Estudo analisa formas de fortalecer alfabetização no Brasil

por Antônio Luiz Moreira Bezerra publicado 22/10/2022 08h05, última modificação 21/10/2022 20h00
Documento se baseia na Ciência da Leitura e tem o objetivo de ajudar a conter danos causados pela pandemia à aprendizagem de estudantes no país; análise foi feita nas regiões do Sul, Sudeste e Nordeste

Uma nova publicação do Banco Mundial reúne boas práticas para fortalecer os programas de alfabetização no Brasil e nos demais países em desenvolvimento. Essa é uma necessidade urgente para conter os danos causados pela pandemia.

 

Em 2019, 48 em cada 100 crianças brasileiras de 10 anos de idade não eram capazes de ler e compreender um texto simples. Calcula-se que o período de fechamento das escolas e o ensino remoto tenham elevado esse número para 70 crianças a cada 100.

 

Exemplos práticos


O novo documento analisa as redes públicas com alto desempenho no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, Ideb, a partir da Ciência da Leitura, que é um conjunto de evidências internacionais sobre como alfabetizar de maneira eficaz.

 

O relatório busca trazer exemplos práticos de como países em desenvolvimento podem incorporar essas práticas de sucesso.

 

Outra contribuição do estudo é posicionar as competências-chave do processo de alfabetização no Brasil com um recurso recém-criado pelo Banco Mundial chamado Arco-Íris de Leitura.

 

O Arco-Íris sintetiza oito competências-chave a serem desenvolvidas na alfabetização, apresentando-as em linguagem acessível a um público pouco familiarizado com os termos da pedagogia.

 

Municípios brasileiros


Para criar o documento, a equipe do Banco Mundial analisou as redes estaduais do Ceará e de São Paulo e as dos seguintes municípios: Teresina (PI), Sobral (CE), Apucarana (PR), Paranavaí (PR), Coruripe (AL), Teotônio Vilela (AL) e Itatiba (AL). O objetivo era saber o quanto elas estavam alinhadas com a Ciência da Leitura.

 

Já a coordenadora do estudo, Louisee Cruz, do Banco Mundial, fala sobre as descobertas desse trabalho.

 

“Há muita correspondência entre as práticas das redes brasileiras e as evidências internacionais sobre como alfabetizar de maneira eficaz. Por exemplo, todas as redes têm um conjunto claro de competências que se espera que os alunos desenvolvam ao longo do ciclo de alfabetização e as redes estabelecem progressão entre uma habilidade e outra. Outro exemplo se trata do alinhamento entre as habilidades que se espera desenvolver e os recursos pedagógicos, especialmente o material didático e as avaliações de aprendizagem. Vemos esse alinhamento bastante presente nas redes brasileiras analisadas.”

 

Louisee Cruz também explica os benefícios para os estudantes.

 

“O principal benefício para os alunos é que o professor, ao ter clareza de quais competências precisa desenvolver, consegue identificar de maneira mais rápida os alunos que estão ficando para trás e, dessa forma, pode atuar de modo mais personalizado com os alunos que apresentam maior dificuldade.

 

O alinhamento entre os recursos também otimiza o tempo do professor, o que potencializa sua prática e aumenta o tempo de aprendizagem em sala de aula.”

 

Finalmente, a coordenadora do relatório avalia que redes educacionais brasileiras e de todo o mundo podem ter uma política de alfabetização robusta e alinhada com práticas internacionais, mesmo em contextos adversos.

 

O documento pode ser encontrado no site www.bancomundial.org.br.

 

Mariana Ceratti, do Banco Mundial Brasil, para a ONU News.

 

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Fonte: ONU News

Imagem: SEEDUC/ Mariana Ceratti

Edição: Site TV Assembleia