Pessoas com transtorno bipolar têm risco de morte ampliado

por Helorrany Rodrigues da Silva publicado 19/07/2023 13h15, última modificação 19/07/2023 10h42
Ao analisar dados colhidos por, em média, oito anos, cientistas da Finlândia concluíram que indivíduos com transtorno bipolar têm maior risco de morrer por causas externas, como acidentes, e somáticas

Pessoas com transtorno bipolar, caracterizado por fortes oscilações no humor, têm seis vezes mais risco de morrer prematuramente em razão de acidentes, violência e suicídio. É o que aponta uma pesquisa publicada, nesta terça-feira (18/07), na revista BMJ Mental Health. O estudo também afirma que esses pacientes têm o dobro de risco de morrer por causas somáticas e problemas físicos. O álcool aparece como um importante fator ligado a essa maior vulnerabilidade.

 

"Estratégias preventivas direcionadas ao abuso de substâncias provavelmente reduzirão a lacuna de mortalidade tanto por causas externas quanto somáticas. A prevenção do suicídio continua sendo uma prioridade, e uma maior conscientização sobre o risco de overdose e outras intoxicações é justificada", afirmam, em nota, os pesquisadores.

 

Para detalhar relação entre o transtorno e mortes prematuras, os cientistas, liderados por Tapio Paljärvi, do Hospital Niuvanniemi, na Finlândia, utilizaram registros médicos e de seguro social, feitos entre 2014 e 2018, de indivíduos com 15 a 64 anos e diagnóstico de transtorno bipolar.

 

Eles calcularam a relação entre o número de mortes em um determinado período, cerca de oito anos, entre quem tinha a doença e a taxa de mortalidade da população finlandesa em geral. Ao todo, 3.300 dos 47.018 pacientes morreram durante o monitoramento — o equivalente a 7%. A taxa equivale a um risco seis vezes maior de morte por causas externas e um risco duas vezes aumentado de morte por causas somáticas, comparada à amostra geral.

 

Fígado

 

As causas dos falecimentos foram questões somáticas (61% ) e fatores externos (39%). O álcool foi o responsável pela maioria, 29%, dos óbitos do primeiro grupo, seguido por doenças cardíacas e derrame, com 27%. Das mortes relacionadas à substância, quase metade, 48%, se deu devido a problemas no fígado. Entre as mortes por causas externas, a maioria foi por suicídio, chegando a 58%.

 

Segundo o psiquiatra Anibal Okamoto Júnior, que atua em Brasília, a pessoa com o transtorno apresenta mudanças no humor que variam da depressão à mania — quando há euforia, e o indivíduo se sente grandioso. Nesse caso, a pessoa pode ficar impulsiva. "Esses comportamentos precipitados podem levar a situações perigosas. Por exemplo, gastar dinheiro em excesso e se endividar, ter relações sexuais de risco, ficar irritado, brigar sem motivo ou mesmo beber demais e ter problemas de saúde", detalha.

 

O especialista explica que, durante os períodos de variação do humor, ocorrem alterações biológicas, como a desregulação de neurotransmissores, e mudanças na atividade de regiões cerebrais. "Todos esses processos aumentam o nível de estresse e liberação de substâncias inflamatórias, causando envelhecimento precoce, tanto cognitivo quanto físico", complementa. (IA)

 

Com Informações Correio Braziliense

Imagem: Christian Erfurt/Unsplash

Edição: Site TV Assembleia