Novas regras de financiamento impactam mercado imobiliário no Brasil
A partir do dia 1º de novembro, o financiamento imobiliário no Brasil sofrerá mudanças importantes para quem utiliza recursos de poupança, especialmente na modalidade SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo). Em entrevista ao Bom Dia Assembleia desta terça-feira, 29, Pedro Nogueira Lima, que é presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Piauí (CRECI-PI), disse que as novas regras vão impactar principalmente aqueles consumidores que não têm o montante necessário para a entrada inicial.
As novas exigências determinam que, para a modalidade Price ou SAC (de amortização), o comprador deverá apresentar 30% do valor do imóvel como entrada, contra os 20% atuais, na modalidade SAC. Para financiamentos com a modalidade Price, em que as parcelas são fixas, ocorrerá uma entrada de 50%. Além disso, quem já possui financiamento ativo pela Caixa ou seu patrocínio não poderá financiar um novo imóvel.
Outro ponto destacado por Pedro Nogueira é o teto de R$ 1,5 milhão para o valor financiável dos imóveis. Até o momento, não havia uma limitação fixa para o valor máximo do imóvel, mas com as novas normas, o crédito será restrito a essa faixa, o que, segundo Pedro, pode tornar mais difícil a aquisição de imóveis de maior valor por consumidores com renda média e alta, já que a Caixa representa uma das principais fontes de financiamento imobiliário.
Essas alterações se justificam pelo cenário de redução do saldo na poupança, um recurso fundamental para os financiamentos pela Caixa. Desde o início do ano, a instituição anunciou registos de crédito disponíveis para financiamento habitacional. No entanto, a partir do segundo semestre, observou-se uma desaceleração nos depósitos, com um volume de saques superior ao de novos depósitos, o que levou a Caixa a adotar essas mudanças.
Impactos no mercado imobiliário e na construção civil
De acordo com Pedro Nogueira, para o mercado imobiliário e a construção civil, essas mudanças geram preocupação quanto à desaceleração do setor. "A construção civil é uma das principais geradoras de emprego e movimentações diversas cadeias produtivas. Com as novas regras, prevê-se uma diminuição do número de negócios e uma possível retração no mercado. A redução de financiamentos pode impactar também o número de lançamentos e a geração de empregos no setor."
No entanto, segundo Pedro, existe uma expectativa de que essas restrições sejam temporárias e que as condições voltem ao normal no início do próximo ano.
Dicas para o consumidor e opções alternativas
Pedro Nogueira revela que, para os consumidores, a recomendação é o planejamento financeiro. Quem não tem a quantidade necessária para a entrada inicial deve buscar acumular recursos e avaliar a opção de consórcio imobiliário, uma modalidade que tem se mostrado uma alternativa viável para a aquisição de imóveis.
Além disso, outras instituições financeiras, inclusive bancos digitais, estão se posicionando no mercado de crédito imobiliário, oferecendo concorrência direta à Caixa. Outra opção que tem crescido é a aquisição direta junto às construtoras e incorporadas, que facilitam o pagamento por meio de planos.
Pedro enfatiza a importância de o consumidor buscar orientação com corretores de imóveis e correspondentes bancários, que estão preparados para identificar alternativas de financiamento que melhor atendam às novas necessidades do mercado, garantindo a realização do sonho da casa própria de forma planejada.
Veja a entrevista na íntegra
Fonte: TV Assembleia - Imagem: Tomaz Silva/Agência Brasil