Especialista explica como o Brasil será impactado por novas tarifas de importação dos Estados Unidos

por Antônio Luiz Moreira Bezerra publicado 04/04/2025 10h40, última modificação 04/04/2025 10h40
O professor de geopolítica internacional Washington Sucupira participa de entrevista no Bom Dia Assembleia

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou recentemente a imposição de uma tarifa de 10% sobre todas as importações que entram no país, com alíquotas ainda maiores para nações que mantêm barreiras comerciais mais rígidas contra os produtos americanos. A medida faz parte de uma estratégia ampla para reequilibrar a balança comercial dos EUA e fortalecer a economia doméstica, segundo o próprio governo norte-americano.

 

Durante entrevista à jornalista Juliana Arêa Leão, no programa Bom Dia Assembleia desta sexta-feira (4), o professor de geopolítica internacional Washington Sucupira analisou as implicações dessa política para o Brasil e para o mundo. Ele destacou que a ação representa um novo rearranjo de forças no cenário global, acelerado após a posse de Trump, que tem como slogan de governo o "America First" (“América em primeiro lugar”).

 

Segundo o professor, os Estados Unidos buscam reduzir um déficit comercial que ultrapassa US$ 1,2 trilhão e, ao mesmo tempo, usar essa medida como um instrumento de pressão geopolítica. “As tarifas são uma tentativa de trazer de volta as indústrias americanas ao território dos EUA, incentivando a produção interna. Mas isso tem um preço: o custo de vida para o americano tende a subir, gerando pressão inflacionária, o que pode contradizer o próprio discurso de campanha de Trump, que prometia combater a inflação”, explicou Sucupira.

 

Mais de 130 países serão afetados pelas novas tarifas, incluindo o Brasil. O impacto para a economia brasileira será significativo, uma vez que produtos como petróleo bruto, derivados de ferro e itens semielaborados exportados para os Estados Unidos serão diretamente atingidos.

 

Brasil busca alternativas


Diante do novo cenário, o Brasil poderá acelerar acordos comerciais com outros blocos econômicos, como a União Europeia. O Mercosul, bloco do qual o Brasil faz parte, já vinha negociando um tratado de livre comércio com os europeus, que agora ganha ainda mais relevância.

 

Sucupira destacou que a medida americana terá impactos não apenas econômicos, mas também geopolíticos. “Estamos vendo um mundo em transformação muito rápida. Organismos como a Organização Mundial do Comércio (OMC) estão sendo colocados em xeque diante dessa guerra comercial unilateral promovida pelos EUA”, afirmou.

 

Apesar das dificuldades, o professor se mostra cautelosamente otimista: “Como me disse uma colega da Universidade Federal do Piauí, o capitalismo sempre encontra mecanismos para sair das crises. Vamos ter que nos adaptar”.

 

Ações de reciprocidade


Em resposta às tarifas, o Congresso Nacional brasileiro aprovou uma lei que permite ao país adotar ações de reciprocidade. Com essa legislação, o Brasil pode aplicar sanções comerciais semelhantes aos produtos norte-americanos, numa tentativa de reequilibrar os prejuízos gerados pelas novas políticas tarifárias dos EUA.

 

Confira a entrevista na íntegra


 

Fonte: TV Alepi