Mercado eleva projeção da taxa básica de juros para 8% em 2021 e 2022

por Antônio Luiz Moreira Bezerra publicado 14/09/2021 07h22, última modificação 14/09/2021 07h22

O mercado passou a ver a taxa básica de juros a 8% ao final deste ano e de 2022 diante da forte pressão inflacionária, de 7,63% e 7,75%, respectivamente, na semana anterior.

O movimento aconteceu na esteira do maior avanço do IPCA (índice oficial de inflação do país) para um mês de agosto em 21 anos, de 0,87%, divulgado na semana passada.

Com isso, economistas ouvidos pelo Banco Central também elevaram a projeção do IPCA ao final do ano de 7,58% para 8%. As informações são da pesquisa Focus divulgada nesta segunda-feira (13).

É 23ª vez seguida que a pesquisa mostra uma alta da estimativa para a inflação em 2021. Para 2022 a projeção passou de 3,98% para 4,03%.

Em conversa com investidores na sexta (10), o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que a escalada nos preços é uma "sombra" que paira sobre o governo. "Acho que estamos no pior momento da inflação. Acho que vai começar a desacelerar gradualmente e encerrar o ano em volta de 8%, entre 7,5% e 8%", disse.

O centro da meta de inflação para 2021 é 3,75%, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.

O Banco Central volta a se reunir para debater a taxa de juros nos dias 21 e 22 de setembro, com a expectativa no Focus de que ela seja elevada a 6,25%, dos 5,25% atuais.

Muitos analistas, no entanto, já enxergam a possibilidade de um aumento de 1,25 ponto percentual da Selic, para 6,5% ao ano.

No começo de agosto, o diretor de Política Monetária do BC, Bruno Serra, afirmou que a autoridade monetária fará o que for necessário para levar a inflação para a meta em 2022 e 2023 e não descartou acelerar ainda mais o ritmo de alta da taxa básica caso o cenário econômico piore.

Para o PIB (Produto Interno Bruto), a pesquisa Focus apontou uma revisão para baixo das estimativas de crescimento. Para este ano, o percentual foi reduzido de 5,15% para 5,04%. Para 2022, o número passou de 1,93% para 1,72%.

Muitos economistas já temem, inclusive, uma recessão no próximo ano. O temor é justificado não só pela inflação, como também pela crise hídrica, o real desvarlorizado e o taxa de desemprego elevada.

A turbulência política, relacionada à crise institucional que o país atravessa, também entra na conta do mercado. As manifestações de raiz golpista fomentadas pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no 7 de setembro tiveram um impacto negativo na Bolsa de Valores brasileira e fez o dólar subir em relação ao real.

O recuo do presidente na quinta, em carta na qual diz que não teve intenção de agredir Poderes, trouxe alívio momentâneo ao mercado, mas que já passou para uma posição de maior desconfiança na sexta. Entre economistas, o ceticismo quanto às promessas feitas por Bolsonaro também é expressivo.

Analistas lembram que a crise institucional também torna a questão orçamentária mais incerta, dado que o governo tentava negociar o não pagamento da totalidade dos precatórios (dívidas do governo reconhecidas pela Justiça) no ano que vem.

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Com informações Folha de São Paulo e TV Assembleia
Videorreportagem James Almeida e Edenilton Terço/TV Assembleia
Imagem: Amanda Perobelli/Folha de São Paulo

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