Quase 80% das brasileiras estão dormindo mal, revela pesquisa

por Antônio Luiz Moreira Bezerra publicado 19/05/2022 08h20, última modificação 18/05/2022 19h05
Veja também que noites maldormidas causam alterações de humor, ansiedade e depressão

Como você tem dormido? Para 78% das brasileiras a resposta para esta pergunta não é positiva. É isto que revela uma pesquisa feita pela plataforma digital de bem-estar, proteção financeira e impacto social, Betterfly.

Para fazer o mapeamento, a plataforma entrevistou 2.800 mulheres entre 18 e 45 anos do Brasil, além de Equador, México, Colômbia, Argentina, Peru e Chile.

O resultado encontrado é compatível com outras pesquisas que buscaram saber a qualidade do sono da população. Pesquisa feita pela Novanoite, e divulgada em abril, apontou que oito em cada dez entrevistados classificaram o sono como regular ou ruim. Outro estudo, feito pelo Instituto do Sono, divulgada em 2021, mostrou que 66,8% dos brasileiros têm dificuldade para dormir durante a pandemia. 

Atividades de bem-estar

A pesquisa também procurou saber como as mulheres da América Latina fazem para se sentir bem. 80% delas declarou que ouvem música e 70% acessam conteúdos on-line. No Brasil, quase 50% das mulheres declaram praticar alguma atividade física.

Noites maldormidas causam alterações de humor, ansiedade e depressão

Deitar na cama e não conseguir dormir é uma experiência frustrante e que rende prejuízos no dia seguinte. Noites maldormidas e sem descanso fazem com que a pessoa se sinta sobrecarregada, dificultando as tarefas cotidianas. Além desses prejuízos já conhecidos, a falta de horas dormidas tem impacto a longo prazo na saúde mental. Estudos internacionais recentes indicam problemas, como mudanças no humor e nas interações sociais, além de uma maior vulnerabilidade para o surgimento de complicações, como a ansiedade e a depressão.

Para entender melhor os efeitos da privação de sono, cientistas suecos recorreram ao rastreamento ocular. Eles usaram sensores eletrônicos para avaliar minuciosamente, em tempo real, os olhos de voluntários. "Selecionamos 45 homens e mulheres que passaram uma primeira noite de privação de sono quase constante e uma segunda noite com oito horas de sono (quantidade considerada normal). Nas duas situações, avaliamos seus movimentos oculares na manhã seguinte com a ajuda desse método apurado", detalham os autores do estudo, publicado na revista Nature and Science of Sleep.

Os participantes também precisaram analisar fotos com três tipos de expressões faciais: um rosto com medo, outro zangado e um neutro. As análises indicaram uma menor "dedicação" ao avaliar as feições depois de os voluntários terem dormido pouco na noite anterior. "Quando privados de sono, eles passaram menos tempo se fixando nos rostos. Como as expressões faciais são cruciais para entender o estado emocional de alguém, gastar menos tempo se fixando nelas após uma perda aguda de sono pode aumentar o risco de você interpretar o estado emocional de terceiros de forma imprecisa ou tardia", conclui Lieve van Egmond, professora do Departamento de Ciências Cirúrgicas da Universidade de Uppsala, na Suécia, e principal autora do estudo.

Os pesquisadores também constataram que, quando dormiram mal, os voluntários avaliaram rostos irritados como menos confiáveis e com aparência saudável. Já os neutros e medrosos pareceram menos atraentes. "Essas conclusões nos indicam que a perda de sono está associada a impressões sociais mais negativas dos outros. Isso pode resultar em menos motivação para interagir socialmente", avalia Christian Benedict, professor da instituição de ensino sueca e também autor do estudo.

A equipe adianta que mais pesquisas precisam ser feitas para detalhar os dados obtidos e acredita que o trabalho abre as portas para análises que ajudem a entender alterações comportamentais relacionadas à falta de sono. "Nossos participantes eram adultos jovens. Assim, não sabemos se nossos resultados são generalizáveis para outras faixas etárias", diz van Egmond. "Além disso, não temos como dizer se conclusões semelhantes seriam vistas entre aqueles que sofrem com a perda crônica de sono. Esse é um campo de estudo vasto, que pode ser explorado de inúmeras formas em investigações futuras", indica.

Segundo Dalva Poyares, neurologista e pesquisadora do Instituto do Sono, em São Paulo, os dados obtidos pelo grupo sueco corroboram resultados de investigações anteriores também voltadas para questões comportamentais . "Já vimos que pessoas que dormem mal apresentam falhas na interpretação de emoções de terceiros, falta de decisão e conduta social inapropriada. É o mesmo tipo de comportamento visto em pessoas que sofrem com o transtorno de estresse pós-traumático", diz.

Na avaliação de Poyares, os resultados servem como um alerta para pessoas que têm rotinas de trabalho mais extenuantes e realizam atividades de alta periculosidade. "Essa parcela da população precisa dormir bem. Quem executa, em seu cotidiano, ações complexas, que podem gerar danos graves, precisa ter um sono de qualidade", alerta.

Adolescentes

A privação do sono também pode afetar o humor significativamente, segundo pesquisadores da Central Queensland University, na Austrália. Eles chegaram a essa conclusão após avaliar rotinas noturnas de um grupo de 34 adolescentes. No experimento, os voluntários, com 14 e 15 anos, foram submetidos a três fases de análise. Na primeira, dormiram cinco horas durante cinco noites seguidas. Depois, tiveram 7,5 horas de sono por duas noites. Por fim, dormiram 10 horas também por duas noites.

Após as análises, os pesquisadores constataram que, ao terem apenas cinco horas de sono, os adolescentes declararam estar deprimidos, confusos, ansiosos, com medo e raiva. Já quando dormiram por 10 horas, relataram estar mais felizes. Para os especialistas, os resultados podem ajudar a melhorar a qualidade de vida de indivíduos nessa faixa etária.

"Dada a crescente incidência de transtornos de humor em adolescentes, nossos dados destacam a importância de ter uma quantidade de sono suficiente para mitigar esses riscos", enfatizam os autores do artigo, publicado na revista Sleep. A equipe foi liderada por Stephen A Booth.

Lara Umbelina, psicóloga da Clínica Renoir, em Brasília, explica a importância desse tipo de descanso para a saúde emocional. "O sono é o momento em que nosso corpo gera energia, limpa resíduos cerebrais, produz e regula hormônios que interferem no nosso aprendizado, no humor, na atenção e na disposição", lista. "Pessoas que dormem pouco e sem qualidade ficam com o corpo estressado, e isso favorece respostas agressivas, de rebaixamento de humor e possíveis descontroles emocionais. Além de que a dificuldade em dormir também sugere uma pessoa com dificuldade de relaxar e cheia de preocupações."

A médica recomenda àqueles que sofrem com a falta de sono que procurem a ajuda de um especialista. "A atividade cerebral é dinâmica. Nem sempre percebemos nossos pensamentos ao longo do dia porque estamos com atenção difusa. Mas, quando vamos dormir, temos menos estímulos para lidar. Então, os pensamentos chamam mais atenção. Pensar em coisas boas pode ajudar a relaxar, mas pensar em coisas ruins, antever o futuro, olhar para o passado e se revoltar por coisas antigas são possibilidades que mantêm a pessoa acordada", detalha. "Um psicólogo pode auxiliar a lidar com essas questões e diminuir os estímulos mentais que atrapalham a dormir e tiram nossa energia."

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Fonte: Correio Brasiliense

Imagem: Lucas Pacífico/D. A Press

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