PIB cresce acima da média do país em 13 estados; Piauí tem resultado negativo

por Antônio Luiz Moreira Bezerra publicado 14/11/2021 13h28, última modificação 14/11/2021 13h28
Agropecuária e Serviços são principais responsáveis pela queda do PIB piauiense

Doze estados e o Distrito Federal tiveram aumento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2019 acima da média nacional, que foi de 1,2%. O Tocantins apresentou a maior alta (5,2%), enquanto outros quatro estados tiveram resultados negativos: Espírito Santo (-3,8%), Pará (-2,3%), Piauí (-0,6%) e Mato Grosso do Sul (-0,5%). Minas Gerais ficou estável. Os demais nove estados tiveram alta, mas abaixo do índice nacional.

Os dados são das Contas Regionais 2019, publicadas na sexta-feira (12) pelo IBGE, e elaboradas em parceria com os Órgãos Estaduais de Estatística, Secretarias Estaduais de Governo e a Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa).

O Tocantins (5,2%) teve o maior crescimento no PIB no ano, seguido por Mato Grosso (4,1%), Roraima (3,8%), Santa Catarina (3,8%) e Sergipe (3,6%).

"No Tocantins, o crescimento é atrelado à elevação em volume de 278,2% na produção florestal, pesca e aquicultura, principalmente na silvicultura, impulsionada em grande medida pela extração de madeira em tora de eucalipto. Além disso, houve um crescimento do comércio no período", explicou a gerente de Contas Regionais do IBGE, Alessandra Poça, observando que o estado detém 0,5% de participação no PIB nacional.

No Mato Grosso, segundo estado com maior crescimento do PIB em 2019, a agricultura, inclusive a atividade de apoio à agricultura e a pós-colheita, cresceu 12% tornando-se a de maior participação na economia mato-grossense naquele ano, com desempenho amparado nos cultivos de algodão herbáceo e de soja.

"Na análise de desempenho ao longo da série 2002-2019, o Mato Grosso continua se destacando com a maior variação em volume acumulada entre os entes federativos, um crescimento 130,4% no período. O desempenho do estado esteve bastante vinculado à agropecuária, devido ao cultivo de algodão e à pecuária no período", acrescenta Poça.

 

Quatro estados têm queda no PIB. Minas Gerais fica estável

Outros 14 estados tiveram PIBs abaixo da média nacional (1,2%). As maiores quedas ficaram com Espírito Santo (-3,8%), Pará (-2,3%), Piauí (-0,6%), Mato Grosso do Sul (-0,5%), enquanto Minas Gerais (0,0%) ficou estável.

No Espírito Santo e no Pará, a retração da economia esteve diretamente vinculada às indústrias extrativas, já que em ambos os estados houve redução na extração de minério de ferro. O Piauí apresentou queda, sobretudo, na agricultura, inclusive nas atividades de apoio à agricultura e a pós-colheita, e no comércio e reparação de veículos automotores e motocicletas.

A retração do Mato Grosso do Sul vinculou-se ao decréscimo na cadeia de produção de da celulose, segmento de destaque na economia do estado, somado aos impactos negativos do cultivo de soja e criação de bovinos e suínos.

A estabilidade da economia mineira também refletiu o cenário de retração da extração de minério de ferro, além do impacto da agropecuária, devido à bienalidade negativa do café.

"A produção mineral teve queda de 45,6% em 2019, no estado, ocasionada pelo rompimento da barragem em Brumadinho e pela paralisação temporária na operação de várias minas por motivos de monitoramento e segurança. Isso foi determinante para inflexão do volume desse grupo de atividades, visto que os demais agregados industriais apresentaram expansão no nível de atividade", explica Alessandra Poça.

A participação do PIB de Minas Gerais na economia nacional, portanto, manteve-se em 8,8%, mesmo percentual observado em 2017 e 2018, e o estado continuou a ocupar a terceira posição, atrás apenas de São Paulo e Rio de Janeiro.

