Piauí lidera desperdício de força de trabalho e enfrenta alta informalidade, aponta IBGE

por Antônio Luiz Moreira Bezerra publicado 28/02/2025 15h54, última modificação 28/02/2025 15h54
O economista Valmir Falcão explica no Jornal Alepi TV 1 as razões para esses dados negativos

Um estudo recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou que o Piauí apresenta a maior força de trabalho desperdiçada do país. Além disso, o estado tem a quarta menor média salarial do Brasil e a segunda maior taxa de informalidade, com 56,6% dos trabalhadores atuando sem carteira assinada.

 

O economista Valmir Falcão, em entrevista ao jornal Alepi TV 1, explicou que a força de trabalho desperdiçada corresponde ao potencial produtivo dos trabalhadores que não é plenamente aproveitado. "São pessoas capacitadas que não possuem uma jornada de trabalho suficiente para explorar sua força de trabalho em sua totalidade", destacou.

 

Baixa industrialização e impacto na economia

 

Segundo Falcão, um dos principais fatores para esse cenário é a baixa industrialização do Piauí. O estado representa apenas 0,6% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional e tem sua economia fortemente concentrada no setor terciário, composto principalmente por serviços. "A nossa indústria é muito pequena para absorver toda a mão de obra qualificada. Muitas pessoas acabam migrando para outros estados em busca de melhores oportunidades", afirmou o economista.

 

Média salarial e desafios do mercado de trabalho

 

O levantamento também mostrou que a média salarial no Piauí é de R$ 2.203, bem abaixo da média nacional de R$ 3.225. O estado só fica à frente do Ceará, Maranhão e Bahia em termos de remuneração. Em contrapartida, o Distrito Federal lidera o ranking dos maiores salários, com média de R$ 4.303.

 

A alta carga tributária sobre os empregadores é apontada como um dos motivos para a grande informalidade no estado. Segundo Falcão, o custo de manter um trabalhador formal é elevado, levando muitas empresas a optarem pela terceirização ou pejotização. "Hoje, contratar um trabalhador formal no Brasil custa até três vezes o valor do salário, devido aos encargos trabalhistas. Por isso, a informalidade cresce", explicou.

 

Possíveis soluções e crescimento econômico

 

Para reverter esse cenário, Falcão defende que o Estado deve investir na atração de indústrias, criando um ambiente econômico favorável para novos empreendimentos. Além disso, sugere a modernização da legislação trabalhista para reduzir encargos sobre os empregadores e incentivar a formalização.

 

Outra alternativa seria a ampliação das políticas de intermediação de mão de obra através do Sistema Nacional de Emprego (SINE), garantindo que mais piauienses ingressem no mercado formal. "A formalização beneficia tanto os trabalhadores, que passam a ter direitos garantidos, quanto o Estado, que melhora sua arrecadação", finalizou Falcão.

 

Confira a entrevista na íntegra


 

Fonte: TV Assembleia