PIB cresce acima da média do país em 13 estados; Piauí tem resultado negativo
Doze estados e o Distrito Federal tiveram aumento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2019 acima da média nacional, que foi de 1,2%. O Tocantins apresentou a maior alta (5,2%), enquanto outros quatro estados tiveram resultados negativos: Espírito Santo (-3,8%), Pará (-2,3%), Piauí (-0,6%) e Mato Grosso do Sul (-0,5%). Minas Gerais ficou estável. Os demais nove estados tiveram alta, mas abaixo do índice nacional.
Os dados são das Contas Regionais 2019, publicadas na sexta-feira (12) pelo IBGE, e elaboradas em parceria com os Órgãos Estaduais de Estatística, Secretarias Estaduais de Governo e a Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa).
O Tocantins (5,2%) teve o maior crescimento no PIB no ano, seguido por Mato Grosso (4,1%), Roraima (3,8%), Santa Catarina (3,8%) e Sergipe (3,6%).
"No Tocantins, o crescimento é atrelado à elevação em volume de 278,2% na produção florestal, pesca e aquicultura, principalmente na silvicultura, impulsionada em grande medida pela extração de madeira em tora de eucalipto. Além disso, houve um crescimento do comércio no período", explicou a gerente de Contas Regionais do IBGE, Alessandra Poça, observando que o estado detém 0,5% de participação no PIB nacional.
No Mato Grosso, segundo estado com maior crescimento do PIB em 2019, a agricultura, inclusive a atividade de apoio à agricultura e a pós-colheita, cresceu 12% tornando-se a de maior participação na economia mato-grossense naquele ano, com desempenho amparado nos cultivos de algodão herbáceo e de soja.
"Na análise de desempenho ao longo da série 2002-2019, o Mato Grosso continua se destacando com a maior variação em volume acumulada entre os entes federativos, um crescimento 130,4% no período. O desempenho do estado esteve bastante vinculado à agropecuária, devido ao cultivo de algodão e à pecuária no período", acrescenta Poça.
Quatro estados têm queda no PIB. Minas Gerais fica estável
Outros 14 estados tiveram PIBs abaixo da média nacional (1,2%). As maiores quedas ficaram com Espírito Santo (-3,8%), Pará (-2,3%), Piauí (-0,6%), Mato Grosso do Sul (-0,5%), enquanto Minas Gerais (0,0%) ficou estável.
No Espírito Santo e no Pará, a retração da economia esteve diretamente vinculada às indústrias extrativas, já que em ambos os estados houve redução na extração de minério de ferro. O Piauí apresentou queda, sobretudo, na agricultura, inclusive nas atividades de apoio à agricultura e a pós-colheita, e no comércio e reparação de veículos automotores e motocicletas.
A retração do Mato Grosso do Sul vinculou-se ao decréscimo na cadeia de produção de da celulose, segmento de destaque na economia do estado, somado aos impactos negativos do cultivo de soja e criação de bovinos e suínos.
A estabilidade da economia mineira também refletiu o cenário de retração da extração de minério de ferro, além do impacto da agropecuária, devido à bienalidade negativa do café.
"A produção mineral teve queda de 45,6% em 2019, no estado, ocasionada pelo rompimento da barragem em Brumadinho e pela paralisação temporária na operação de várias minas por motivos de monitoramento e segurança. Isso foi determinante para inflexão do volume desse grupo de atividades, visto que os demais agregados industriais apresentaram expansão no nível de atividade", explica Alessandra Poça.
A participação do PIB de Minas Gerais na economia nacional, portanto, manteve-se em 8,8%, mesmo percentual observado em 2017 e 2018, e o estado continuou a ocupar a terceira posição, atrás apenas de São Paulo e Rio de Janeiro.
São Paulo volta a ganhar participação no PIB nacional
Entre 2018 e 2019, as regiões Norte (0,2 p.p.) e Sul (0,1 p.p.) elevaram suas participações na economia brasileira, enquanto Nordeste (-0,1 p.p.) e Sudeste (-0,1 p.p.) tiveram redução. O Centro-Oeste manteve sua participação.
