Cerca de 1 bilhão de pessoas correm risco de contrair cólera

por Antônio Luiz Moreira Bezerra publicado 25/02/2023 08h05, última modificação 25/02/2023 10h15
Ano passado foi marcado por surtos sem precedentes no mundo

As Nações Unidas informaram que 2022 foi um ano sem precedentes em relação a surtos de cólera. Houve um aumento de 50% no número de nações com casos da doença, se comparado a 2021.

 

Atualmente, 22 países combatem surtos. Alguns deles já não notificam a doença, há vários anos.

 

Número, dimensão e coexistência alarmantes

 

Na lista, o único de língua portuguesa é Moçambique com suspeitas de casos. A taxa de mortalidade global chegou a 2% na que é conhecida como a sétima pandemia em tamanho e número alarmantes.

 

O índice “muito elevado” atingiu o ponto mais alto em mais de uma década.

 

O chefe da equipe de cólera da agência, Philippe Barboza, destaca que essa tendência continua sendo observada nas cinco regiões. O problema é alimentado por fatores como pobreza, conflitos, desastres e mudanças climáticas. A agência informa que mais três países confirmaram surtos, somente na semana passada.

 

Estabelecimentos de saúde

 

Em todo o mundo, mais de 1 bilhão de pessoas em 43 países correm risco de contrair a infecção. Falta de vacinas A OMS diz que cerca de 37 milhões de doses de imunizantes estão disponíveis e não se espera nenhum aumento na produção de vacinas antes de 2024.

 

Faltam ainda suprimentos de medicamentos e testes para cólera, uma tarefa que além da OMS envolve o Fundo da ONU para a Infância, Unicef, e outros parceiros. Ambas as agências chamam a atenção para a observação do direito humano de acesso à água e ao saneamento.

 

Um quarto das pessoas carece de serviços de água potável administrados com segurança e quase metade da população mundial necessitava de saneamento. Para as agências das Nações Unidas, é inaceitável que metade dos estabelecimentos de saúde do mundo ainda precise de água e sabão básicos ou álcool em gel para as mãos.

 

Alguns dos surtos foram declarados em áreas atingidas pela violência e por conflitos, como o Haiti ou a Síria. Na África, o centro da epidemia está no Malawi, país do Sul que vive onda letal e onde escasseiam vacinas.

 

Pelo menos 1.400 pessoas morreram, dos 45 mil casos notificados desde março do ano passado no país, considerado um dos mais pobres do mundo, segundo a Organização das Nações Unidas.

 

Em Moçambique, o surto de cólera que afeta alguns países da região austral africana desde o fim do ano passado provocou a morte de 37 pessoas, entre os 5.260 casos registrados pelas autoridades, anunciou nesta semana o ministro da Saúde do país.

 

Na vizinha África do Sul, as autoridades sanitárias informaram que um homem de 24 anos morreu de cólera, interrompendo um período de 15 anos sem óbitos resultantes da doença.

 

No total, foram relatados cinco casos na África do Sul desde o início de fevereiro.

 

O representante da OMS disse que cerca de 1 bilhão de pessoas no mundo estão ameaçadas pelo avanço da doença. Alertou que o fornecimento de vacinas continua baixo, com cerca de 37 milhões de doses disponíveis para este ano.

 

Isso significa que, em muitos países, as campanhas de vacinação tiveram de substituir as duas doses recomendadas em áreas de risco de surtos por apenas uma, afirmou Philippe Barboza.

 

Diante do avanço da doença, a OMS pediu este ano, pela primeira vez, aos países e instituições doadores um fundo específico de US$ 25 milhões para ações de combate.

 

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Fonte: ONU News/RTP

Imagem: Univef/Delil Souleiman

Edição: Site TV Assembleia