Pesquisa restaura a função de células de porcos uma hora após a morte

por Helorrany Rodrigues da Silva publicado 04/08/2022 08h00, última modificação 03/08/2022 15h26
Pesquisadores da Universidade de Yale desenvolveram tecnologia que fornece fluido protetor de células especialmente projetado para órgãos e tecidos. O trabalho foi publicado na revista Nature

Pesquisadores da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, desenvolveram uma tecnologia capaz de restaurar a função de células de porcos, mesmo após uma hora da morte dos animais. "Todas as células não morrem imediatamente, há uma série mais prolongada de eventos", disse David Andrijevic , pesquisador associado em neurociência e coautor principal do estudo. O resultado da pesquisa foi publicado nesta quarta-feira (3/8), na revista Nature.

 

De acordo com os autores, a tecnologia consiste em um dispositivo de perfusão parecido com as máquinas que fazem o trabalho do coração e dos pulmões durante uma cirurgia. Na medicina, perfusão é um mecanismo de introdução de líquido nos tecidos por meio da injeção em vasos sanguíneos.

 

Além disso, foi utilizado um fluido experimental constituído de compostos que podem promover a saúde celular e suprimir a inflamação no corpo do porco. Segundo os pesquisadores, as descobertas do estudo podem auxiliar a estender a saúde de órgãos humanos durante uma cirurgia e expandir a disponibilidade de órgãos doados.

 

Para o estudo, foi induzida uma parada cardíaca em corpos anestesiados. Seis horas após o tratamento com a tecnologia apelidada de OrganEx, os cientistas perceberam que algumas funções celulares estavam ativas em muitas áreas do corpo dos animais. Eles também detectaram evidências de atividade elétrica no coração.

 

"Normalmente, quando o coração para de bater, os órgãos começam a inchar, colapsando os vasos sanguíneos e bloqueando a circulação", conta Sestan. "Sob o microscópio, era difícil dizer a diferença entre um órgão saudável e um que havia sido tratado com a tecnologia OrganEx após a morte", acrescenta Vrselja.

 

Cabe destacar que os protocolos experimentais do estudo foram aprovados pelo Comitê Institucional De Cuidados e Uso de Animais de Yale, sendo também orientados por um comitê externo de consultoria e ética. Os pesquisadores ressaltam, ainda, que estudos adicionais são necessários, assim como uma rigorosa revisão ética de outros cientistas e bioeticistas.

 

"Existem inúmeras aplicações potenciais desta nova tecnologia empolgante. No entanto, precisamos manter uma supervisão cuidadosa de todos os estudos futuros, particularmente aqueles que incluem perfusão do cérebro", disse Stephen Latham, diretor do Centro Interdisciplinar de Bioética de Yale.

 

Com Informações Correio Braziliense

Imagem: Plu 7

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