A participação do Sudeste no PIB nacional continua a maior, mas recuou de 53,1% para 53,0%, dada a desaceleração do desempenho das economias fluminense e capixaba.
Depois de apresentar a maior perda de participação entre as unidades da federação por dois anos consecutivos, São Paulo, maior economia do país, registrou aumento de participação no PIB nacional, saindo de 31,6% em 2018 para 31,8% em 2019. O PIB de São de Paulo cresceu 1,7% e foi estimado em R$ 2,35 trilhões.
"Os maiores acréscimos na economia paulista foram no grupo de atividades de serviços (2,0%), entre elas atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados; comércio e reparação de veículos automotores e motocicletas e atividades profissionais, científicas e técnicas, administrativas e serviços complementares", explica Alessandra Poça.
PIB per capita do Distrito Federal passa dos R$ 90 mil
Em 2019, o Distrito Federal manteve-se com o maior PIB per capita brasileiro, com o valor de R$ 90.742,75, cerca de 2,6 vezes maior que o do país (R$ 35.161,70). No ranking de posição entre as unidades da federação, destaca-se a predominância dos estados do Sudeste, Sul e Centro-Oeste. Entre as unidades da federação, apenas Distrito Federal, São Paulo e Rio de Janeiro mantiveram suas posições ao longo de toda a série.
Agropecuária e Serviços são principais responsáveis pela queda do PIB piauiense
Os setores da Agropecuária e de Serviços foram os principais responsáveis pelo resultado negativo do PIB do Piauí em 2019. A Agropecuária representou 8,0% do total da economia piauiense em 2019 e registrou variação negativa de 4,5%, em relação a 2018, que decorreu, sobretudo, da redução verificada em Agricultura, inclusive apoio à agricultura e a pós-colheita, cuja variação foi de -5,2%. A queda em volume verificada na agricultura deveu-se especificamente à redução na produção de soja, tendo caído de 2.469.650 toneladas de grãos em 2018 para 2.325.951 toneladas em 2019, redução de 143.699 toneladas, uma queda de 5,8%. O resultado negativo da produção de soja deveu-se a condições climáticas desfavoráveis durante o plantio, bem como em razão de fatores externos ao país os quais tiveram repercussão na economia do estado (aumento do preço de insumos agrícolas e redução na participação no mercado internacional). Entre as demais atividades agropecuárias, Pecuária, inclusive apoio à pecuária apresentou crescimento em volume de 0,3%, e Produção florestal, pesca e aquicultura, registrou queda de 7,5%.
O setor de Serviços registrou queda em volume de 0,6%, mas manteve-se como grupo de atividades mais representativo na economia do Piauí, além de ter elevado sua participação, de 77,6%, em 2018, para 79,7%, em 2019, uma elevação de 2,1 pontos percentuais. As atividades que mais contribuíram para o ganho de participação, foram aquelas que já possuíam peso destacado nos Serviços ao longo dos anos anteriores da série: Administração, defesa, educação e saúde públicas e seguridade social; e Comércio e reparação de veículos automotores e motocicletas. Cada uma das atividades teve acréscimo de participação 0,9 ponto percentual no valor adicionado bruto do Piauí, porém ambas registraram queda em volume. Destaca-se, porém, que Artes, cultura, esporte e recreação e outras atividades de serviços, bem como, Atividades imobiliárias e Alojamento e Alimentação foram algumas das atividades de serviços que cresceram em volume em 2019, e compensaram parcialmente as quedas nos serviços de comércio e de administração pública.
O setor da Indústria cresceu 1,9% em razão principalmente do desempenho da atividade Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos e descontaminação, que apresentou variação em volume de 5,3%, graças ao aumento da geração e distribuição de energia elétrica. Em termos de participação, a Indústria atestou pequena redução de participação no valor adicionado bruto do Estado, já que este grupo de atividade representava 12,4% em 2018, e passou a 12,3% em 2019. O comportamento das atividades de Indústrias extrativas e Indústrias de transformação, que perderam, cada uma, 0,1 ponto percentual de participação, explica a redução do valor relativo da Indústria no ano analisado.
