Instrutor ensina sobre prevenção e primeiros socorros em casos de engasgo em crianças
No bairro Aeroporto, na zona norte de Teresina, uma tragédia chamou atenção para a importância dos cuidados com crianças. Uma menina venezuelana de aproximadamente 3 anos faleceu após, segundo informações preliminares, ter se engasgado e sufocado enquanto estava com os pais. O caso evidencia a necessidade de conhecimento sobre prevenção e intervenção em situações de engasgo, especialmente em crianças pequenas.
Em entrevista ao jornal Alepi TV 1, o instrutor de emergências Gilmar Alves destacou que acidentes desse tipo não são incomuns, especialmente durante a introdução alimentar. Crianças com idades entre 2 e 3 anos têm o hábito de levar objetos e alimentos à boca, aumentando os riscos. Por isso, é essencial que pais, cuidadores e qualquer pessoa próxima saibam realizar manobras de desobstrução das vias aéreas. Essas técnicas podem salvar vidas e podem ser aprendidas por qualquer pessoa, independentemente de serem ou não da área da saúde.
Alimentos de alto risco
Alguns alimentos apresentam maior risco de engasgo, como uvas inteiras, pipoca e pedaços arredondados de maçã. Gilmar enfatiza a importância de cortar esses alimentos de forma segura. Por exemplo, as uvas devem ser cortadas ao meio ou em pedaços menores antes de serem oferecidas às crianças. Pipoca, por sua vez, deve ser evitada antes dos 4 anos de idade.
Identificando e agindo rápido
Ao presenciar um engasgo, é crucial avaliar a situação rapidamente:
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Observe a reação da criança: Se a criança estiver tossindo, chorando ou conseguindo falar, estimule a tosse. Esses reflexos indicam que ainda há passagem de ar.
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Engasgo total: Se a criança não conseguir tossir, chorar ou falar, trata-se de um engasgo total. É necessário agir imediatamente.
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Manobras de desengasgo
Para crianças maiores de 1 ano
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Fique de joelhos, atrás da criança.
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Apoie-a ligeiramente inclinada para frente.
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Feche uma das mãos em punho e posicione-a logo acima do umbigo, na região popularmente conhecida como "boca do estômago".
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Com a outra mão apoiando o punho, realize compressões rápidas e firmes para dentro e para cima.
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Repita a manobra até que o objeto seja expelido ou a criança recupere a respiração.
Para bebês menores de 1 ano
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Apoie o bebê no seu braço dominante, de barriga para baixo, com a cabeça ligeiramente mais baixa que o tronco.
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Com a região inferior da mão, aplique cinco golpes firmes entre as escápulas (no meio das costas).
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Se o objeto não for expelido, vire o bebê de barriga para cima, mantendo a cabeça mais baixa que o tronco.
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Use dois dedos para realizar cinco compressões rápidas no centro do peito, logo abaixo da linha dos mamilos.
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Repita o ciclo até que o objeto seja expelido ou até a chegada de ajuda médica.
A importância da calma e do treinamento
Em situações de emergência, manter a calma é essencial. Pessoas que já receberam treinamento tendem a agir com maior segurança. Segundo Gilmar, “a prática frequente dessas técnicas aumenta a capacidade de salvar vidas”.
A Lei Federal Lucas (2018) tornou obrigatória a presença de profissionais treinados em primeiros socorros em escolas de educação infantil e creches. No Piauí, a Lei Estadual 856/2023 reforça essa obrigatoriedade para instituições de ensino públicas e privadas.
Confira a entrevista completa
Redação Site TV