Ondas de calor afetam 559 milhões de crianças em todo o mundo

por Antônio Luiz Moreira Bezerra publicado 27/10/2022 14h00, última modificação 27/10/2022 13h11
Unicef adverte que a alta frequência destes episódios deve expor 2,02 bilhões de crianças ao problema até 2050

Cerca de 559 milhões de crianças em todo o mundo estão expostas a altas frequências de ondas de calor, segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef.

 

A agência alerta que, até 2050, todos os habitantes do planeta nessa faixa etária estarão expostos a ondas de calor mais constantes, duradouras e mais severas.

 

Diferentes cenários


Na preparação da 27ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, COP27, no Egito, a agência lançou a análise com novos dados sobre o impacto até 2050. O estudo revela que todas as 2,02 bilhões de crianças estarão expostas a altas frequências de ondas de calor, independentemente do cenário a ser alcançado.

 

De acordo com o relatório O Ano mais frio do resto de suas vidas: Protegendo as crianças dos impactos crescentes das ondas de calor23% das crianças já estão afetadas pelas ondas de calor em todo o mundo. Mas em cenário de baixa emissão de gases de efeito estufa em 2050, com um aquecimento estimado de 1,7 graus, o total subirá para 1,6 bilhão de crianças.

 

Já em um “cenário de emissão de gases de efeito estufa muito alto”, com um aquecimento estimado de 2,4 graus em 2050, serão 1,9 bilhão de crianças.

 

O Brasil aparece nos exemplos globais de calor deste ano. Na região centro-oeste ocorreram temperaturas extremamente altas por vários dias em agosto. No estado de Mato Grosso, as altas atingiram 41°C, ou cerca de 7°C acima do normal. A situação causou 184 mil focos de incêndios florestais, 75 mil dos quais na Amazônia brasileira.

 

Na Ásia, Índia e Paquistão houve uma onda de calor extremo desde o final de março com temperaturas acima de 40°C. Além de vítimas humanas, ocorrem falhas de energia generalizadas, incêndios e perdas de colheitas.

 

Estados Unidos


No norte da África aumentam os incêndios florestais nos últimos anos devido às temperaturas extremamente elevadas. Um exemplo do efeito humanitário desses eventos ocorre na Argélia. Pelo menos 44 pessoas morreram,  mais de 250 ficaram feridas e 500 famílias foram deslocadas em agosto.

 

Nos Estados Unidos, quase todas as regiões tiveram temperaturas acima da média em 2022. Setembro começou com mais de 61 milhões de pessoas sob alertas, vigilâncias e avisos ativos de calor extremo. No país, as ondas de calor matam mais pessoas do que qualquer outro desastre relacionado ao clima.

 

O Unicef destaca como as ondas de calor afetam mais crianças do que adultos: bebês e crianças pequenas não são capazes de regular sua temperatura corporal como os adultos, ficando em maior perigo quando expostos a altas temperaturas.

 

O potencial de contrair lesões está mais presente nas crianças, por estas passarem mais tempo ao ar livre do que os adultos para brincar, praticar esportes e outras atividades, além dos riscos sociais e educacionais.

 

Casos de alergias


Entre as ameaças para a saúde física estão o aumento de doenças respiratórias crônicas, asma e doenças cardiovasculares, além do desenvolvimento de casos de alergias, diarreia, desnutrição, baixo peso de nascimento, insolação e estresse térmico.

 

Existe ainda um elevado índice de exposição a doenças transmitidas por mosquitos, incluindo a dengue.

 

Para o Unicef, essas descobertas ressaltam que é urgente adaptar os serviços essenciais para as crianças à medida que aumentam os impactos do aquecimento global.  O relatório defende a mitigação contínua, para evitar os efeitos de episódios de ondas de calor mais longas, quentes e temperaturas extremas mais elevadas.

 

A agência da ONU enfatiza a importância de medidas “urgentes e dramáticas” de mitigação de emissões para conter o aquecimento global e proteger vidas.

 

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ONU News

Imagem: © Unsplash/Emerson Peters

Edição: Site TV Assembleia