Piauí reforça segurança e enviará policiais a Brasília

por Antônio Luiz Moreira Bezerra publicado 09/01/2023 08h30, última modificação 09/01/2023 09h02
Atos de vandalismo aconteceram em Brasília, e governo do Piauí age para prevenir violência de radicais no estado

O governador do Piauí, Rafael Fonteles, reuniu-se, na noite deste domingo (8), em caráter de urgência, com os comandantes das forças de Segurança Pública do Estado para definir ações em relação aos atos terroristas ocorridos em Brasília, no Distrito Federal, com atentados ao Palácio do Planalto, Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal (STF). No encontro, o chefe do Executivo piauiense e o comando da Segurança Pública traçaram um plano de ação a fim de evitar atos semelhantes no Piauí e lançaram apoio às forças nacionais que operam na capital federal.

 

“Além do repúdio a esses ataques terroristas antidemocráticos nunca visto antes na história, nós tomamos medidas concretas. O primeiro é o envio de parte do Batalhão de Choque da Polícia Militar do Piauí para se somar aos homens que já estão disponibilizados para a Força Nacional de Segurança, totalizando mais de 60 homens para auxiliar o governo federal. A segunda medida é o reforço do policiamento aqui no Piauí, principalmente em pontos mais simbólicos para evitar qualquer tentativa de ação semelhante”, adiantou Rafael Fonteles. Ele ressalta que o envio de homens para Brasília não vai diminuir o efetivo do Piauí, já que, segundo o gestor, será aumentada a carga de trabalho de alguns policiais militares.

 

O governador cita ainda o terceiro ponto adotado na reunião. “Nós iremos investigar, inclusive com canal aberto à população por meio das redes sociais, pessoas favoráveis a esses atos e principalmente aqueles que participaram. O Piauí será exemplar na punição daqueles que querem destruir nossa democracia e manchar a imagem do nosso país”, determinou Rafael.


O secretário de Estado da Segurança, Chico Lucas, detalhou como será feito o envio de policiais para auxiliar as forças federais que estão atuando em Brasília. “O ministro da Casa Civil, Rui Costa, que irá mandar ainda nessa madrugada um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para o envio das forças. Enviaremos mais 20 policiais militares do batalhão de choque, além dos policiais que já fazem parte da Força Nacional. Iremos saber ainda se há a necessidade de envio de policiais civis e bombeiros. Caso seja necessário, encaminharemos no mesmo avião da FAB”, detalhou o gestor.


O comandante-geral da Polícia Militar, coronel Scheiwann Lopes, esclarece que no Piauí as forças policiais estão alertas para que qualquer movimento atípico seja coibido o mais breve possível. “Aqui no Piauí, até o momento, está tudo tranquilo com as ocorrências cotidianas. E diante desses atos lamentáveis que aconteceram em Brasília, convocamos o alto comando da PM para que oriente os batalhões a ficarem alertas, sobretudo a inteligência, para que, se algo aconteca fora do normal, brevemente tomemos as decisões mais acertadas para coibir estes tipos de eventos”, finaliza o militar.


Vândalos invadem Congresso, Planalto e STF

 

Apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro inconformados com o resultado das eleições invadiram o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal (STF). A invasão começou após a barreira formada por policiais militares na Esplanada dos Ministério, que estava fechada, ter sido rompida. O Congresso Nacional foi o primeiro a ser invadido, com os manifestantes ocupando a rampa e soltando foguetes. Depois eles quebraram vidro do Salão Negro do Congresso e danificaram o plenário da Casa. 

 

Após a depredação no Congresso, eles invadiram o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal (STF). No STF, quebraram vidros e móveis.

 

As imagens mostram que o efetivo de policiais militares que estava nas proximidades do Congresso Nacional usou sprays de pimenta em uma tentativa sem sucesso de conter os manifestantes que entoavam palavras de ordem golpistas.

 

Via redes sociais, o ministro da Justiça, Flávio Dino, disse que "essa absurda tentativa de impor a vontade pela força não vai prevalecer". Ele acrescentou ter ouvido do governo do Distrito Federal que o efetivo seria reforçado. "As forças de que dispomos estão agindo. Estou na sede do Ministério da Justiça", escreveu o ministro.

 

Ex-ministro da Justiça do governo Bolsonaro e atual secretário de Segurança Pública do Governo do Distrito Federal, Anderson Torres, que se encontra nos Estados Unidos, disse, via Twitter, ter determinado ao setor de operações "providências imediatas para o restabelecimento da ordem no centro de Brasília".

