Mulheres nordestinas: Desafios, solidariedade e luta por direitos
As mulheres nordestinas enfrentam uma sobrecarga desproporcional nos afazeres domésticos, dedicando o dobro do tempo dos homens a essas tarefas. Essa realidade limita suas oportunidades e reforça desigualdades estruturais. Além disso, quase metade das mulheres nordestinas relatam ter sofrido alguma forma de violência doméstica, evidenciando um problema urgente que precisa ser enfrentado com políticas públicas eficazes.
Em entrevista ao programa Palavra Aberta, com apresentação de Thiago Moraes, a intelectual e liderança comunitária Mãe Lúcia de Iansã destacou a importância da organização feminina dentro das comunidades. Segundo ela, a ausência de creches impede a participação ativa das mulheres na vida política e social. Assim, muitas recorrem a redes de solidariedade entre vizinhas e amigas para cuidar dos filhos, compensando a falta de suporte governamental.
A história de resistência das mulheres negras é um ponto central na análise de Mãe Lúcia. Desde o período da escravidão, elas desenvolveram estratégias de sobrevivência e organização social, garantindo a manutenção de sua cultura e identidade. Exemplo disso são as quituteiras que vendiam acarajé para comprar a alforria de outros escravizados e as mães de santo que preservam saberes ancestrais até hoje.
Mãe Lúcia também ressalta a necessidade de um feminismo que abarque as especificidades das mulheres negras. Segundo ela, muitas teorias feministas ignoram as experiências de mulheres negras que sempre estiveram à frente da luta por direitos, mesmo antes da formalização do movimento. No contexto dos terreiros, a luta por igualdade de gênero ocorre de maneira holística e comunitária, garantindo respeito e aprendizado coletivo entre homens e mulheres.
Por fim, a liderança comunitária alerta para a necessidade de uma educação crítica e inclusiva, que permita construir uma sociedade mais justa e equitativa. A força das mulheres nordestinas, aliada à solidariedade ancestral, continua sendo essencial na luta por direitos e transformação social.
Veja a entrevista na íntegra
Fonte: TV Assembleia