Covid longa tem 3 tipos com sintomas diferentes, diz estudo

por Helorrany Rodrigues da Silva publicado 04/08/2022 13h05, última modificação 04/08/2022 11h16
Pesquisadores afirmam que a divisão auxilia no diagnóstico e no tratamento da doença e ressaltam incidência menor do quadro entre os vacinados

Diversos pesquisadores ao redor do mundo conduzem estudos para melhor entender o quadro de persistência dos sintomas do novo coronavírus mesmo após a infecção chamado de Covid longa.

 

Os relatos são muitos, e agora pesquisadores do King’s College de Londres, no Reino Unido, definiram que os problemas pós-Covid podem ser enquadrados em três categorias diferentes, cada uma com manifestações distintas da doença.

 

Para ser caracterizada como Covid longa, a Organização Mundial da Saúde (OMS) diz que é preciso a permanência dos sintomas por ao menos 12 semanas, ou três meses. O novo estudo britânico, ainda não revisado por pares, foi publicado nesta semana na plataforma de pré-prints MedRxiv. O trabalho analisou informações de 1.459 indivíduos com o quadro, cujos dados estavam disponíveis pelo projeto ZOE Health, uma iniciativa britânica para monitorar os sintomas da Covid-19.

 

Eles concluíram que a Covid longa não é um problema homogêneo, ou seja, não se manifesta da mesma forma entre todos os pacientes e, por isso, o tratamento também deve ser individualizado. Para auxiliar nesse processo, eles enquadraram os relatos em três principais categorias: uma ligada aos sintomas neurológicos, outra aos respiratórios e a última aos que envolviam as demais queixas.

 

Confira as três categorias da Covid longa

 

Primeiro grupo: Composto pelo maior número de pessoas, é ligado aos sintomas neurológicos da doença. Engloba fadiga; névoa mental; dores de cabeça, dificuldades de concentração; perda de memória, entre outros. Foi também o mais comum entre os pacientes que se infectaram durante as ondas das variantes Alfa e Delta.

 

Segundo grupo: Ligado aos sintomas respiratórios, como falta de ar grave, tosse contínua e dores no peito que podem sinalizar danos no pulmão. Foi prevalente durante a primeira onda da Covid-19, com a primeira cepa do vírus e quando a população não estava vacinada.

 

Terceiro grupo: Reúne os demais sintomas persistentes da doença. Os relatos incluíram palpitações no coração, dores musculares e alterações na pele e no cabelo.

 

“Esses dados mostram claramente que a síndrome pós-Covid não é apenas uma condição, mas parece ter vários subtipos. Nossas descobertas coincidiram com a experiência das pessoas que vivem com a Covid há muito tempo. Compreender as causas desses subtipos pode ajudar a encontrar estratégias de tratamento. Além disso, esses dados enfatizam a necessidade de os serviços médicos para Covid longa incorporarem uma abordagem personalizada e sensível às questões de cada indivíduo”, defende a professora do Departamento de Genética e Epidemiologia da instituição e uma das autoras do estudo Claire Steves, em comunicado.

 

Os pesquisadores responsáveis pelo trabalho ressaltam ainda que há evidências de que a vacinação contra a Covid-19 além de proteger contra formas graves da doença também reduz o risco para quadros de Covid longa.

 

Eles explicam que, embora as três categorias tenham sido observadas durante as ondas por todas as variantes o Sars-CoV-2, vírus causador da Covid-19, as diferenças na prevalência e no perfil de cada uma podem não ser pelas mudanças nas cepas em si, mas por outros fatores como disponibilidade de tratamentos e vacinas.

 

“Este é o primeiro estudo que analisa subgrupos de pacientes com perfis pós-Covid específicos e o efeito da vacinação, antes da infecção, no perfil de sintomas. Esses insights podem ajudar no desenvolvimento de diagnóstico e tratamento personalizados”, diz a professora da Escola de Engenharia Biomédica e Ciências da Imagem da King's College de Londres, Liane Canas, também autora do estudo.


Com Informações IG Saúde

Imagem: IG Saúde

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