Ritmos carnavalescos são opções divertidas para exercitar o corpo
Com a chegada do carnaval, axé, samba, frevo, as tradicionais marchinhas e hits feitos especialmente para a época tomam conta. E mais que levantar o astral na hora da festa, esses ritmos têm tudo para entrar como atividade física regular. Um dos motivos? Dançar costuma ser muito divertido!
E de acordo com Kim Mileski, professor de educação física no Instituto Federal de Brasília, no câmpus de Samambaia, o fato de o praticante se divertir resulta numa maior adesão a longo prazo, fator importantíssimo para o sucesso de qualquer programa fitness. "Afinal, a atividade física que funciona é aquela que você faz."
Como se não bastasse o benefício que dá para o aspecto social, humor, bem-estar e qualidade de vida — se fosse só isso, já seria excelente —, evidências científicas comprovam que a dança melhora a aptidão física. A prática impacta os seguintes componentes: capacidade aeróbica, flexibilidade articular, resistência muscular e força. Mas tenha em mente que tudo vai depender do volume e intensidade durante a prática e da própria modalidade escolhida. Cada ritmo é diferente e pode ter movimentos e exigências bem distintas.
Kim explica que um estudo observou uma melhora significativa na pressão arterial em indivíduos hipertensos em diferentes tipos de dança. Resultados positivos também foram encontrados em pacientes diagnosticados com Parkinson, que conseguiram melhorar a mobilidade e o equilíbrio, importantes para quem tem essa condição.
No início do ano e com a proximidade do carnaval, a procura por aulas de samba de gafieira e samba no pé tende a aumentar bastante, segundo o professor. Pode parecer desafiador, mas ele garante que essas e outras modalidades não são, necessariamente, difíceis. Basta praticar bastante e ter paciência.
"E, é claro, existem vários outros estilos, como dança contemporânea, danças urbanas, frevo, maracatu. A verdade é que o mundo da dança é repleto das mais variadas culturas e tem um cardápio completo para todos os gostos. Se eu fosse você, procuraria uma boa academia de dança ainda hoje", aconselha.
"Frevar" faz bem
Pernambucano e irreverente, o frevo é uma dança folclórica que tem o agito e as cores da folia. Felizmente, move bloquinhos Brasil afora. Basta ouvir a melodia para se animar.
E se, para as escolas de samba, o carnaval é o ano todo, para os passistas de frevo, também. Catharina Leocádio, 27 anos, que o diga. Ela é artista, bailarina, professora e coreógrafa. Diz que pensa sobre frevo diariamente. E não é para menos. Faz aulas três vezes na semana e ensaia aos sábados e domingos. No carnaval, intensifica o ritmo das atividades para dar conta das várias apresentações que acontecem no período.
Catharina fez aulas de frevo ainda pequenininha, quando estava na escola. Não por acaso, agora, escolheu estudar o ritmo enquanto movimento cultural para o seu Trabalho de Conclusão de Curso. "É pura pernambucanidade. Quando danço, penso nas minhas referências, minha essência, meu sotaque e no corpo, que tem liberdade e não é silenciado."
Expressão e muita energia. Para Catharina, dançar frevo é um exercício de consciência artística e corporal. E os movimentos e a rotina ajudam a manter a saúde. "O frevo é uma dança de muita intensidade e o pulsar constante do corpo gera alto gasto calórico. Exige também muito dos pés, pernas, quadris, joelhos, braços e abdômen. E trabalha os dois hemisférios cerebrais. É uma mistura de beleza com movimentos, por vezes, atléticos, outros não. É para todos os corpos e idades", completa.
Preparando o corpo
Como em toda atividade física, na dança, é importante fazer um bom aquecimento, que pode ser dividido em duas partes: uma geral e uma específica. No aquecimento geral, são interessantes os exercícios simples, que usam o corpo todo e têm baixa amplitude. Evite fazer movimentos bruscos. Nesse caso, aumenta-se a intensidade gradativamente por 10 a 15 minutos.
Em seguida, o professor de educação física Kim Mileski explica que se deve partir para um aquecimento específico, que envolve movimentos com mais intensidade, de acordo com a prática: "Por exemplo, se você vai praticar um samba de gafieira, é mais importante que seus membros inferiores, coxas e pernas, estejam mais aquecidos, e não os membros superiores, que não têm uma demanda de energia tão grande para esse tipo de dança".
Ao final, deve-se sentir o corpo, de fato, mais quente e os batimentos cardíacos ligeiramente mais acelerados. "O aquecimento completo diminui as chances de lesão muscular e até mesmo de um problema cardíaco", ressalta.
Axé: hits eternizados
A essência do axé é o carnaval. O gênero musical surgiu durante as folias em Salvador, na Bahia, e mistura um pouco de tudo: frevo, reggae, forró e tantos outros afro-latinos. Axé, no candomblé e na umbanda, é "energia positiva". E faz jus ao significado. Na dança, o axé agita o corpo, exige atenção e muita coordenação motora.
Da Bahia para o Brasil e para o mundo, bandas e cantores de axé marcaram a cena musical nos anos 1980 e 1990. E não dá para esquecer desses nomes. O domínio praticamente absoluto do ritmo teve Banda Eva, Chiclete com Banana, Asa de Águia, Jammil e Uma Noites, e algumas dessas, hoje, seguem com formações diferentes das originais, outras decidiram dar uma pausa nos projetos. Ivete Sangalo, Daniela Mercury, Margareth Menezes, Netinho e Claudia Leitte são exemplos que despontaram como artistas solo.