São Paulo volta a ganhar participação no PIB nacional

Entre 2018 e 2019, as regiões Norte (0,2 p.p.) e Sul (0,1 p.p.) elevaram suas participações na economia brasileira, enquanto Nordeste (-0,1 p.p.) e Sudeste (-0,1 p.p.) tiveram redução. O Centro-Oeste manteve sua participação.

A participação do Sudeste no PIB nacional continua a maior, mas recuou de 53,1% para 53,0%, dada a desaceleração do desempenho das economias fluminense e capixaba.

Depois de apresentar a maior perda de participação entre as unidades da federação por dois anos consecutivos, São Paulo, maior economia do país, registrou aumento de participação no PIB nacional, saindo de 31,6% em 2018 para 31,8% em 2019. O PIB de São de Paulo cresceu 1,7% e foi estimado em R$ 2,35 trilhões.  

"Os maiores acréscimos na economia paulista foram no grupo de atividades de serviços (2,0%), entre elas atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados; comércio e reparação de veículos automotores e motocicletas e atividades profissionais, científicas e técnicas, administrativas e serviços complementares", explica Alessandra Poça.

PIB per capita do Distrito Federal passa dos R$ 90 mil

Em 2019, o Distrito Federal manteve-se com o maior PIB per capita brasileiro, com o valor de R$ 90.742,75, cerca de 2,6 vezes maior que o do país (R$ 35.161,70). No ranking de posição entre as unidades da federação, destaca-se a predominância dos estados do Sudeste, Sul e Centro-Oeste. Entre as unidades da federação, apenas Distrito Federal, São Paulo e Rio de Janeiro mantiveram suas posições ao longo de toda a série.

Agropecuária e Serviços são principais responsáveis pela queda do PIB piauiense

Os setores da Agropecuária e de Serviços foram os principais responsáveis pelo resultado negativo do PIB do Piauí em 2019. A Agropecuária representou 8,0% do total da economia piauiense em 2019 e registrou variação negativa de 4,5%, em relação a 2018, que decorreu, sobretudo, da redução verificada em Agricultura, inclusive apoio à agricultura e a pós-colheita, cuja variação foi de -5,2%. A queda em volume verificada na agricultura deveu-se especificamente à redução na produção de soja, tendo caído de 2.469.650 toneladas de grãos em 2018 para 2.325.951 toneladas em 2019, redução de 143.699 toneladas, uma queda de 5,8%. O resultado negativo da produção de soja deveu-se a condições climáticas desfavoráveis durante o plantio, bem como em razão de fatores externos ao país os quais tiveram repercussão na economia do estado (aumento do preço de insumos agrícolas e redução na participação no mercado internacional). Entre as demais atividades agropecuárias, Pecuária, inclusive apoio à pecuária apresentou crescimento em volume de 0,3%, e Produção florestal, pesca e aquicultura, registrou queda de 7,5%.

O setor de Serviços registrou queda em volume de 0,6%, mas manteve-se como grupo de atividades mais representativo na economia do Piauí, além de ter elevado sua participação, de 77,6%, em 2018, para 79,7%, em 2019, uma elevação de 2,1 pontos percentuais. As atividades que mais contribuíram para o ganho de participação, foram aquelas que já possuíam peso destacado nos Serviços ao longo dos anos anteriores da série: Administração, defesa, educação e saúde públicas e seguridade social; e Comércio e reparação de veículos automotores e motocicletas. Cada uma das atividades teve acréscimo de participação 0,9 ponto percentual no valor adicionado bruto do Piauí, porém ambas registraram queda em volume. Destaca-se, porém, que Artes, cultura, esporte e recreação e outras atividades de serviços, bem como, Atividades imobiliárias e Alojamento e Alimentação foram algumas das atividades de serviços que cresceram em volume em 2019, e compensaram parcialmente as quedas nos serviços de comércio e de administração pública.

