Como ajudar idosos a enfrentarem o luto e as múltiplas perdas na velhice
O luto é um processo desafiador em qualquer idade, mas se torna ainda mais delicado na velhice, quando a pessoa idosa pode vivenciar uma sequência de perdas, desde a morte de cônjuges e amigos próximos até a perda da independência física, mental e social. Nesta fase da vida, a experiência do luto pode envolver questões profundas de finitude e abandono, exigindo atenção e suporte especial da família.
A geriatra Joseanne Teixeira, em entrevista ao Jornal Alepi TV 1 desta sexta-feira, 1º de novembro, explica que o luto na terceira idade vai além da perda pela morte. Idosos também enfrentam o que se chama de “luto simbólico” - perdas emocionais e físicas como a saída dos filhos de casa (síndrome do ninho vazio), a diminuição do vigor físico e as limitações de mobilidade. Essas situações, somadas a um possível isolamento social, intensificam o sofrimento e podem desencadear o chamado "luto complicado" – uma tristeza persistente que dificulta a retomada de uma rotina normal e saudável.
A fase inicial do luto costuma durar de quatro a seis meses. No entanto, é importante observar sinais de alerta que indicam a necessidade de apoio especializado. Entre esses sinais estão a apatia, perda de apetite, desinteresse por atividades, isolamento, ansiedade, depressão e queda de peso. "Caso esses sintomas se prolonguem, é essencial buscar ajuda médica para evitar um agravamento do estado emocional e físico", orienta a geriatra.
Segundo Joseanne, a melhor maneira de ajudar é através do acolhimento contínuo. Mantenha contato próximo, respeitando o tempo e o espaço do idoso, mas sem deixar de mostrar apoio. Incentive-o a sair de casa, trocando ambientes que tragam lembranças dolorosas por novos espaços que possam promover momentos de conforto e distração. “O mais importante é que ele saiba que não está só”, reforça a doutora Joseane. Mostrar-se presente e disposto a ouvir pode ser o alicerce para a recuperação do idoso.
Amor e presença são os melhores remédios. Mesmo que no começo o idoso resista ao contato, a insistência gentil pode ajudá-lo a atravessar o período de luto com mais serenidade. Como a doutora enfatiza, não subestime o poder transformador do apoio familiar – ele pode ser a chave para que o idoso encontre novas formas de lidar com as perdas e retome a alegria e o equilíbrio emocional na velhice.
Confira a entrevista na íntegra
Fonte: TV Assembleia