 

O ministro-chefe da Secretaria de Comunicação, Paulo Pimenta, disse nas redes sociais, que tem certeza que a maioria dos brasileiros quer união e paz para que o Brasil siga em frente. “Essa manifestação é de uma minoria golpista que não aceita o resultado da eleição e que prega a violência. Uma minoria violenta, que vai  ser tratada com o rigor da lei”.

 

Presidente do Senado e do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco disse repudiar "veementemente esses atos antidemocráticos", que, segundo ele, deverão "sofrer o rigor da lei com urgência". A Polícia Legislativa também está no local, na tentativa de conter a invasão.

 

"Conversei há pouco, por telefone, com o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, com quem venho mantendo contato permanente. O governador me informou que está concentrando os esforços de todo o aparato policial no sentido de controlar a situação", disse Pacheco.

 

O presidente da Câmara publicou nas redes sociais que o Congresso Social jamais negou "voz a quem queira se manifestar pacificamente". "Mas nunca dará espaço para a baderna, a destruição e vandalismo." Na postagem, Lira diz que os responsáveis que "romoveram e acorbetaram esse ataque à democracia brasileira e aos seus principais símbolos devem ser identificados e punidos na forma da lei".

 

"A democracia pressupõe alternância de poder, divergências de pontos de vista, mas não admite as cenas deprimentes que o Brasil é supreendido nesse momento. Agiremos com rigor para preservar a liberdade, a democracia e o respeito à Constituição", escreveu Lira.

 

Lula decreta intervenção federal na segurança pública do DF

 

O presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva anunciou a publicação neste domingo (8) de um decreto que prevê a intervenção na área de segurança pública do Governo do Distrito Federal (GDF). Segundo o decreto, o prazo da intervenção vai até 31 de janeiro de 2023.

 

“Essa intervenção está limitada à área de segurança pública, com o objetivo de conter o grave comprometimento da ordem pública no DF, marcado pela violência contra prédios públicos”, disse Lula durante viagem que faz a Araraquara (SP).

 

A intervenção será comandada pelo secretário-executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Cappelli, subordinado diretamente à Presidência da República. “O interventor poderá requisitar recursos financeiros, tecnológicos, estruturais necessários a quaisquer órgãos”, acrescentou Lula.

 

Segundo o decreto, leis que não tiverem relação com segurança pública permanecem sob responsabilidade do governo local.

 

Lula decreta intervenção federal na segurança pública do DF
Lula decreta intervenção federal na segurança pública do DF - Divulgação/Ricardo Stuckert

 

Antes de assinar o decreto, o presidente condenou os atos antidemocráticos que tomaram conta da Praça dos Três Poderes e disse ter havido falha de segurança. “Achamos que houve falta de segurança. Queria dizer para vocês que todas as pessoas que fizeram isso serão encontradas e punidas. Eles vão perceber que a democracia garante o direito de liberdade, de livre comunicação e expressão, mas vão exigir que as pessoas respeitem as instituições criadas para fortalecer a democracia”, declarou.

 

O presidente prometeu que todas as pessoas que participaram da depredação serão punidas pela lei e chamou de irresponsáveis os atos antidemocráticos. “É importante lembrar que a esquerda brasileira teve gente torturada, morta, desaparecida. Nunca vocês leram notícias de gente de esquerda invadindo o Congresso, o Supremo Tribunal Federal e o Palácio do Planalto”, disse.

 

“Essa gente tem de ser punida, inclusive vamos descobrir quem são os financiadores desses vândalos que foram a Brasília, e todos eles pagarão com a força da lei pelo gesto de irresponsabilidade, esse gesto antidemocrático e esse gesto de vândalos e de fascistas”, declarou o presidente, que classificou de barbárie a invasão das sedes dos Três Poderes.

 

A Polícia Militar do Distrito Federal informou que todas ações da PMDF têm, por base, orientações que são determinadas pelas autoridades de segurança do Governo do Distrito Federal, e responsabilizou eventuais falhas de planejamento nas ações de proteção à Praça dos Três Poderes à Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal. A secretaria tinha à frente o ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro, Anderson Torres, que foi exonerado há pouco pelo governador Ibaneis Rocha.

 

Interventor federal

 

Pelo Twitter, o Ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, disse que o secretário Ricardo Cappelli já se deslocou para assumir a intervenção na Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal. "E seguimos com as operações cabíveis visando ao restabelecimento da ordem pública", completou o ministro.

 

De acordo com informações do ministério, Cappelli é jornalista, especialista em administração pública pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e atua, há 22 anos na administração pública. Ele já atuou como secretário municipal, secretário estadual e secretário nacional em áreas diversas no estado do Maranhão.

 

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Fonte: CCom/Agência Brasil

Imagem: CCom

Edição: Site TV Assembleia