Piauí teve o maior aumento de óbitos dos últimos dez anos, diz IBGE

por Antônio Luiz Moreira Bezerra publicado 19/11/2021 09h26, última modificação 19/11/2021 09h26
O estado também teve o menor número de nascimentos dos últimos dez anos em 2020
Em 2020, quando a pandemia de Covid-19 se propagou pelo mundo, o Piauí teve aumento de 12,5% na quantidade de óbitos em relação ao ano anterior. É o maior crescimento de mortes de habitantes do estado verificado nos últimos dez anos. Os dados são das Estatísticas do Registro Civil 2020, levantamento que é realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e divulgados nessa quinta-feira (18).

De 2010 a 2019, o estado teve crescimento médio anual de 3,2% no número de óbitos. Com a inclusão dos dados de 2020, a média de aumento subiu para 4,2% ao ano. Em comparação às 18.436 mortes de habitantes do Piauí registradas em 2019, mais 2.313 pessoas perderam a vida em 2020, totalizando 20.749 óbitos.

Situação semelhante foi verificada no Brasil, que teve aumento de 14,9% na quantidade de óbitos entre 2019 e 2020. Isso significa que ocorreram 196 mil mortes a mais em 2020, quando comparado ao ano anterior. O aumento médio anual que foi de 1,8% entre 2010 e 2019, subiu para 3,1% com os dados de 2020.

Todos os estados do país tiveram crescimento de óbitos em 2020. O Piauí teve o quinto menor aumento (12,5%), à frente apenas do Paraná (10,6%), Santa Catarina (9,5%), Minas Gerais (7,9%) e Rio Grande do Sul (4%). O Amazonas registrou a maior variação, com crescimento de 32%.



No Piauí, em 2020, cerca de 58,4% dos falecidos eram do sexo masculino e 41,6% do sexo feminino. A maior parcela de óbitos ocorreu entre pessoas com idade de 80 a 84 anos, com 2.567 registros, o que representa 12,3% do total de mortes. O maior pico de mortes do estado ocorreu no mês de julho, com 2.064 ocorrências, o equivalente a 10,3% do total de óbitos.

No Brasil, o perfil dos falecidos é semelhante ao Piauí: 56% eram do sexo masculino e 44% do sexo feminino; o grupo etário com mais óbitos também foi o de 80 a 84 anos, com 169 mil registros, o que equivale a 11,2% do total. Já o mês com maior número de mortes foi maio, com 149 mil ocorrências, o que representa 9,9% do total de óbitos.

As Estatísticas do Registro Civil são divulgadas anualmente pelo IBGE. A pesquisa reúne as quantidades de nascidos vivos, casamentos, óbitos e óbitos fetais informados pelos Cartórios de Registro Civil de Pessoas Naturais, bem como os divórcios declarados pelas Varas de Família, Foros, Varas Cíveis e Tabelionatos de Notas do país.

Crescimento de óbitos em 2020 foi maior entre homens e população idosa

Quando observamos o crescimento de óbitos no Piauí de 2020 em relação ao ano anterior, sob o recorte do grupo etário para o total da população, verificamos que a faixa de zero a 14 anos apresentou redução de 15,2% no número de óbitos, enquanto que a faixa de 15 a 59 anos apresentou uma elevação de 9,8% e a população de 60 anos ou mais de idade teve um crescimento de 15,1%.

Ao observarmos o crescimento de óbitos sob o recorte de gênero, temos que a população masculina no Piauí apresentou uma elevação de óbitos em 2020 da ordem de 15,3%, superior ao observado para a população feminina, que teve elevação de 8,9%.

Ao cruzarmos as variáveis de gênero e grupo etário, percebemos que tanto homens e mulheres apresentaram redução de óbitos para a faixa etária de zero a 14 anos, com diminuição de 19,4% para as mulheres e de 11,7% para os homens. Nas faixas etárias seguintes a população masculina teve predominância no maior número de óbitos. Para o grupo etário de 15 a 59 anos a população masculina apresentou um crescimento de 10,8% de óbitos enquanto a população feminina apresentou crescimento de 7,5%. Já para o grupo etário de 60 anos ou mais de idade, a população masculina teve um incremento de óbitos da ordem de 19,1% enquanto a população feminina teve um incremento de 10,7%.

