo auditivo pode ter origem em viroses, meningites, uso de medicamentos ou drogas, exposição a ruídos de alta intensidade, além de traumas, problemas congênitos e fatores genéticos.

 

O tratamento varia de acordo com o desenvolvimento da condição em cada paciente. As intervenções podem ser feitas a partir de medicamentos, cirurgias e uso de aparelho auditivo.

 

Ministério da Saúde classifica a surdez em cinco tipos, de acordo com o nível de dificuldade em ouvir:

 

  • Ligeira:
    A palavra é ouvida, contudo certos elementos fonéticos escapam ao indivíduo. Este tipo de surdez não provoca atrasos na aquisição da linguagem, porém há dificuldades em ouvir uma conversa normal
  • Média:
    – a palavra só é ouvida a uma intensidade muito forte
    – dificuldades na aquisição da linguagem
    – perturbação da articulação da palavra e da linguagem
    – dificuldades em falar ao telefone
    – necessidade de leitura labial para a compreensão do que é dito
  • Severa:
    – a palavra em tom normal não é percebida
    – é necessário gritar para ter sensação auditiva
    – perturbações na voz e na fonética da palavra
    – intensa necessidade de leitura labial
  • Profunda:
    – nenhuma sensação auditiva
    – perturbações intensas na fala
    – dificuldades intensas na aquisição da linguagem oral
    – adquire facilmente Língua Gestual
  • Cofose: surdez completa e ausência total do som


 

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Fonte: CNN/Brasil 61

Imagem: Photo by freestocks on Unsplas

Edição: Site TV Assembleia