IBGE: desemprego cai para 7,9% no trimestre encerrado em julho

por Antônio Luiz Moreira Bezerra publicado 31/08/2023 13h10, última modificação 31/08/2023 11h47
É o menor resultado para o período desde 2014

A taxa de desocupação foi 7,9% no trimestre encerrado em julho de 2023, mostrando recuo de 0,6 ponto percentual (p.p) em relação ao trimestre anterior, de fevereiro a abril de 2023. É a menor taxa para um trimestre encerrado em julho desde 2014, quando foi de 7,0%. Já em comparação com o mesmo período de 2022, a taxa de desocupação caiu 1,2 p.p. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada nesta quinta-feira (31) pelo IBGE.

 

“Esse recuo no trimestre encerrado em julho ocorreu principalmente pela expansão do número de pessoas trabalhando”, explica Adriana Beringuy, coordenadora de Pesquisas por Amostra de Domicílio. Já a população desocupada ficou em 8,5 milhões de pessoas, uma queda de 6,3% em relação ao trimestre anterior e de -3,8% se comparado ao mesmo período de 2022.

 

Na comparação trimestral, o número de pessoas ocupadas voltou a crescer após dois trimestres em queda, chegando a 99,3 milhões, um aumento de 1,3% em relação ao período de fevereiro a abril, com 1,3 milhão de pessoas a mais. Na comparação anual, o crescimento foi de 0,7% (mais 669 mil pessoas), o menor dos últimos 9 trimestres consecutivos de alta.

 

“Após a pandemia, tivemos um período de recuperação da população ocupada onde registramos aumentos intensos disseminados pelas atividades. À medida que esse processo de recuperação se consolida, os acréscimos voltam a ser mais influenciados pelas características econômicas e sazonais de cada atividade. Com isso, na perspectiva anual, o crescimento passa a ser menos intenso”, analisa a coordenadora.

 

Na comparação trimestral, o aumento da ocupação foi puxado pelo grupamento de Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (mais 593 mil pessoas), Informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas (mais 296 mil pessoas). Estes também foram os principais aumentos no panorama anual.

 

“No grupo da Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais o que puxou no trimestre foi o aumento em educação e saúde, tanto no setor público como no privado. Na comparação anual, a maior influência veio da área da saúde. Já o grupamento de Informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas foi influenciado, no trimestre, pelo segmento de tecnologias da informação e, no ano, pelas atividades administrativas, profissionais e financeiras”, destaca Beringuy.

 

A coordenadora destaca ainda a alta em Serviços domésticos, que cresceu 3,1% no trimestre, representando um aumento de 178 mil pessoas. “Esse grupamento vinha de uma queda de 3,3% no trimestre encerrado em abril e reverteu o movimento. Vale destacar também que, em julho, apesar de apenas 3 grupamentos terem mostrado altas significativas, vários interromperam movimentos de queda, como é o caso de Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura, Construção, Comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas e Outros serviços”, destaca.

 

Em julho, cresce o número de empregados sem carteira e no setor público


Por posição na ocupação, em julho, destacam-se na comparação trimestral os crescimentos nas categorias de empregado do setor privado sem carteira (4,0% ou mais 503 mil pessoas) e setor público (2,6% ou 311 mil pessoas).

 

Já na comparação anual, destaca-se o contingente de empregados no setor privado com carteira, que cresceu 3,4%, representando um acréscimo de 1,2 milhão de pessoas.

 

O número de trabalhadores por conta própria (25,2 milhões de pessoas) ficou estável frente ao trimestre anterior e caiu 2,5% no ano (menos 637 mil pessoas). Assim, a taxa de informalidade foi de 39,1%, com aumento em relação ao trimestre anterior (38,9%), e queda na comparação com o mesmo período do ano anterior (39,8%).

 

Subutilização cai nas duas comparações


A taxa composta de subutilização (17,8%) caiu nas duas comparações: 0,7 p.p. no trimestre e 3,1 p.p. no ano, totalizando 20,3 milhões de pessoas subutilizadas.

 

Observou-se, ainda, estabilidade na população desalentada, que ficou em 3,7 milhões de pessoas. Na comparação anual, houve queda de 13,4% (menos 568 mil pessoas). Com isso, o percentual de desalentados na força de trabalho ou desalentada (3,3%) ficou estável frente ao trimestre anterior e caiu 0,5 p.p. frente ao mesmo trimestre do ano anterior.

 

A coordenadora destaca ainda a queda no trimestre da população fora da força, que apresentou uma redução de -349 mil pessoas (-0,5%). “Essa população vinha crescendo há alguns trimestres e ficou estável no trimestre encerrado em junho. Neste trimestre encerrado em julho, ela reverte o sinal e vêm em queda”, ressalta.

 

Rendimento fica estável em julho


Em relação ao rendimento real habitual (R$ 2.935), houve estabilidade frente ao trimestre anterior e crescimento de 5,1% no ano. A massa de rendimento real habitual (R$ 286,9 bilhões) cresceu 2,0% frente ao trimestre anterior e 6,2% na comparação anual.

 

“Apesar do rendimento ter ficado estável, com o aumento no contingente de pessoas ocupadas, a massa de rendimento cresceu”, observa Beringuy.

 

Por atividade econômicas e entre as categorias do emprego, o cenário foi de estabilidade no trimestre.

 

Mais sobre a pesquisa


A PNAD Contínua é o principal instrumento para monitoramento da força de trabalho no país. A amostra da pesquisa por trimestre no Brasil corresponde a 211 mil domicílios pesquisados. Cerca de dois mil entrevistadores trabalham na pesquisa, em 26 estados e Distrito Federal, integrados à rede de coleta de mais de 500 agências do IBGE.

 

Em função da pandemia de Covid-19, o IBGE implementou a coleta de informações da pesquisa por telefone a partir de 17 de março de 2020. Em julho de 2021, houve a volta da coleta de forma presencial. É possível confirmar a identidade do entrevistador no site Respondendo ao IBGE ou via Central de atendimento (0800 721 8181), conferindo a matrícula, RG ou CPF do entrevistador, dados que podem ser solicitados pelo informante.

 

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Fonte: Agência IBGE de Notícias

Imagem: Acervo IBGE

Edição: Site TV Assembleia