Poluição do ar pode ter causado 6 milhões de partos prematuros em apenas um ano

por Helorrany Rodrigues da Silva publicado 30/09/2021 09h17, última modificação 30/09/2021 09h17

A poluição do ar provavelmente contribuiu para quase 6 milhões de nascimentos prematuros e quase 3 milhões de bebês com baixo peso em 2019, de acordo com um estudo de meta-análise de carga global das universidades da Califórnia em San Francisco e de Washington, ambas nos EUA. A análise, publicada na revista Plos Medicine, é a mais aprofundada de como os poluentes na atmosfera afetam vários indicadores-chave da gravidez, incluindo idade gestacional no nascimento, redução do peso ao nascer, baixo peso ao nascer e nascimento prematuro.

Também é o primeiro estudo global sobre a carga de doenças desses indicadores a incluir as consequências à saúde da poluição do ar interno, principalmente dos fogões, que responderam por dois terços dos efeitos medidos.

Um crescente corpo de evidências aponta para a poluição do ar como uma das principais causas de nascimentos prematuros e baixo peso ao nascer. Essa é a principal causa de mortalidade neonatal em todo o mundo, afetando mais de 15 milhões de crianças todos os anos. Recém-nascidos abaixo do peso ideal ou que nascem antes do previsto também apresentam taxas mais altas de doenças graves ao longo da vida.

Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que mais de 90% da população mundial vive com o ar externo poluído, e metade da população global também está exposta à poluição do ar interno pela queima de carvão, esterco e madeira dentro de casa. "A carga atribuível à poluição do ar é enorme, mas, com esforço suficiente, ela poderia ser amplamente mitigada", disse o autor principal, Rakesh Ghosh, especialista em prevenção e saúde pública do Instituto de Ciências da Saúde Global da UCSF.

Dos EUA à África

A análise foi conduzida por pesquisadores do Instituto para Avaliação e Métricas de Saúde (IHME) da Universidade de Washington. Os pesquisadores quantificaram os riscos do nascimento prematuro e do baixo peso ao nascer com base na exposição total à poluição interna e à externa.

O estudo concluiu que a incidência global dos dois problemas poderia ser reduzida em quase 78% se a poluição do ar fosse minimizada no sudeste da Ásia e na África Subsaariana, onde o ar poluído interno é comum e as taxas de nascimentos prematuros são as mais altas do mundo.

O estudo também encontrou riscos significativos de poluição do ar ambiente em partes mais desenvolvidas do mundo. Nos Estados Unidos, por exemplo, estima-se que a poluição externa tenha contribuído para quase 12 mil nascimentos prematuros em 2019. Anteriormente, a mesma equipe de pesquisa quantificou os efeitos da poluição do ar na mortalidade precoce, concluindo que o problema contribuiu para a morte de 500 mil recém-nascidos em 2019.

"Com essa nova evidência global gerada de forma mais rigorosa, agora, a poluição do ar deve ser considerada o principal fator de morbidade e mortalidade infantil, e não apenas de doenças crônicas em adultos", disse Ghosh. "Nosso estudo sugere que tomar medidas para mitigar as mudanças climáticas e reduzir os níveis de poluição do ar terá um co-benefício significativo para a saúde dos recém-nascidos."

Estratégia global contra a meningite

A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou, ontem, a primeira estratégia mundial contra a meningite, com o objetivo de eliminar até 2030 as epidemias da forma bacteriana da doença, responsáveis pela morte de cerca de 250 mil pessoas a cada ano no mundo. A meningite é uma inflamação perigosa das membranas que circundam o cérebro e a medula espinhal, causada, principalmente, por uma infecção bacteriana ou viral.

"É hora de acabar com a meningite em todo mundo. Para isso, é urgente ampliar o acesso aos instrumentos existentes, em particular as vacinas, realizar novas pesquisas e inovações para prevenir, detectar e tratar as diferentes causas da doença, e melhorar os serviços de reabilitação", afirmou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, em um comunicado.

Com informações Correio Brasiliense
Imagem: Carlos Moura/CB