Piauí teve em 2021 maior número de óbitos em uma década

por Antônio Luiz Moreira Bezerra publicado 17/02/2023 08h25, última modificação 16/02/2023 21h20
Apesar do aumento de 43,4% nos registros de casamentos civis o Piauí tem a menor taxa de nupcialidade do país

Em 2020, quando a pandemia de COVID-19 se propagou pelo mundo, o Piauí teve aumento de 12,5% na quantidade de óbitos em relação ao ano anterior, tendo registrado 20.749 falecimentos. Em 2021, esse número de mortes continuou a crescer e o Piauí então registrou o maior número de óbitos dos últimos dez anos, 23.084, um percentual de 11,3% de crescimento em relação a 2020 e de 25,2% em relação a 2019 (pré-pandemia). Os números são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados nesta quinta-feira, 16.


Cerca de 57,53% dos falecidos eram do sexo masculino e 42,47% do sexo feminino. Os idosos com 70 anos ou mais de idade concentraram o maior contingente de óbitos do Piauí, em 2021, com um total de 12.006 mortes (52,01%). O menor número de óbitos ficou concentrado na faixa etária de 5 a 14 anos de idade, com um percentual de 0,52%. O pico de mortes do estado foi no mês de abril, com 2.682 ocorrências, o equivalente a 11,61% do total de óbitos registrados no ano.  


Com a continuidade da pandemia, o número de óbitos em 2021 teve aumento superior ao observado em 2020, especialmente no primeiro semestre de 2021 como mostram os dados coletados das Estatísticas do Registro Civil 2021, levantamento que é realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) junto aos cartórios de Registro Civil de pessoas naturais de todo o país.  



No Brasil, entre os anos de 2020 e 2021, foi contabilizado um acréscimo substantivo de óbitos e as variações no número de mortes ficaram em patamares superiores àqueles encontrados entre 2019 e 2020 (14,9%). O aumento de 18,0% em 2021 no volume de óbitos correspondeu a um acréscimo de 272.772 mortes em relação a 2020. 

 

Em 2021, alguns estados das Regiões Norte e Nordeste chamaram atenção no número de mortes por causas não naturais, aquelas que decorrem de lesão provocada por violência (homicídio, suicídio, acidente, ou morte suspeita) qualquer que tenha sido o tempo entre o evento lesivo e a morte propriamente.  


No Piauí, em 2021, ocorreram 1.450 óbitos não naturais de homens, o que representou 6,28% do total de óbitos, e 247 óbitos não naturais de mulheres, representando cerca de 1,07% do total. O Piauí ficou entre os dez estados com maior percentual geral para mortes não naturais, com 7,38%. Em primeiro lugar está o Amapá (11,82%), em segundo a Bahia (9,51%), em terceiro o Tocantins (9,1%), o Piauí (7,38%) ocupa a nona posição. A média de mortes não naturais para o Brasil ficou em 5,56%. 


 

Em 2021, foram registrados em cartórios no Piauí 44.270 nascimentos. Na comparação com o ano de 2020, que obteve a menor quantidade de nascimentos dos últimos dez anos (43.083), observou-se um aumento de 2,75% no número de registros realizados, foram 1.187 crianças a mais. Esse número põe fim a uma tendência de queda dos nascimentos no estado desde 2018, quando registrou-se o nascimento de 47.953 crianças. É o que aponta a pesquisa das Estatísticas do Registro Civil, divulgada anualmente pelo IBGE. A pesquisa reúne as quantidades de nascidos vivos, casamentos, óbitos e óbitos fetais informados pelos Cartórios de Registro Civil de Pessoas Naturais, bem como os divórcios declarados pelas Varas de Família, Foros, Varas Cíveis e Tabelionatos de Notas do país. 


Ao contrário do Piauí, no Brasil houve uma queda de 1,6% no número de registros de nascimentos ocorridos em 2021, no comparativo ao ano anterior. Em números absolutos, 2.630.703 são relativos a crianças nascidas em 2021 e registradas até o primeiro trimestre de 2022. 


Na análise dos registros, segundo a idade da mãe na ocasião do parto, é possível perceber uma gradativa mudança na estrutura dos nascimentos no país. Em 2011, dez anos atrás, mais de 55% dos nascimentos eram registrados por mães na faixa etária dos 20 aos 29 anos e apenas 20,67% por mulheres com idade entre 30 e 39 anos. Em 2021, o percentual de mães jovens entre 20 e 29 anos caiu para menos de 50% do total, enquanto que as mães de 30 a 39 anos tiveram um aumento significativo de quase 10%, chegando a cerca de 30,19% do total. O Distrito Federal, com 41,9%, e São Paulo, com 38,9%, são as Unidades da Federação com os maiores percentuais de nascimentos frutos de mães com idades entre 30 e 39 anos. 


Piauí teve aumento de 52,1% no número de divórcios em 2021 

 

Em 2021, a pesquisa das Estatísticas do Registro Civil do IBGE apurou 2.360 divórcios concedidos no Piauí, o que representa um aumento de 52,1% em relação ao total contabilizado em 2020 (1.551). Considerando a série histórica, o ano de 2020 foi atípico e a queda acentuada no número de divórcios pode estar associada ao período da pandemia de COVID-19, considerando o afastamento social e a paralisação temporária de muitos serviços, inclusive o andamento de processos judiciais. Nos últimos dez anos o maior número de divórcios aconteceu em 2013 e 2016, quando foram deferidos, respectivamente, 2.959 e 2.941 divórcios. 

