No Piauí, população de cor ou raça preta duplica em 3 décadas

por Antônio Luiz Moreira Bezerra publicado 22/12/2023 14h20, última modificação 22/12/2023 12h51
População parda predomina em 98% dos municípios piauienses.
Em 1991, a população do estado do Piauí era de 2.582.075 pessoas e em 2022 atingiu 3.271.199 pessoas, um crescimento de 26,68% no período. Ao analisarmos a população piauiense sob a ótica da cor ou raça da população, temos que em 1991 a população de cor ou raça preta apresentava uma participação de 5,6% em relação ao total da população no estado do Piauí, tendo crescido para 12,25% em 2022, uma elevação na participação de cerca 118,75% em 3 décadas. Em termos quantitativos, a população preta apresentava um contingente de 144.593 pessoas em 1991, tendo passado para 400.662 pessoas em 2022, crescimento de 256.069 pessoas naquele mesmo período. O Brasil também apresentou crescimento da participação da população de cor ou raça preta no total da população, tendo passado de 5% em 1991 para 10,17% em 2022, uma elevação de cerca de 103,4%, pouco inferior à registrada pelo Piauí. São informações de Identificação étnico-racial da população brasileira, obtidas através do Censo Demográfico 2022, de acordo com autodeclaração das próprias pessoas entrevistadas.

A população de cor ou raça branca em 1991 representava 21,85% da população total do Piauí, tendo passado a 22,63% em 2022, um crescimento de 3,56% na participação naquele período. Merece destaque que a população branca já registrou participação maior que a de 2022, tendo chegado a registrar uma participação de 26,47% em 2000 e de 24,35% em 2010. Em termos quantitativos, a população branca era de 564.220 pessoas em 1991 e passou para 740.322 pessoas em 2022, crescimento de 176.102 pessoas no período. No Brasil, a população de cor ou raça branca representava 51,56% do total da população em 1991, tendo passado para 43,46% em 2022, uma redução na sua participação da ordem de 15,71%.

A população de cor ou raça parda em 1991 representava 72,38% da população do Piauí, tendo reduzido sua participação no total da população para 64,83% em 2022, queda de 10,43% no período. Em termos quantitativos, em 1991 havia 1.868.869 pessoas, tendo passado para 2.120.880 pessoas em 2022, um crescimento de 252.011 pessoas em 3 décadas. No Brasil, a população de cor ou raça parda representava 42,45% do total da população em 1991 e passou a representar cerca de 45,34% em 2022, crescimento de 6,81% no período.

A população indígena em 1991 representava cerca de 0,01% do total da população do Piauí, tendo crescido sua participação para 0,22% da população em 2022, aumento de 2.100% no período. Em termos quantitativos, a população indígena passou de 316 pessoas em 1991 para um total de 7.202 pessoas em 2022, um aumento de 6.886 pessoas. Contudo, cabe uma observação em relação a essa população considerada indígena em 2022, pois nas entrevistas do Censo Demográfico 6.198 pessoas (0,19%) autodeclararam-se efetivamente como de cor ou raça indígena e 1.004 pessoas (0,03%) que residiam em áreas indígenas, apesar de terem declarado outra cor ou raça, afirmaram “considerar-se indígena”, razão pela qual foram incluídas no total daquela população, perfazendo um total de 7.202 pessoas (0,22%). No Brasil, a população indígena representava cerca de 0,2% do total da população do país em 1991 e passou a 0,8% em 2022.

A população de cor ou raça amarela, aqui entendida como aquela de origem oriental (chinesa, japonesa, coreana etc), representava cerca de 0,03% do total da população do estado do Piauí em 1991, tendo passado para 0,09% em 2022, crescimento de 200% no período. Em termos quantitativos, em 1991 havia no Piauí 780 pessoas de cor ou raça amarela, tendo passado para 3.078 pessoas em 2022, incremento de 2.298 pessoas. No Brasil, a participação da população de cor ou raça amarela era de 0,43% em 1991, tendo passado para 0,42% em 2022, redução de 0,01% no período.

No Brasil, as unidades da federação com maior participação da população por cor ou raça foram: cor ou raça branca, o Rio Grande do Sul, com 78,4%; cor ou raça preta, a Bahia, com 22,4%; cor ou raça amarela, São Paulo, com 1,2%; cor ou raça parda, o Pará, com 69,9%; e cor ou raça índígena, Roraima, com 14,1%.


População parda predomina em 98% dos municípios piauienses

Em 2022, a população de cor ou raça parda foi a predominante em 219 municípios do estado do Piauí, representando cerca de 98%, enquanto a população de cor ou raça branca foi a predominante em 5 municípios do estado, o equivalente a 2% do total. No ano de 2000, a população de cor ou raça parda tinha uma participação menor de predominância nos municípios do Piauí, sendo maioria em 213 deles (95%), enquanto a população de cor ou raça branca tinha predominância em 10 municípios (4,46%), e a cor ou raça preta era a predominante em um único município (0,54%). São informações de Identificação étnico-racial da população brasileira, obtidas através do Censo Demográfico 2022, de acordo com autodeclaração das próprias pessoas entrevistadas.

