O que se sabe sobre a nova vacina contra a dengue

por Antônio Luiz Moreira Bezerra publicado 07/03/2023 13h05, última modificação 07/03/2023 12h52
Vacina deve estar disponível no segundo semestre

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou na quinta-feira (02/03) uma nova vacina contra a dengue – a primeira aprovada no país para um público mais amplo. Diferente do imunizante aprovado anteriormente, que só era recomendado para quem já teve a doença, essa pode ser aplicada também em quem nunca teve contato com o vírus da enfermidade.

 

Confira o que se sabe sobre a nova vacina da dengue, Qdenga, da empresa japonesa Takeda Pharma:

 

Com funciona a Qdenga

 

A vacina da Takeda Pharma é composta de versões atenuadas dos quatro diferentes sorotipos do vírus causador da dengue. Nos testes, ela apresentou uma eficácia geral de 80,2% contra a doença após 12 meses da aplicação da segunda dose. Os estudos também indicaram que a Qdenga reduziu as hospitalizações em 90%.

 

"A demonstração da eficácia da vacina Qdenga tem suporte principalmente nos resultados de um estudo de larga escala, estudo de fase 3, randomizado e controlado por placebo, conduzido em países endêmicos para dengue, com o objetivo de avaliar a eficácia, segurança e imunogenicidade da vacina", destacou a Anvisa.

 

Após a aplicação da vacina, o sistema imunológico identifica os sorotipos atenuados como estranhos e começa a produção de anticorpos contra eles. Quando o vacinado é posteriormente exposto ao vírus, o sistema imunológico o reconhece e pode rapidamente produzir mais anticorpos, que neutralizam o agente infeccioso antes que ele possa causar a dengue.

 

Recomendação e aplicação

 

A nova vacina é indicada para a faixa etária de 4 a 60 anos, para quem nunca teve ou já teve dengue. Ela é aplicada num esquema de duas doses, com um intervalo de três meses entre as aplicações.

 

A vacina não é recomendada para grávidas e mulheres que estejam amamentando, e também pessoas que estejam com o sistema imunológico enfraquecido devido a doenças ou medicamentos.

 

Efeitos colaterais

 

Os efeitos colaterais mais associados à nova vacina são dor e vermelhidão no local da aplicação, dor de cabeça e muscular, além de mal-estar geral e fraqueza. Alguns vacinados também tiveram febre.

 

A EMA, no entanto, ressalta que os efeitos colaterais são de gravidade leve a moderada e desaparecem em poucos dias. Eles costumam ocorrer com maior frequência depois da aplicação da primeira dose.

 

Dengue no Brasil 

 

Transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, a dengue causou 1.016 mortes no Brasil em 2022. Mais 1,4 milhão de casos prováveis foram registrados no país no ano passado – um aumento de 162 % no número das infecções em comparação com 2021.

 

O vírus da dengue possui quatro sorotipos diferentes. Os principais sintomas da doença são febre alta, dor no corpo e articulações, dor atrás dos olhos, mal estar, falta de apetite, dor de cabeça e manchas vermelhas no corpo. A forma grave da doença, a dengue hemorrágica, inclui dor abdominal intensa e contínua, vômitos persistentes, acúmulo de líquidos, letargia e sangramento de mucosa.

 

A dengue hemorrágica é mais comum durante uma segunda infecção.

 

O melhor método para prevenção da dengue é reduzir a infestação de mosquitos, não deixando água parada e acumulada, que costuma ser usada pelo Aedes como criadouro. [cn/md (ots)]

 

Vacina deve estar disponível no segundo semestre

 

A vacina contra a dengue deve estar disponível para a população brasileira no segundo semestre deste ano. Essa é a previsão da Associação Brasileira das Clínicas de Vacinas. 

 

Produzida pela empresa Takeda Pharma, a Qdenga é indicada para população entre 4 e 60 anos e aplicada por via subcutânea em esquema de duas doses, com intervalo de três meses entre as aplicações. “Uma vacina que mostrou altíssima eficácia, mais de 80% na prevenção da dengue, 90% na prevenção da dengue grave, aplicada em duas e muito segura”, celebra Renato Kfouri, infectologista vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).

 

O próximo passo, segundo o médico, é a definição da tática mais efetiva para a vacinação da população, uma vez que não há doses disponíveis para todos. “É preciso agora um grande estudo para que nós possamos determinar qual será a melhor estratégia, de melhor impacto em programa público já que não será possível vacinar toda a população. Introduzir a vacina na população de maior risco, naquelas que adoecem com mais gravidade, nas regiões onde a doença afeta com mais intensidade, parece ser a melhor estratégia”, afirma Kfouri.

 

No país, já existia uma vacina contra a doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, mas estava disponível somente para quem já tinha sido infectado com o vírus. O Ministério da Saúde anunciou na sexta-feira (3) que vai pedir à Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) que avalie a vacina Qdenga para inclusão no Programa Nacional de Imunização (PNI).

 

Até a aplicação da vacina, a forma mais eficaz de prevenção é o combate ao mosquito Aedes aegypti. Para isso, há cuidados que podem ser tomados pela população, como verificar se a caixa d’água está bem tampada, colocar areia nos pratos de plantas, recolher e acondicionar o lixo do quintal, limpar as calhar, cobrir bem piscinas e todos os reservatórios de água.

 

Dengue endêmica

 

Ao menos 1.016 pessoas morreram devido à dengue no Brasil em 2022, um número quatro vezes maior do que no ano anterior. Isso equivale a quase três vítimas diariamente no país, segundo dados do Ministério da Saúde. O total é o maior na série histórica dos últimos 10 anos, superando as 985 mortes provocadas pelo vírus em 2015.

 

São Paulo lidera o ranking, com 282 mortos – equivalente a 27,7% do total. Em seguida, Goiás contabiliza 162 vítimas (15,9%). Paraná soma 109 vítimas e Santa Catarina e Rio Grande do Sul, 88 e 66, respectivamente. O montante, porém, pode ser ainda maior que as estatísticas oficiais, já que outros 109 óbitos permanecem em investigação em todo o país.

 

A pasta registrou 1.450.270 casos de dengue no ano passado, o que leva a uma taxa de incidência de 679,9 casos a cada 100 mil habitantes – um salto de 162,5% em relação ao mesmo período de 2021. Brasília e Goiânia despontam como as cidades com maior número de diagnósticos. (Brasil 61)

 

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Fontes: Deutsche Welle e Brasil 61

Imagem: Jim Damaske/Zuma/picture alliance

Edição: Site TV Assembleia