Linguagem neutra em debate: Inclusão, resistência e impactos na educação brasileira
A linguagem neutra, proposta linguística que busca evitar o uso de gêneros binários (masculino e feminino) em prol de uma comunicação inclusiva, tem gerado discussões em várias esferas da sociedade. Um recente caso em Teresina envolvendo a psicóloga Rafa Mon, conselheira do Conselho Regional de Psicologia, trouxe a questão à tona após ela ser vítima de transfobia ao utilizar linguagem neutra em um vídeo institucional.
No cenário nacional, o Supremo Tribunal Federal (STF) iniciou a análise de um caso em Votorantim, São Paulo, onde escolas municipais foram proibidas de adotar a linguagem neutra. Se a decisão pender contra a proibição, instituições poderão utilizar novamente a linguagem neutra, que visa incluir aqueles que não se identificam com os gêneros tradicionais. O julgamento marca um avanço na discussão sobre a presença da linguagem neutra no sistema educacional.
Especialistas apontam que a inclusão da linguagem neutra representa um desafio para o ensino, que hoje ainda se baseia majoritariamente na norma culta, tornando o processo de adaptação complexo. A educadora e linguista Missione Aurélia, da Universidade Federal do Piauí, em entrevista ao Jornal Alepi TV 1 desta quinta-feira, 7, explica que a linguagem neutra implicaria mudanças profundas no ensino, desde o uso de pronomes até a escolha de adjetivos.
De acordo com a especialista, a resistência também se observa nos vestibulares e no Enem, onde a linguagem neutra não é aceita e seu uso pode resultar em perda de pontos. Entretanto, diversas instituições e figuras públicas já adotam a linguagem neutra, como um sinal de respeito e inclusão. Em 2023, o STF derrubou uma proibição semelhante em Santa Catarina, destacando que, para a alta corte, o uso da linguagem neutra não deve ser impedido.
Para Missione Aurélia, embora a aceitação da linguagem neutra enfrente resistência, o debate sobre suas implicações e a variação linguística no Brasil prossegue.
Acompanhe na íntegra a entrevista
Fonte: TV Assembleia