Julho Turquesa: campanha alerta para síndrome dos olhos secos

por Antônio Luiz Moreira Bezerra publicado 20/07/2022 13h20, última modificação 20/07/2022 11h37
Especialista adverte sobre a importância do tratamento para minimizar o problema

O “Julho Turquesa” é a campanha que marca o mês dedicado à prevenção da síndrome dos olhos secos. De acordo com a Associação Brasileira de Portadores de Síndrome do Olho Seco (APOS), estima-se que de 13 a 24% da população brasileira é portadora da doença.

 

A síndrome dos olhos secos é uma doença crônica que se caracteriza pela diminuição da produção da lágrima ou deficiência em alguns dos componentes, segundo a APOS. Suas causas têm relação com uso contínuo de telas eletrônicas, ar condicionado, medicamentos e clima.

 

A estudante Rayna Mendes, 23, moradora da cidade de Águas Claras, em Brasília, desenvolveu a síndrome do olho seco em 2020, após fazer uso de um medicamento para controle de acnes. Ela explica que desde então sente incômodo nos olhos e que precisa recorrer à colírios para o alívio dos sintomas, “sinto meus olhos ardendo, não consigo ficar sem usar colírio. Como se ficasse pregando. A sensação é como se você estivesse piscando sem lubrificação nenhuma.”

 

“O clima de Brasília já não é propício, no inverno fica pior. Outro fator é quando fico exposta às telas, principalmente a do celular. Normalmente estou de óculos mas quando não estou parece que meu olho fica muito mais cansado. E aí preciso desligar, passar o colírio de novo e deixar o olho fechado por um tempinho. Para ver se a lubrificação volta”, completa.

 

A médica oftalmologista do CBV-Hospital de Olhos, Núbia Vanessa, explica que durante o uso da tela do computador e celular as pessoas passam horas sem piscar adequadamente. “Isso combinado à própria luminosidade das telas fazem com que você tenha o agravamento da diminuição das lágrimas, e com isso, piorando a síndrome do olho seco”, reforça.

 

A oftalmologista ressalta que é importante procurar um médico para o tratamento da síndrome dos olhos secos. “Alguns pacientes que não fazem o tratamento adequado ao longo da vida, depois de um certo período de tempo, podem ter úlceras de córnea relacionadas a não lubrificação, porque a córnea fica exposta. Isso pode evoluir até mesmo para alguns tratamentos cirúrgicos, onde você tem que às vezes fechar a pálpebra para que essa córnea possa ser regenerada adequadamente”, explica.

 

Núbia ainda explica que, no caso de suspeita da síndrome, o ideal é procurar um médico oftalmologista para confirmar. Segundo ela, o tratamento inclui medicamentos tópicos oculares e laser para melhorar a produção das glândulas que produzem as lágrimas.

 

Saiba mais sobre a síndrome

 

Estima-se que uma em cada quatro pessoas¹ no mundo apresente sintomas de Olho Seco: sensação de areia nos olhos, vermelhidão, lacrimejamento, coceira, ardência, visão embaçada, desconforto e olhos cansados. Apesar de algo comum, muita gente não sabe que essas sensações têm um nome, um diagnóstico e um tratamento.


A Doença do Olho Seco (DOS) pode ser desencadeada pelo estilo de vida ou fatores ambientais, como tempo de tela, clima seco, exposição ao ar-condicionado e direção noturna, trazendo um impacto significativo no dia a dia dos pacientes. Outros fatores como envelhecimento, menopausa, cirurgia oftalmológica, uso de lentes de contato e uso de determinados medicamentos podem levar ao seu aparecimento.

 

“A pandemia de Covid-19, modificou drasticamente nossos hábitos e rotina, introduzindo o confinamento social e uso rotineiro de máscaras e aumentando exponencialmente as horas na frente das telas de dispositivos eletrônicos em todas as dimensões de nossas vidas. O impacto no aumento de casos de olho seco e de outras doenças ligadas a essa nova realidade já começa a ser sentido pela sociedade e classe médica, justificando a necessidade de divulgarmos seus efeitos e do que pode ser feito para melhorar a qualidade de vida dos seus portadores”, alerta Dr. José Alvaro P Gomes, presidente APOS e diretor TFOS.

 

Frequentemente confundida com infecções, inflamações ou alergias oculares, a DOS acontece quando a lágrima perde sua qualidade e quantidade – o que define os três tipos de Olho Seco (por evaporação, deficiência de lágrima aquosa ou olho seco misto):

 

Olho Seco por evaporação: relacionado à disfunção das glândulas de Meibomius e ao uso de lentes de contato;

Olho Seco por deficiência de lágrima aquosa: ligado à diminuição da produção lacrimal associada às alterações hormonais e ao uso de medicamentos;

Olho Seco misto: acontece devido a uma mistura dos dois tipos anteriores. Nesse caso, a quantidade de lágrimas produzidas é reduzida e ao mesmo tempo elas são de baixa qualidade.

 

Em qualquer situação de desconforto nos olhos, o ideal é procurar um especialista. “Para trazer alívio dos sintomas, recomenda-se a procura pelo oftalmologista. É ele quem dará o diagnóstico corretamente e fará a indicação do produto adequado para cada caso. Lembrando que colírios não são todos iguais, por isso devem ser utilizados sob recomendação médica”, afirma António Mendes, Diretor da Unidade de negócios Vision Care da Alcon no Brasil.

 

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Fonte: Brasil 61

Imagem: Marcello Casal Jr./ABra

Edição Site TV Assembleia