Mapeamento vai mostrar dados da população trans masculina

por Antônio Luiz Moreira Bezerra publicado 29/06/2022 13h20, última modificação 29/06/2022 12h22
Iniciativa começou no ano passado e deve ser ampliada em 2022

Para tentar resolver a falta de dados sobre a educação de homens trans no Brasil, uma iniciativa lançada ano passado tentou mapear a situação desse grupo da população em todo o país. E o plano agora é ampliar essa ação ainda em 2022.

 

Chamado "A Dor e a Delícia das Transmasculinidades no Brasil", o levantamento foi feito pelo Instituto Brasileiro de Transmasculinidades (IBRAT) e pelo Instituto Internacional Sobre Raça, Igualdade e Direitos. De acordo com o documento, 12,7% dos 1.217 homens trans entrevistados disseram ter o ensino superior completo, e 23,5%, o ensino médio completo.

 

Para comparação, entre mulheres trans e travestis, apenas 0,02% estão na universidade, 72% não possuem o ensino médio, e 56%, o ensino fundamental, segundo o projeto Além do Arco-íris/Afro Reggae.

 

Entre a população geral, o Brasil tem 21% de pessoas entre 25 a 34 anos com ensino superior completo, segundo o relatório "Education at a Glance", da OCDE, publicado em 2019. A média dos 45 países que fazem parte da organização é de 44%.

 

No Brasil, a proporção de pessoas de 25 anos ou mais de idade que concluíram, no mínimo, o ensino médio é de 48,8%, segundo a PNAD Contínua, de 2019.

 

O Ibrat prepara um aprofundamento dos dados para este ano. O instituto está criando um mapeamento mais amplo, através de um questionário que pode ser respondido por todos os brasileiros transmasculinos em seu site.

 

"A gente sente a necessidade de investigar por que essas pessoas interrompem os estudos. E, se continuam, o que acontece?", detalha Dan Kaio Lemos, coordenador nacional do IBRAT.

 

"Percebemos que, diferente das mulheres trans e travestis, as quais muitas vezes nem chegam à graduação, entre os homens trans que chegam ao nível superior, existe o fenômeno do assujeitamento, que é quando eles se sujeitam a usar nomes com os quais não se identificam ou usam o banheiro feminino, para conseguir terminar os estudos, por exemplo", afirma.

 

"Entendemos também que o próprio cenário da educação é produtor de violência, tanto física quanto psicológica, quando não permite que a pessoa se insira nos espaços", completa ele.

 

...............................................

 

Fonte: Folha de São Paulo

Imagem: Karime Xavier/Folhapress

Edição Site TV Assembleia