Retrospectiva 2023: Surtos e a importância da prevenção às doenças
Falar sobre os principais surtos de doenças que ocorreram ao longo de 2023 é uma forma de alertar para a necessidade de conscientização da população sobre as medidas preventivas, como a vacinação e a eliminação de pontos de acúmulo de água parada, por exemplo.
Covid-19
No mês de maio de 2023, a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou oficialmente o fim da pandemia de Covid-19 ao anunciar que a emergência sanitária global acabou. No entanto, isso não significa que o vírus foi erradicado, e a importância de se vacinar continua.
A redução da percepção de risco da população em relação ao coronavírus, associada à resistência de algumas pessoas em relação à imunização das crianças são alguns dos fatores que levaram a um novo aumento de casos.
O estado do Ceará, por exemplo, teve um aumento de mais de 5000% no número de diagnósticos de Covid-19 em um mês, de acordo com dados divulgados pelo Laboratório Central de Saúde Pública do Ceará (Lacen-CE). Para se ter uma ideia, na última semana de outubro, cinco casos foram detectados no estado, enquanto a última de novembro registrou um total de 264 diagnósticos.
Esse aumento expressivo, somado à aproximação das festas de final de ano, que trazem festas familiares e eventos com aglomeração de pessoas, levou o Ministério da Saúde a recomendar a antecipação do reforço da vacina bivalente - que abrange duas cepas do vírus - para idosos e pessoas com comorbidade acima de 12 anos que tenham recebido a última dose há mais de seis meses.
Arboviroses (Dengue, Zika e Chikungunya)
Em 2023, o Brasil assistiu ao ressurgimento de casos do sorotipo 3 do vírus da Dengue, que não causava epidemias no país há cerca de 15 anos, causando apreensão às autoridades sanitárias. Além disso, os casos de outros sorotipos da doença aumentaram 15,8% em 2023, totalizando 1,6 milhão de pessoas doentes no ano.
No início de dezembro, o Ministério da Saúde lançou uma Nota Informativa alertando para o aumento dos casos de arboviroses, como a dengue, o zika vírus e a chikungunya, que tiveram um aumento de 21,4% entre as semanas epidemiológicas 1 e 45, quando comparados ao mesmo período do ano anterior.
A situação piora quando levamos em consideração que 2022 já registrou um número recorde de casos. Segundo o texto, o Brasil está diante da possibilidade de enfrentar uma nova epidemia com maiores proporções que aquelas já documentadas na série histórica do país.
É importante lembrar que as arboviroses, ou seja, doenças transmitidas pela picada do mosquito Aedes aegypti, podem ser graves, causando sequelas, levando à morte em casos mais severos e, quando gestantes são acometidas pelo Zika vírus, o feto pode nascer com microcefalia, uma deficiência grave que reduz o tamanho da cabeça e gera inúmeros problemas de saúde.
Escarlatina
A escarlatina é uma doença bacteriana que se desenvolve em algumas pessoas que têm faringite estreptocócica, sendo mais comum em crianças entre 5 e 15 anos. A transmissão ocorre pela bactéria estreptococo beta-hemolítico do grupo A (Streptococcus pyogenes), a mesma causadora da amigdalite, faringite e infecções na pele.
A escarlatina provoca febre alta, dor de garganta e uma irritação que deixa a pele avermelhada, cobrindo a maior parte do corpo. Também pode causar mal-estar, falta de apetite, descamação na pele e caroços avermelhados na língua, além de deixar o entorno da boca esbranquiçado.
Entre janeiro e outubro de 2023, foram registrados 28 surtos da doença só no estado de São Paulo, enquanto que no ano anterior foram registrados apenas três. Ou seja, foram nove vezes mais surtos que em 2022 inteiro.
O aumento no número de surtos notificados é ainda pior quando consideramos que em 2021 houve um único surto, e em 2020 nenhum foi registrado. A escarlatina costuma evoluir de forma benigna, mas pode ser grave, comprometendo o estado de saúde geral da criança, e deixando-a abatida. Neste ano, felizmente, não houve mortes causadas pela doença.
Meningite
As meninges são membranas que revestem o cérebro e medula espinhal dos seres humanos, e a meningite nada mais é do que uma inflamação das meninges. Até o mês de setembro de 2023, o Brasil já havia registrado 8.877 casos e 886 mortes provocadas pela meningite, além de enfrentar um surto no estado de Alagoas.
O maior número de casos (3,678) foi causado pela meningite viral, e a maioria das mortes foram decorrentes da forma bacteriana da doença, a meningite pneumocócica, que chegou a matar ao menos 250 pessoas nesse período.
A forma viral da doença pode ser causada por uma série de vírus, como o do sarampo, herpes-zoster, enterovírus, HIV, citomegalovírus, rotavírus, varíola e rubéola, por exemplo. Entre os sintomas, estão a dor de cabeça, rigidez na nuca, dificuldade para encostar o queixo no peito, febre, mal-estar, irritabilidade, sensibilidade à luz, náuseas, vômitos e perda do apetite.
Na forma bacteriana, causada pelo Streptococcus pneumoniae (pneumococo), a meningite é mais grave e mais letal. Além dos sintomas causados pela meningite viral, a meningite pneumocócica também provoca manchas marrom-arroxeadas pela pele (petéquias).
O estado de Alagoas registrou, de acordo com o Ministério da Saúde, 21 casos da doença meningocócica até setembro deste ano, sendo 14 casos (63,6%) em pacientes abaixo dos cinco anos, com seis mortes de crianças nessa faixa etária, em meio a um surto na cidade de Maceió.
É importante lembrar que existe vacina contra a meningite, e a baixa cobertura vacinal é uma das principais causas para o surgimento de surtos que levam a mortes que poderiam ter sido facilmente evitadas por meio da imunização.
Com Informações IG Saúde
Imagem: OUL