Censo: veja perguntas dos questionários da pesquisa IBGE
O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) está em contagem regressiva para colocar em campo os questionários do Censo Demográfico 2022, após dois anos consecutivos de adiamento da pesquisa.
O início da coleta das informações, por meio das entrevistas, está previsto para 1º de agosto. O IBGE planeja visitar 75 milhões de domicílios espalhados pelo Brasil, onde moram cerca de 215 milhões de pessoas.
Tradicionalmente, o levantamento analisa uma ampla lista de assuntos, que vai desde a estrutura das residências até os traços da população, como cor ou raça e níveis de educação e renda.
Os questionários deste ano estão menores, mas contam com três perguntas novas, que buscam apurar detalhes sobre os grupos quilombolas e a população com autismo.
O Censo é considerado o trabalho mais detalhado a respeito das características demográficas e socioeconômicas do Brasil. A pesquisa foi adiada em 2020 e 2021 em razão das restrições causadas pela pandemia e do corte de verba por parte do governo federal.
Para realizar o levantamento, o IBGE adota dois questionários desde o Censo de 1960: o modelo básico (simplificado) e o da amostra (ampliado). Não será diferente em 2022.
QUESTIONÁRIO BÁSICO
O questionário básico é composto por 26 perguntas neste ano. O modelo está dividido nos seguintes blocos: identificação do domicílio, informações sobre moradores, características do domicílio, identificação étnico-racial, registro civil, educação, rendimento do responsável pelo domicílio, mortalidade e dados da pessoa que prestou as informações.
Esse questionário será aplicado em 89% das residências e pode ser consultado na íntegra no site do Censo.
QUESTIONÁRIO DA AMOSTRA
O questionário da amostra, por sua vez, é mais detalhado, já que reúne 77 perguntas. Conforme o IBGE, esse modelo será aplicado em 11% dos domicílios.
O percentual de locais selecionados para a amostra é chamado de fração amostral. O Censo irá aplicar cinco frações amostrais diferentes, de acordo com os tamanhos dos municípios.
A versão ampliada do questionário investiga, além dos campos contidos no modelo básico, as seguintes áreas: trabalho e rendimento, nupcialidade, núcleo familiar, fecundidade, religião ou culto, pessoas com deficiência, migração interna e internacional, deslocamento para estudo, deslocamento para trabalho e autismo.
O questionário da amostra também pode ser consultado na íntegra no site do Censo —clique aqui para ver.
Segundo o IBGE, a estratégia de usar dois tipos de questionários permite um levantamento amplo sem que a operação censitária sobrecarregada.
O instituto afirma ainda que metodologias estatísticas garantem que as informações do modelo da amostra possam ser ampliadas para o total da população.
QUESTIONÁRIOS ENCOLHEM NESTE ANO
Os dois questionários ficaram menores em 2022, se comparados à edição anterior do Censo, de 2010, quando o levantamento teve 34 perguntas na versão básica e 102 na de amostra.
A redução no tamanho dos questionários, segundo o IBGE, buscou agilizar a operação e adequá-la ao orçamento de 2022.
A verba projetada para o Censo é de cerca de R$ 2,3 bilhões, liberada só após o STF (Supremo Tribunal Federal) ser acionado —inicialmente, as operações da nova edição haviam sido estimadas em mais de R$ 3 bilhões.
"A gente percebeu a menor receptividade da população com um questionário muito grande. Em um questionário que vai ser aplicado para 215 milhões de pessoas, a gente tem de pensar em não se alongar muito", disse Luciano Duarte, coordenador técnico do Censo Demográfico, em seminário na terça-feira (28).
"A questão do orçamento foi marginal [...]. O carro-chefe para [a pergunta] estar ou não no questionário foi a possibilidade de termos o máximo de respostas", acrescentou.
Neste ano, foi excluído, por exemplo, o tema de emigração internacional, investigado apenas em 2010. O IBGE indicou que se trata de um "evento raro" que pode ser analisado por meio de outras fontes de dados.
Também foram retiradas perguntas que abordavam itens relativos à posse de bens, tipo de domicílio e condição de uso e posse. Esses dados devem ficar somente em pesquisas amostrais regulares do instituto.
NOVAS PERGUNTAS
O Censo terá três perguntas novas em 2022. Duas delas são sobre grupos quilombolas e estão presentes nos dois questionários.
As perguntas são as seguintes: "Você se considera quilombola?" e, em caso de resposta positiva, "Qual o nome da sua comunidade?".
A outra novidade envolve autismo e aparece somente no questionário da amostra. A questão é: "Já foi diagnosticado(a) com autismo por algum profissional de saúde?".
RESPOSTAS PRESENCIAIS, POR TELEFONE OU INTERNET
A partir de 1º de agosto, em torno de 183 mil recenseadores devem ir até aos domicílios espalhados pelo país com o objetivo de realizar as entrevistas presenciais.
Porém, caso os moradores não queiram preencher os questionários dessa forma, poderão responder por telefone ou pela internet.
Segundo o IBGE, se os agentes não consigam aplicar as entrevistas na primeira ida aos domicílios, eles poderão fazer mais quatro revisitas aos mesmos endereços para tentar localizar os responsáveis.
Uma das possibilidades é agendar as entrevistas presenciais ou por telefone para horários ou turnos mais considerados mais adequados.
Em caso de escolha pela internet, os recenseadores irão cadastrar os emails e celulares (para recebimento de SMS) dos respondentes.
Segundo o instituto, tokens de acesso aos questionários serão enviados. Na internet, o prazo para fornecer as respostas será de sete dias.
SEM ORIENTAÇÃO SEXUAL
O Censo virou tema de disputa judicial nas últimas semanas. O motivo foi a ausência de perguntas sobre orientação sexual e identidade de gênero.
Uma decisão liminar da Justiça Federal do Acre havia determinado no dia 3 de junho a inclusão desses campos, após acolher pedido do MPF (Ministério Público Federal).
O IBGE, por sua vez, ingressou com recurso contra a liminar e conseguiu a suspensão da medida na sexta-feira (24).
O instituto argumentou que, às vésperas do início do Censo, não haveria tempo hábil tampouco recursos suficientes para a inclusão das perguntas.
O órgão também argumentou que a metodologia do levantamento não seria a mais adequada para tratar de orientação sexual e identidade de gênero.
Segundo o IBGE, esse tipo de análise está previsto em outras pesquisas. Após o início da polêmica, o órgão divulgou em maio um levantamento inédito sobre orientação sexual.
De acordo com esse estudo, 94,8% das pessoas de 18 anos ou mais no país se declaram heterossexuais. Entre os entrevistados, 1,8% se disse homossexual (1,13%) ou bissexual (0,69%).
A pesquisa, porém, foi vista por especialistas como frágil por ignorar a sexualidade de pessoas transgênero e promover um reforço simbólico da heterossexualidade como padrão.
IMPORTÂNCIA DO CENSO E DIVULGAÇÃO DOS RESULTADOS
Os dados do Censo funcionam como base para uma série de políticas públicas e decisões de investimento de empresas. O IBGE prevê divulgar os resultados preliminares de 2022 nos meses de novembro e dezembro.
As informações balizam, por exemplo, os repasses do FPM (Fundo de Participação dos Municípios), fonte de recursos para as prefeituras.
Com a onda de insegurança na Amazônia, o IBGE solicitou apoio de órgãos como a PF (Polícia Federal) e a PRF (Polícia Rodoviária Federal) para realizar as operações censitárias na região Norte, indicou o presidente do instituto, Eduardo Rios Neto.
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Fonte: Folha de São Paulo
Imagem: Zanone Fraissat/Folhapress