 

O tempo médio de duração do casamento no Piauí, até a concessão do divórcio, é de cerca de 16,4 anos, o maior do Brasil, só igualado pelo Rio Grande do Sul. A duração média dos casamentos no país é de cerca de 13,6 anos, quase 3 anos a menos que a duração dos casamentos no Piauí. A unidade da federação que registrou a menor duração média dos casamentos no país foi o Acre, com 9,6 anos, quase 7 anos a menos que a duração do casamento no Piauí. 

 

No Piauí, em 2011, a maioria dos divórcios aconteceu nos cinco primeiros anos de casamento, 16,30% das dissoluções. Essa característica foi mantida nos anos seguintes chegando ao percentual máximo dos divórcios em 2016 (20,19%). Em 2021, o maior número de divórcios também ocorreu no período de 1 a 5 anos de casados, concentrando 18,51% das separações. 

 

A idade média dos homens piauienses ao divorciar-se é de 44,9 anos, a terceira mais alta do país, ficando atrás apenas dos homens do Rio Grande do Sul (46,2anos) e do Pará (45,4 anos). No Brasil, a idade média dos homens ao divorciar-se é de 43,6 anos, inferior à idade média dos homens piauienses. Por sua vez, a idade média das mulheres piauienses ao divorciar-se é de 41,7 anos, a terceira maior do país, ficando atrás apenas do Rio Grande do Sul (43,1 anos) e do Pará (41,8 anos). No Brasil, a idade média das mulheres ao divorciar-se é de 40,6 anos, inferior à idade média das piauienses. 

 

Na avaliação dos divórcios concedidos em 1ª instância, por tipo de arranjo familiar, observou-se que a maior proporção das dissoluções ocorreu entre as famílias constituídas somente com filhos menores de idade, atingindo 47,15%, próximo ao indicador de 2020, quando registrou 47,59%. Merece destaque o fato de que a ocorrência de divórcios em arranjos familiares sem filhos seja de 23,51% em 2021 e 21,35% em 2020, percentuais que não chegaram à metade daquelas famílias com filhos menores. 


Apesar do aumento de 43,4% nos registros de casamentos civis, o Piauí tem a menor taxa de nupcialidade do país  


No Piauí, houve 8.518 registros de casamentos civis em 2021, o que representa um aumento de 43,4% em relação ao ano de 2020, quando registrou 5.915 casamentos. O estado acompanhou uma tendência de aumento nos casamentos civis em todo o país. No Brasil houve um crescimento de 23,2%. No tocante às Grandes Regiões o Nordeste foi a região que apresentou o maior acréscimo, 27,8%. 


Dos 8.518 casamentos registrados em 2021, no Piauí, 30 foram matrimônios realizados entre casais homoafetivos, onde apenas 7 (0,08%) foram entre cônjuges do sexo masculino e 23 (0,27%) entre cônjuges apenas do sexo feminino. Observando os registros anuais é possível perceber que 2018 foi o ano com o maior número de casamentos entre pessoas do mesmo sexo, foram 17 uniões entre homens e 28 entre mulheres. 


 

No Piauí, os homens solteiros ao casar-se tinham, em média, cerca de 31 anos, pouco abaixo da média nacional, que é de 31,1 anos. Os homens solteiros do Amapá eram os que tinham a maior idade média ao casar-se, com 34,6 anos, e os do Paraná a menor média, com 29,4 anos. Por sua vez, as mulheres do Piauí ao casar-se tinham, em média, cerca de 28,4 anos, abaixo da média nacional, que era de 28,8 anos. As mulheres solteiras do Amapá eram as que tinham a maior idade média ao casar-se, com 31,8 anos, e as de Rondônia a menor idade média, com 27 anos. 


Desde 2015, o número de casamentos apresentava uma tendência de queda no Brasil, e também no Piauí. Deve-se considerar que o decréscimo de 2020 foi o mais significativo da série no país (26,1%) e no estado (37,3%) quando comparados ao ano anterior, 2019. Esse fato pode ter estreita relação com o cenário da pandemia de COVID-19, devido às medidas sanitárias de distanciamento social, que inviabilizaram a realização de cerimônias e fizeram com que muitos casais adiassem a decisão pelo casamento. Por sua vez, o crescimento dos registros de casamentos civis foi possível em 2021 devido à flexibilização das medidas sanitárias de distanciamento social após o início da vacinação em todo o país. 


Apesar do aumento no número de registros de casamentos civis em 2021, o Piauí foi o estado com a menor taxa de nupcialidade legal em todo o país, com um indicador da ordem de 3,3, inferior à média do Brasil, que foi de 5,5. A taxa de nupcialidade legal fornece uma dimensão do número de registros de casamentos em relação à população em idade de se casar, ou seja, de 15 anos ou mais de idade. No Piauí, para cada 1 000 habitantes em idade de se casar, em média, 3,3 pessoas se uniram por meio do casamento civil em 2021. 


 

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Fonte: IBGE

Imagem: Reprodução

Edição: Site TV Assembleia