Variação percentual de óbitos em 2020 por grupo etário e gênero


VARIAÇÃO POR GRUPO ETÁRIO (anos)


0-14

15-59

60+

Total

TOTAL DE ÓBITOS

-15,2%

+9,8%

+15,1%

+12,5%

ÓBITOS MASCULINOS

-11,7%

+10,8%

+19,1%

+15,3%

ÓBITOS FEMININOS

-19,4%

+7,5%

+10,7%

+8,9%

Fonte: IBGE — Estatísticas do Registro Civil



Piauí teve o menor número de nascimentos dos últimos dez anos em 2020

Em 2020, o Piauí registrou a menor quantidade de nascimentos dos últimos dez anos. Entre altos e baixos, a média de nascimentos era positiva até 2019 (crescimento de 0,52% ao ano) e se tornou negativa com a queda ocorrida em 2020 (redução de -0,26% ao ano). É o que apontam as Estatísticas do Registro Civil 2020, levantamento que é realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).


Pouco mais de 43 mil pessoas nasceram no Piauí em 2020, número que é 7,3% inferior aos 46 mil nascimentos registrados em 2019. Em relação ao ano de 2010, quando nasceram 44 mil bebês no estado, a queda foi de 3,2%.

No Brasil, também houve diminuição de 4,7% na quantidade de nascimentos registrados em 2020, quando comparado ao ano anterior. Os valores registrados para o país mostram ainda que, em comparação ao ano de 2010, houve queda de 2,7% em 2020. No entanto, a maior redução dos últimos dez anos ocorreu entre 2015 e 2016, com queda de 5,1%.

Apesar de não ter sido a maior redução verificada no país, os números registrados em 2020 também fizeram a média de nascimentos sair de um número positivo para um negativo. Até 2019, o Brasil registrava aumento médio anual de 0,27%, que caiu para a média de redução anual de -0,23% com os dados de 2020.

Em números absolutos, o país teve 2,67 milhões de nascimentos em 2020. Já no ano anterior, 2019, a quantidade foi de 2,80 milhões. Em 2010, a pesquisa aponta que 2,74 milhões de pessoas nasceram no Brasil.

Piauí tem o menor número de casamentos desde 2013

De 2013 a 2020, a quantidade de casamentos civis reduziu 55,8% no Piauí. A informação é do levantamento Estatísticas do Registro Civil 2020, produzido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Enquanto 13.377 matrimônios foram registrados em 2013, apenas 5.915 ocorreram em 2020.


O estado já vinha em ritmo de queda na quantidade de casamentos desde o início da série histórica, em 2013. Nesse período, só foi registrado aumento em 2015, sofrendo sucessivas reduções nos anos seguintes. Ainda assim, a maior diminuição foi a registrada entre 2019 e 2020, de -37,3%. A redução média anual, que era de -5,5% até 2019, dobrou em 2020, alcançando o valor de -10% ao ano.

No país, também foi registrada a maior queda no número de casamentos em 2020. A redução foi de 26,1% em comparação ao ano de 2019 e de 28% em relação a 2013. Em média, ocorria redução anual de -0,39% na quantidade de matrimônios legalmente registrados do país até 2019. Com os dados de 2020, a média chegou a -4%. Em números absolutos, ocorreram 757 mil casamentos em 2020, diante do registro de mais de 1 milhão em todos os anos anteriores.

A taxa de nupcialidade legal dá uma dimensão do número de registros de casamentos em relação à população em idade de casar, ou seja, de 15 anos ou mais de idade, permitindo a comparação entre os estados. No Brasil, para cada 1.000 habitantes em idade de casar, em média, 4,5 pessoas se uniram por meio do casamento legal em 2020. Esse indicador era de 7,2 pessoas para 1.000 habitantes em 2015.

O Piauí e o Amapá apresentaram a menor taxa de nupcialidade legal do país, com 2,3 pessoas em cada 1.000 habitantes efetivando registro de casamento civil em 2020. A unidade da federação com a maior taxa de nupcialidade legal foi Rondônia, com 7,6 pessoas para cada 1.000 habitantes.


Com informações IBGE
Imagem: Reprodução