Políticas sobre 3ª idade no Brasil podem ser replicadas no mundo
A seis anos para o fim da Década de Envelhecimento Saudável, as Nações Unidas apontam haver ainda muito por fazer para atender as necessidades desta faixa etária.
Falando à ONU News, de Washington, a assessora sobre o Envelhecimento Saudável da Organização Pan-Americana da Saúde, Opas, Patrícia Morsch, listou ações do contexto brasileiro que podem contribuir para apoiar a situação global.
Diferentes velocidades
“O caso do Brasil é muito relevante de ser apontado porque o Brasil é um país das Américas que apresenta um envelhecimento populacional que é um dos mais rápidos da região. Atualmente, o país conta com cerca de 14% de pessoas idosas na população total. Mas se espera que, em poucos anos, esse percentual aumente até mais de 20%. No ano de 2030, o Brasil vai ter mais pessoas idosas que jovens com menos de 15 anos. Essa realidade é a de muitos países diferentes embora que em diferentes velocidades.”
Atender cerca de 12,2% da população global, ou mais de 901 milhões de pessoas com mais de 60 anos, é uma questão de desenvolvimento considerada essencial, mas negligenciada no mundo.
Para a ONU, a dimensão e a velocidade da mudança demográfica obrigam a aumentar a atenção dada ao grupo. Uma Rede Global de 1,5 mil centros urbanos adaptados ao idoso em todo o planeta pretende reduzir desequilíbrios no tipo de cuidado.
“Outro ponto importante de ressaltar relacionado ao Brasil é a disparidade das situações das pessoas idosas, e dos quadros de saúde e esperança de vida dentro de cada de cada estado e localidade. Esta é uma realidade para muitos outros países. É muito importante que, numa perspectiva nacional, sejam levadas em conta essas disparidades para que se possa diminuir as faltas de equidade relacionadas às oportunidades que as pessoas têm para alcançar esse envelhecimento saudável, e priorizar ações de acordo com cada necessidade em nível local.”
Cerca de 830 cidades das Américas fazem parte ou estão em processo de adesão à iniciativa global.
Com dezenas de participantes na plataforma, o Brasil tem, segundo a especialista, diversas oportunidades para compartilhar.
Vida melhor
“O Brasil, hoje em dia, é parte da Rede Global de Cidades e Comunidades Amigas das Pessoas Idosas. Tem mais de 30 cidades que fazem parte dessa rede da OMS, que têm o objetivo de melhorar as comunidades para que sejam mais amigáveis e favoráveis ao desenvolvimento de capacidades e comunidades das pessoas idosas. Além disso, o Brasil tem na sua política de saúde a caderneta da pessoa idosa, que traz muitos aspectos importantes relacionados ao cuidado da pessoa idosa de maneira integral. Contando não somente com questões de saúde física, mas outros problemas de que são comuns à pessoa idosa.”
Entre temas prioritários para melhorar a vida do idoso estão transformar estereótipos, promover participação de comunidades e familiares e ainda as ações da sociedade para enfrentar diferentes obstáculos.
Patricia Morsch, que também fisioterapeuta e doutora em gerontologia biomédica, uma área que estuda o envelhecimento, aponta situações simples que podem ser acauteladas.
Monitoramento de residências para apoiar idosos
“As quedas, os problemas de visão e audição. Então, desde uma perspectiva de saúde já existe uma atenção mais voltada às necessidades das pessoas idosas com essa visão de prover um cuidado mais voltado ao desenvolvimento das capacidades individuais. O Brasil também tem um o grupo trabalhando fortemente nas políticas de cuidados de longa duração para tentar estabelecer maiores monitoramento e estratégias das residências, ou instituições de cuidados de longa duração. Então, existem muitas estratégias que são desenvolvidas no Brasil e que podem ser replicadas, entendidas e trabalhadas em outros países para favorecer o envelhecimento saudável”.
Com o envelhecimento da população, o número global de idosos até 2050 deverá chegar a 1,4 bilhão, antes de atingir 2 bilhões em 2050. A maioria estará vivendo em países de baixa e média rendas.
Mesmo sendo parte significativa da população global, a ONU afirma que os idosos geralmente não são reconhecidos pelos programas, pelas políticas e pelos discursos de desenvolvimento em nível internacional.
O resultado é que neste grupo de economias o progresso em termos de capacidades para atender as necessidades de suas populações em envelhecimento atrasa: as taxas de pobreza são alarmantes e o risco de vulnerabilidade maior, principalmente entre as mulheres.
Mulheres idosas
Para abordar estes desafios, a ONU pede urgência na definição de políticas nacionais e um reforço de iniciativas de desenvolvimento nos países.
Estas medidas devem estar na dianteira em economias em desenvolvimento, onde mais de 80% dos idosos não têm acesso a um regime de pensões, e as mulheres mais velhas são as mais propensas a estar entre os mais carenciados.
No caso de países apontados como ambiente frágeis, os idosos correm alto risco de serem desatendidos em situações como deslocamento. A fragilidade do grupo piora para violência, abuso e negligência ode estes sofrem com aspetos da ordem social tradicional e coesão das comunidades agravada apor conflitos ou desastres.
Esta década também é vista como um momento de oportunidades em favor do envelhecimento saudável com a implementação da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável.
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Fonte: ONU NEWS
Imagem: © Unsplash/Danie Franco