Pais devem buscar informações sobre segurança do ambiente escolar

por Antônio Luiz Moreira Bezerra publicado 19/04/2023 07h15, última modificação 18/04/2023 14h32
Psicóloga explica medidas que pais e responsáveis podem tomar para diminuir sentimento de aflição de crianças

A escalada de casos de violência em escolas e creches acendeu um alerta aos pais e responsáveis, que precisam lidar diariamente com a aflição dos estudantes. Neste ano, foram dois ataques resultando em mortes, um em São Paulo, que vitimou uma professora, e outro em Blumenau (SC), que tirou a vida de quatro crianças.

 

Pelo bem da saúde mental das crianças e dos jovens, é importante que os responsáveis busquem estratégias para lidar com o momento. A psicóloga e doutora em saúde Juliene Azevedo enumera algumas ações que podem ser tomadas pelos pais. “Primeiro tentando se informar: como é a segurança dessa escola? Se reunir com outros pais fazer uma lista de, entre aspas, reivindicações, saber o que a escola tem, o que a escola não tem, está sendo passado muito pela Polícia Civil, os telefones. Orientar essas crianças, se acontecer uma coisa ali dentro, como você deve agir, onde ligar, o que pode ser feito”, explicou.

 

Além disso, prestar atenção aos sinais de crianças e jovens também é importante para estabelecer diálogos significativos, que colaborem neste momento. “O que tem angustiado nossos filhos, será que eles têm algum tipo de violência na escola, violências invisíveis, que a gente não quer enxergar, como por exemplo o bullying. 'Meu filho tem amizades na escola? Como ele está se sentindo lá dentro?'”, contextualizou.

 

Responsabilidade dos pais

 

A especialista também falou da importância dos pais assumirem suas responsabilidades no desenvolvimento de crianças e jovens: “A gente deixa muito a cargo da escola toda a questão de educação e emocional dos nossos filhos. E acho que agora é um grande momento de reflexão, porque isso está acontecendo aqui. 'Até que ponto eu, como mãe, tenho que estar conhecendo como meu filho se comporta na escola'”, pontuou.

 

A publicitária Rebeca Catarina mora no Guará, no Distrito Federal, e tem dois filhos, de 6 e 12 anos, estudantes da rede pública. Ela conta como mais velho tem se sentido neste momento. “Como ele tem mais acesso a internet, ele está recebendo muitas mensagens, o tempo inteiro, são muitas notícias. Ele vê o que aconteceu, ele vê o que falam que vai acontecer, já deram datas, deram até locais onde iriam acontecer os ataques, e eles estão ficando muito nervosos, eles estão tendo algumas reações de ansiedade mesmo”, relatou.

 

Essas mensagens ameaçando novos ataques, inclusive, tem circulado entre alunos de diversas cidades, e podem ser punidas pelo Art. 41 da Lei das Contravenções Penais (LCP), pois estão a "provocar alarme, anunciando desastre ou perigo inexistente, ou praticar qualquer ato capaz de produzir pânico ou tumulto”, conforme explica a legislação. O ato pode resultar em prisão ou multa. 

 

Movimentações federais

 

O Ministério da Educação instituiu um grupo de trabalho interministerial de enfrentamento à violência nas escolas, que já se reuniu com técnicos de todas as pastas envolvidas, na última segunda-feira (12). Foi o primeiro encontro de alinhamento para desenvolver a política de segurança e prevenção de combate à violência no ambiente escolar. 

 

Na quinta-feira (13), o ministro da Educação, Camilo Santana, se reuniu com o Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) e com representantes estaduais da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime). O foco do encontro foi discutir políticas integradas de proteção no ambiente escolar. Durante a reunião, os secretários tiveram a oportunidade de apresentar as ações emergenciais implementadas e sugerir novas frentes para prevenir casos de violência escolar. 

 

Ainda neste contexto, o Ministério da Justiça anunciou o fortalecimento da ronda escolar no entorno de escolas públicas, tanto municipais quanto estaduais. 

 

.........................................................

 

Fonte: Brasil 61

Imagem: Gabriel Jeabur/Agência Brasília

Edição: Site TV Assembleia