Palavra Aberta - Doença renal crônica: Um desafio que vai além do corpo

por Antônio Luiz Moreira Bezerra publicado 15/01/2025 19h42, última modificação 15/01/2025 19h42
A nefrologista Nayane Nayane Piaulino participou de entrevista no Palavra Aberta e detalhou sobre esse desafio

A Doença Renal Crônica (DRC) afeta cerca de 10% da população mundial e traz impactos profundos tanto no aspecto físico quanto no emocional dos pacientes. Enfrentar tratamentos exaustivos, lidar com o medo do futuro e conviver com a espera por um transplante são desafios que podem abalar até mesmo as mentes mais resilientes. O programa Palavra Aberta, em parceria com a Universidade Federal do Piauí (UFPI), através do programa institucional de bolsas de extensão com o projeto Saúde, Corpo e Mente, abordou esse tema com participação da nefrologista Nayane Piauilino. Entrevistada pelo jornalista Thiago Moraes, ela explica como o diagnóstico precoce e o cuidado integral são essenciais para melhorar a qualidade de vida dessas pessoas.

 

De acordo com a Dra. Nayane, a maioria dos pacientes chega ao consultório com a doença em estágios avançados. Exames simples e acessíveis como a dosagem de creatinina no sangue e o sumário de urina são cruciais para identificar alterações nos rins antes do surgimento dos sintomas. Esses exames estão disponíveis em unidades básicas de saúde e são amplamente contemplados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). “A creatinina é um exame barato e não requer preparo especial, como jejum ou coleta matinal. Combinado ao sumário de urina, permite um diagnóstico precoce e eficiente”, enfatiza a nefrologista.


Os principais perfis de pacientes que chegam ao consultório incluem:


  • Hipertensos e diabéticos: Doenças que, se mal controladas, aumentam a pressão e a força do sangue que chega aos rins, causando danos estruturais.

  • Mulheres jovens: Muitas vezes afetadas por infecções urinárias de repetição.

  • Homens de 30 a 40 anos: Frequentemente acometidos por cálculos renais, que são três vezes mais comuns nos homens do que nas mulheres.


Como a hipertensão e o diabetes afetam os rins


“Usamos o ditado popular ‘Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura’ para explicar como a pressão alta e o diabetes causam lesões”, explica a Dra. Nayane. Enquanto a hipertensão aumenta a pressão do sangue nos rins, o diabetes dilata as artérias, aumentando o fluxo e a pressão na barreira de filtração. Essa sobrecarga causa inflamações e fibrose renal ao longo do tempo.


A hidratação é fundamental para prevenir a formação de cálculos renais. “Imagine um copo com água e açúcar. Quanto mais água, mais diluído o conteúdo”, ilustra a nefrologista. É importante destacar que a ingestão de água é apenas um dos fatores preventivos, uma vez que existem diferentes tipos de pedras com causas variadas.


Emoções e o medo da hemodiálise


A perspectiva de hemodiálise assusta muitos pacientes. Entretanto, Dra. Nayane ressalta que a terapia é essencial para salvar vidas e que nem todos os pacientes com DRC precisarão passar por esse procedimento.

 

A hemodiálise é indicada quando a taxa de filtração dos rins é inferior a 10 ml/min, associada a sintomas como excesso de líquidos no corpo, náuseas e alterações laboratoriais. “Preparar o paciente emocionalmente e orientá-lo sobre a importância do tratamento é fundamental para minimizar o impacto”, afirma.

 

Confira a entrevista na íntegra


 

Fonte: TV Assembleia