ONU: Proteger e investir na educação devem ser prioridade

por Antônio Luiz Moreira Bezerra publicado 20/09/2022 08h00, última modificação 19/09/2022 16h03
Secretário-geral das Nações Unidas abriu encerramento da Cúpula de Educação Transformadora

A Cúpula de Educação Transformadora termina nesta segunda-feira (19) com o Dia dos Líderes. Após a mobilização de jovens e professores, organizações não-governamentais e setor privado nos últimos dias, chefes de Estado e governo debaterem sobre compromissos para o futuro do setor.


O secretário-geral da ONU, António Guterres, abriu o evento lembrando de seu passado como professor. Ele destacou que todos no hall da Assembleia Geral sabiam o valor da educação na transformação de vidas, economias e sociedades.


Transformar a educação


 

 

Em seguida, Guterres citou um dado do Unicef: 70% das crianças de 10 anos não são capazes de ler, seja por estarem fora da escola ou por falhas no sistema educacional.

 

Guterres ainda destacou os impactos da pandemia de Covid-19 na aprendizagem em todo o mundo, impedindo mais avanços no Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 4, que busca educação de qualidade para todos.


Para o secretário-geral da ONU, a crise na educação começou há muito tempo e vem se aprofundando.


Ele avaliou que, ainda antes da crise de saúde, muitas instituições de ensino contavam com um currículo desatualizado e insuficiente, com professores mal remunerados e que recebem pouco treinamento além do baixo investimento em digitalização e outras áreas críticas.


Qualidade de ensino para o futuro


Após destacar que precisamos de educação para impedir o crescimento da desinformação, da negação da mudança climática e dos ataques aos direitos humanos, Guterres fez cinco recomendações para os líderes presentes.


Para o líder da ONU, o direto ao ensino de qualidade deve ser protegido para todos, em especial para as meninas. Ele ainda fez um apelo as autoridades afegãs para retirarem as restrições de acesso ao ensino secundário às jovens imediatamente.


Guterres também apontou a importância de valorizar os professores, focando no treinamento e nas condições de trabalho para combater a falta de profissionais.


O secretário-geral ainda ressaltou que as escolas devem ser lugares seguros e saudáveis, livres de violência, estigma e intimidação. Além disso, ele destacou que as inovações digitais devem beneficiar a todos.


Por fim, ele lembrou que as melhorias só serão possíveis com financiamento adequado e pediu que os países dediquem 15% de seus orçamentos assistenciais ao desenvolvimento da educação.


Ele pediu a contribuição dos países a Entidade de Finança Internacional para a Educação. A iniciativa quer financiar países de renda média baixa, onde 700 milhões de crianças estão fora da escola. A expectativa é levantar US$ 10 bilhões para as gerações futuras.


Vozes da juventude


Além do secretário-geral, a plenária também contou com a presença de outros altos representantes da ONU, como a diretora-geral da Unesco, Audrey Azoulay, e a diretora executiva do Unicef, Catherine Russell.


Um segmento dedicado aos jovens teve a presença da vencedora do prêmio Nobel Malala Yousafzai, e da embaixadora do Unicef, Vanessa Nakate.


A ativista afegã Somaya Faruqi, que também era capitã do time de robótica em seu país, falou aos participantes e destacou que, sem educação, as meninas no Afeganistão temem seus futuros e se sentem abandonadas.


Elas falaram logo antes da Declaração da Juventude sobre a Educação Transformadora ser anunciada. O texto apresenta 25 pontos de mudança e compromissos que devem ser feitos para que a transformação do setor atenda as necessidades dos jovens.


Futuro da educação


Nesta sexta-feira, a ONU News conversou com a ativista brasileira Paloma Costa, que esteve em Nova Iorque para a um evento do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente para jovens sobre o clima.


Ela, que também é conselheira do secretário-geral da ONU no Grupo Consultivo de Jovens sobre Mudança Climática, deixou seu recado sobre o futuro da educação.


“Sem educação não tem futuro, não tem participação, não tem caminho. A educação é sim, se a gente puder escolher a principal agenda para tratar, é empoderar as pessoas, para que elas possam entender o tamanho do desafio que a gente está enfrentando, que é o colapso climático, e possam ter voz e possam se empoderar e articular as soluções”


A reunião segue até o final desta segunda-feira e deve ser encerrada pela vice-secretária-geral das Nações Unidas, Amina Mohammed.

 

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Fonte: ONU News

Imagem: © UNICEF/ Zahara Abdul

Edição: Site TV Assembleia