Em 2022, os municípios do Piauí com maior participação da população de cor ou raça parda foram: Pau D’arco do Piauí (83,20%), Boqueirão do Piauí (82,15%) e Santo Antônio dos Milagres (81,67%).

Os cinco municípios que apresentaram maioria de população de cor ou raça branca no Piauí em 2022 foram: Acauã (67,20%), Bela Vista do Piauí (62,58%), São Francisco de Assis do Piauí (57,57%), Queimada Nova (51,48%) e São José do Piauí (46,47%).
      
No Brasil, a população parda também foi a predominante em 3.245 municípios (58,25%); a população branca predominou em 2.283 municípios (41%); a população indígena foi a predominante em 33 municípios (0,59%); e a população preta predominou em 9 municípios (0,16%). Em termos de grandes regiões, a população de cor ou raça branca foi a predominante na região Sul (95,96%) e na região Sudeste (62,58%). A população de cor ou raça parda foi a predominante na região Nordeste (95,87%), na região Norte (96%) e na região Centro-Oeste (91,22%).

População preta apresenta maior quantidade de homens que de mulheres

Para compreender como cada grupo étnico-racial se divide de acordo com o sexo recorremos a um indicador de razão de sexo, que sinaliza a proporção de homens em relação às mulheres. Quando a razão de sexo é superior a 100, significa que nesse grupo existem mais homens do que mulheres; quando é inferior a 100, que existem mais mulheres que homens no grupo. Assim, o indicador de razão de sexo para a população do Piauí em 2022 foi de 95,81, o que indica que para cada grupo de 95,81 homens havia 100 mulheres.

Ao analisarmos a razão de sexo por cor ou raça nos deparamos com valores distintos para cada uma delas. Para a população de cor ou raça preta no Piauí temos uma razão de sexo da ordem de 109,95, onde para cada 109,95 homens temos 100 mulheres, constituindo-se no único grupo étnico-racial do estado onde o quantitativo de homens é superior ao de mulheres. Na sequência vem a população de cor ou raça indígena, com uma razão de sexo de 96,02; a parda, com 94,82; a branca, com 91,70; e, por último, a amarela, com 76,49.

No tocante ao Brasil, verifica-se que a população de cor ou raça preta apresentava uma razão de sexo de 103,95, o que significava que para cada 103,9 homens existiam 100 mulheres no país. Nas unidades da federação, em apenas três delas a população de cor ou raça preta apresentava uma razão de sexo menor que 100, ou seja, menos homens que mulheres: na Bahia, com uma razão de sexo de 96,94; no Rio Grande do Sul, com 95,41; e no Rio de Janeiro, com 91,93. Merece destaque a maior razão de sexo da população preta, que foi verificada no estado do Amazonas, com 136,63 homens para cada 100 mulheres.

Uma multiplicidade de fatores pode explicar as diferenças de razão de sexo entre os grupos étnico-raciais analisados, podendo mesclar dimensões demográficas, como natalidade, mortalidade, migração, assim como uma multiplicidade de critérios de pertencimento étnico-raciais, que são atravessados pela situação e contexto socioeconômico em que cada indivíduo está inserido.

População preta e amarela apresentam os maiores índices de envelhecimento no Piauí

 Adotando-se como índice de envelhecimento um recorte etário onde comparamos a população de 60 anos ou mais de idade com a população de 0 a 14 anos de idade, onde quanto maior for o indicador, maior será o envelhecimento da população, temos que, no Piauí, em 2022, o índice de envelhecimento da população ficou em 72,43, o que equivale dizer que a cada grupo de 72,43 pessoas de 60 anos ou mais de idade havia um grupo de 100 pessoas de 0 a 14 anos de idade.

Contudo, o índice de envelhecimento apresenta variação de acordo com a cor ou raça da população. No Piauí, em 2022, a população de cor ou raça amarela, aqui entendida como aquela de origem oriental (chinesa, japonesa, coreana etc), apresentou o maior índice de envelhecimento do Piauí, de 142,42, o que equivale dizer que a cada 142,42 pessoas de 60 anos ou mais, haviam outras 100 pessoas de 0 a 14 anos. Assim, a população amarela tinha o maior quantitativo de pessoas idosas dentro do seu grupo étnico-racial. Na sequência, com o segundo maior índice do estado, vinha a população de cor ou raça preta, com um índice de envelhecimento de 129,18. No Piauí, os menores índices de envelhecimento ficaram com: a população indígena, com 79,92; a população branca, com 72,11; e a população parda, com 65,68.


       
Da mesma forma que no Piauí, o maior índice de envelhecimento no Brasil também coube à população de cor ou raça amarela, com 256,49, o que equivale dizer que a cada grupo de 256,49 pessoas de 60 anos ou mais de idade havia um grupo de 100 pessoas de 0 a 14 anos. Na sequência, com o segundo maior 





 

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Fonte: Agência IBGE de Notícias

Imagem: Sindilojas Reprodução

Edição: Site TV Alepi