Número de estagiários cresce em 30% no Brasil em 2023

por Helorrany Rodrigues da Silva publicado 10/09/2023 13h00, última modificação 10/09/2023 11h43
Existem 43 mil estagiários no Brasil neste ano, que em comparação com 2022, aumentou em 30%, por causa de fatores socio-econômicos

O número de estagiários aumentou em 30% este ano no Brasil em comparação com 2022, segundo dados do Instituto Euvaldo Lodi (IEL). Ao todo, 43 mil estudantes estagiam em empresas brasileiras, segundo o instituto. Dentre as áreas mais demandadas, estão: administração, direito e ciências contábeis. Já os conhecimentos mais adquiridos nessas experiências são em idiomas, Pacote Office e Photoshop.

 

Para Eduardo Vaz, superintendente do IEL, o crescimento de estagiários revela um cenário importante para o mercado de trabalho. "O estágio é, também, uma oportunidade de orientar futuros profissionais de acordo com as necessidades da indústria, e o nosso objetivo é capacitar e reter talentos no nosso país. Enquanto os estagiários adquirem conhecimento prático e vivenciam o mundo corporativo, a empresa se beneficia com profissionais promissores que podem, eventualmente, se tornar parte integral da equipe", avalia.


Marcelo Manzano, professor do Instituto de Economia da Universidade de Campinas (Unicamp) e pesquisador do Centro de Estudos Sindicais e Economia do Trabalho (Cesit), aponta para um conjunto de fatores positivos e negativos que explicam esse crescimento de estagiários. Ele acredita que "existem algumas hipóteses, como o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), devido aos serviços prestados e a retomada do ciclo econômico".

 

Apesar do cenário animador, Marcelo também afirma que esses dados revelam impasse notável no mercado de trabalho brasileiro. "Por outro lado, as empresas preferem suprir a falta de trabalhadores qualificados pelos estagiários, 'burlando' as condições de trabalho desses", observa.

 

O professor Carlos Alberto Ramos, do Departamento de Economia da Universidade de Brasília (UnB), acredita que o estágio pode ajudar na empregabilidade futura dos jovens, ajudando na transição entre a escola e o mercado de trabalho. No entanto, ele acredita que o aumento no número de estagiários evidencia não só a substituição de mão de obra qualificada, mas também a segmentação entre escola e emprego no Brasil.

 

Além disso, Carlos Alberto afirma que o aprendizado das soft skills, habilidades emocionais no trabalho, ainda é restrito em escolas particulares mais caras do país, sendo o trabalho a melhor maneira adquirir esses conhecimentos. "As habilidades emocionais também são importantes e, no estágio, pode-se analisar esses conhecimentos, já que na universidade não existe ensinamento sobre isso", destaca.


Oportunidade

 

Homem branco de cabelo e barba castanhos com camisa estampada
Nathan afirma que o mercado de trabalho é farto para administração.(foto: Arquivo Pessoal)

 

Nathan Lopes tem 23 anos, cursa administração no Centro de Ensino Universitário de Brasília (UniCeub), e trabalha com atendimento ao cliente no Instituto de Medicina e Psicologia Integradas (IMPI). Ele confirma o fato de que sua profissão tem mais oportunidades de estágio, devido ao fato de ela abranger muitas áreas em diversas empresas e institutos.

 

Quanto à perspectiva futura de emprego, o jovem acredita que este estágio vai ajudá-lo, principalmente por estar relacionado à área que ele se identifica profissionalmente. "Eu gostaria de trabalhar com a área comercial, com cliente. Mais para a frente (a experiência) será importante para mim", afirma.

 

 

Selfie de uma mulher branca com cabelos castanhos.
Luíza está na área que se identica no estágio em psicologia.(foto: Fotos: Arquivo Pessoal)

 

 

Luíza Saad tem 21 anos e é graduanda em psicologia pela UnB. Ela estagia também no IMPI, onde é responsável pela avaliação neuropsicológica. Segundo a estudante, são poucas as oportunidades de estágio para os graduandos de psicologia. "Na UnB, por exemplo, tem muita pesquisa; psicologia escolar e organizacional têm vagas; na psicologia clínica tem menos e é mais difícil. No meu trabalho, as vagas têm muita concorrência", descreve.

 

Esse é o primeiro estágio de Luiza na área que se identifica, que é a psicologia clínica. Antes, a estudante estagiou nas áreas de psicologia escolar e organizacional, que são as que mais disponibilizam vagas. "Com certeza o estágio está mostrando o dia a dia na clínica, com contato com o paciente. É uma prática, o que ser muito útil", detalha a estudante.

 

Para quem busca uma colocação profissional futura, ela dá a dica: "Hoje tem empresas que contratam mais psicólogos, mas é a pessoa que tem de correr atrás de outras áreas que quer se especializar, então, deve-se participar de congressos, realizar cursos e conseguir contatos de pesquisadores e outros profissionais que possam ajudá-la a conseguir trabalho".

 

 

 

 

 

Com Informações: Correio Brasiliense

Imagem: Correio Brasiliense

Edição: Site TV Assembleia