Participação das atividades econômicas no valor adicionado bruto
PIAUÍ
2018 - 2019 |
|||
|
|||
Atividades econômicas |
Participação no valor adicionado bruto (%) |
||
|
2018 |
2019 |
|
Total das Atividades |
100,0 |
100,0 |
|
Agropecuária |
9,9 |
8,0 |
|
Indústria |
12,4 |
12,3 |
|
Indústrias extrativas |
0,2 |
0,1 |
|
Indústrias de Transformação |
3,1 |
3,0 |
|
Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos e descontaminação |
3,5 |
3,6 |
|
Construção |
5,5 |
5,5 |
|
Serviços |
77,6 |
79,7 |
|
Comércio e reparação de veículos automotores e motocicletas |
14,2 |
15,1 |
|
Transporte, armazenagem e correio |
2,6 |
2,5 |
|
Alojamento e alimentação |
3,1 |
3,0 |
|
Informação e comunicação |
1,4 |
1,4 |
|
Atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados |
3,4 |
3,7 |
|
Atividades Imobiliárias |
8,4 |
8,6 |
|
Atividades profissionais, científicas e técnicas, administrativas e serviços complementares |
5,7 |
5,6 |
|
Administração, defesa, educação e saúde públicas e seguridade social |
33,3 |
34,2 |
|
Educação e saúde privadas |
3,2 |
3,2 |
|
Outras atividades de serviços |
2,4 |
2,5 |
|
Fonte: IBGE, em parceria com os Órgãos Estaduais de Estatística, Secretarias Estaduais de Governo e Superintendência da Zona Franca de Manaus - SUFRAMA. |
Piauí registra o quinto maior crescimento acumulado do PIB no país de 2002 a 2019
Na série histórica do PIB, no período de 2002 a 2019, o Piauí apresenta o quinto maior crescimento acumulado do PIB no país, da ordem de 88,9%, o que equivale a uma média anual de aumento de 3,8%. Como consequência, a participação relativa do Piauí no PIB do país também se elevou, tendo passado de 0,5% em 2002 para 0,7% em 2019, fazendo com que o estado melhorasse sua posição no ranking, saltando da 23ª posição em 2002 para a 21ª em 2019.
Os estados que superam o Piauí em crescimento acumulado do PIB, no período de 2002 a 2019, são: Mato Grosso (130,4%), Tocantins (125,3%), Roraima (100%) e Rondônia (89,0%). Em 2018, o Piauí ocupava a quarta posição no ranking, tendo sido ultrapassado em 2019 pelo estado de Rondônia.
Piauí registra o maior crescimento do PIB per capita no país no período de 2002 a 2019
Na série histórica de 2002 a 2019, o Piauí foi a unidade da federação que apresentou o maior aumento percentual no PIB per capita no país, da ordem de 561%, tendo passado de R$ 2.440,00 em 2002 para R$ R$ 16.125,00 em 2019. Apesar desse aumento recorde, o Piauí saltou apenas uma colocação no ranking nacional, passando da 27ª para a 26ª posição, superando unicamente o estado do Maranhão, que em 2019 registrou um PIB per capita de R$ 13.757,94. Nesse mesmo período, o Brasil registrou um aumento médio no PIB per capita de 316%.
O maior PIB per capita do país é o do Distrito Federal, com R$ 90.742,75, o equivalente a 2,6 vezes o PIB per capita do Brasil. Na sequência vem São Paulo, com um PIB per capita de R$ 51.140,82, equivalendo a 1,5 vez o PIB per capita do país. O Piauí, com R$ 16.125,00, equivale a 0,5 vez ou 50% do valor do PIB per capita do país, o que representou um aumento em relação a 2002, quando equivalia a 0,3 vez ou 30% do valor do PIB per capita do Brasil.