O setor da Indústria cresceu 1,9% em razão principalmente do desempenho da atividade Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos e descontaminação, que apresentou variação em volume de 5,3%, graças ao aumento da geração e distribuição de energia elétrica. Em termos de participação, a Indústria atestou pequena redução de participação no valor adicionado bruto do Estado, já que este grupo de atividade representava 12,4% em 2018, e passou a 12,3% em 2019. O comportamento das atividades de Indústrias extrativas e Indústrias de transformação, que perderam, cada uma, 0,1 ponto percentual de participação, explica a redução do valor relativo da Indústria no ano analisado. 

 

Participação das atividades econômicas no valor adicionado bruto

 

PIAUÍ

 

 2018 - 2019

 

Atividades econômicas

Participação no valor adicionado bruto (%)

 

2018

2019

Total das Atividades

100,0

100,0

Agropecuária

9,9

8,0

Indústria

12,4

12,3

Indústrias extrativas

0,2

0,1

Indústrias de Transformação

3,1

3,0

Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos e descontaminação

3,5

3,6

Construção

5,5

5,5

Serviços

77,6

79,7

Comércio e reparação de veículos automotores e motocicletas

14,2

15,1

Transporte, armazenagem e correio

2,6

2,5

Alojamento e alimentação

3,1

3,0

Informação e comunicação

1,4

1,4

Atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados

3,4

3,7

Atividades Imobiliárias

8,4

8,6

Atividades profissionais, científicas e técnicas, administrativas e serviços complementares

5,7

5,6

Administração, defesa, educação e saúde públicas e seguridade social

33,3

34,2

Educação e saúde privadas

3,2

3,2

Outras atividades de serviços

2,4

2,5

Fonte: IBGE, em parceria com os Órgãos Estaduais de Estatística, Secretarias Estaduais de Governo e Superintendência da Zona Franca de Manaus - SUFRAMA.

 

 Piauí registra o quinto maior crescimento acumulado do PIB no país de 2002 a 2019


Na série histórica do PIB, no período de 2002 a 2019, o Piauí apresenta o quinto maior crescimento acumulado do PIB no país, da ordem de 88,9%, o que equivale a uma média anual de aumento de 3,8%. Como consequência, a participação relativa do Piauí no PIB do país também se elevou, tendo passado de 0,5% em 2002 para 0,7% em 2019, fazendo com que o estado melhorasse sua posição no ranking, saltando da 23ª posição em 2002 para a 21ª em 2019.


Os estados que superam o Piauí em crescimento acumulado do PIB, no período de 2002 a 2019, são: Mato Grosso (130,4%), Tocantins (125,3%), Roraima (100%) e Rondônia (89,0%). Em 2018, o Piauí ocupava a quarta posição no ranking, tendo sido ultrapassado em 2019 pelo estado de Rondônia.


Piauí registra o maior crescimento do PIB per capita no país no período de 2002 a 2019


Na série histórica de 2002 a 2019, o Piauí foi a unidade da federação que apresentou o maior aumento percentual no PIB per capita no país, da ordem de 561%, tendo passado de R$ 2.440,00 em 2002 para R$ R$ 16.125,00 em 2019. Apesar desse aumento recorde, o Piauí saltou apenas uma colocação no ranking nacional, passando da 27ª para a 26ª posição, superando unicamente o estado do Maranhão, que em 2019 registrou um PIB per capita de R$ 13.757,94. Nesse mesmo período, o Brasil registrou um aumento médio no PIB per capita de 316%.


O maior PIB per capita do país é o do Distrito Federal, com R$ 90.742,75, o equivalente a 2,6 vezes o PIB per capita do Brasil. Na sequência vem São Paulo, com um PIB per capita de R$ 51.140,82, equivalendo a 1,5 vez o PIB per capita do país. O Piauí, com R$ 16.125,00, equivale a 0,5 vez ou 50% do valor do PIB per capita do país, o que representou um aumento em relação a 2002, quando equivalia a 0,3 vez ou 30% do valor do PIB per capita do Brasil.


 


Com informações IBGE
Imagem: Lícia Rubinstein/IBGE