Hepatite misteriosa é registrada em cerca de 170 crianças em 12 países

por Antônio Luiz Moreira Bezerra publicado 26/04/2022 08h15, última modificação 25/04/2022 19h59
Há ao menos 114 casos no Reino Unido; houve uma morte

Os casos de hepatite aguda em crianças, detectados em 12 países, sobretudo europeus, geram perguntas e também medo de uma nova epidemia. No entanto, a origem dessa grave inflamação do fígado continua desconhecida.

Tudo começou no Reino Unido, que conta com o maior número de notificações (114). Em seguida, foram revelados casos na Espanha (13); na Dinamarca (seis); na Irlanda (menos de cinco); na Holanda (quatro); na Itália (quatro); na França (dois); na Noruega (dois); na Romênia (um) e na Bélgica (um), segundo dados Organização Mundial de Saúde (OMS).

Fora da Europa, Israel (12 casos) e Estados Unidos (ao menos nove) se juntam à lista.

As crianças afetadas têm de 1 mês a 16 anos. A maioria é menor de dez anos —nenhuma tinha outra doença. Houve uma morte.

"As investigações prosseguem nos países onde há casos. Até agora, a causa atual da hepatite é desconhecida", segundo o Centro Europeu de Prevenção e de Controle de Enfermidades (ECDC).

No momento, uma causa infecciosa parece o mais provável, mas não foi estabelecido nenhum vínculo comum com alimento contaminado ou tóxico que pudesse ser identificado.

A hepatite é uma inflamação do fígado, como reação a um vírus, a tóxicos (venenos, drogas etc.) ou a doenças autoimunes ou genéticas. Sua evolução costuma ser benigna e seus principais sintomas —febre, diarreias, dores abdominais— se resolvem rapidamente ou deixam poucas sequelas. Às vezes, de forma mais rara, podem provocar insuficiência renal.

Mas "a crescente alta do número de crianças afetadas por uma súbita hepatite é incomum e preocupante", indicou ao Science Media Center britânico Zania Stamakati, do centro de pesquisa sobre o fígado e sobre o aparelho gastrointestinal da Universidade de Birmingham.

Entre as possíveis pistas, o adenovírus foi detectado em ao menos 74 crianças, dos quais 18 era o chamado "tipo 41".

Vários países, entre os quais a Irlanda e a Holanda, reportaram uma crescente circulação desses adenovírus. Seu papel no desenvolvimento das misteriosas hepatites, no entanto, não está claro.

A possibilidade de uma relação com a Covid-19, que ainda está em circulação, figura também entre as hipóteses. O coronavírus foi detectado em 20 das crianças. Outras 19 apresentaram uma coinfecção de Covid e de adenovírus.

Porém, "se essa hepatite estiver sendo causada pela Covid-19, seria muito surpreendente que não foram muito mais numerosas dada a forte circulação do Sars-Cov2", afirma Graham Cooke, especialista de doenças infecciosas do Imperial College de Londres, ao Science Media Center.

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Com informações Folha de São Paulo

Imagem: Justin Talls/AFP

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