Capacitismo: Entenda o preconceito contra pessoas com deficiência e a luta por direitos

por Antônio Luiz Moreira Bezerra publicado 18/11/2024 11h42, última modificação 18/11/2024 11h42
A advogada Camila Hannah explica sobre esse crime no programa Ver Ouvir Sentir

A advogada Camila Hannah, integrante da Comissão da Pessoa com Deficiência da OAB-PI, abordou a questão do capacitismo em entrevista ao programa Ver Ouvir Sentir, da TV Assembleia. Na entrevista a Chico Costa, Camila, que possui deficiência visual, explicou que capacitismo é o preconceito dirigido a pessoas com deficiência, manifestado de diversas formas, muitas vezes sutis e enraizadas na sociedade.

 

De acordo com Camila, o termo surgiu nos Estados Unidos na década de 1980, durante movimentos em defesa dos direitos das pessoas com deficiência. Embora ainda não esteja formalmente inserido na legislação brasileira, ele representa práticas discriminatórias e paternalistas que limitam as capacidades e oportunidades de pessoas com deficiência.

 

"Capacitismo não é apenas negar uma vaga de emprego ou uma oportunidade na faculdade, mas também atitudes aparentemente inofensivas, como subestimar a autonomia de uma pessoa com deficiência ou adotar comportamentos superprotetores", destacou Camila.

 

A advogada acredita que a base do preconceito está na falta de informação. Ela afirma que a sociedade precisa se reeducar para romper com conceitos limitantes que restringem o potencial das pessoas com deficiência. "Somos vítimas de um sistema que nos limita desde cedo. Precisamos nos conhecer e nos empoderar para conquistar nosso espaço", afirmou.

 

A advogada ressaltou que o Brasil possui um sistema jurídico robusto de proteção às pessoas com deficiência. A Lei Brasileira de Inclusão (LBI), conhecida como Estatuto da Pessoa com Deficiência, é uma ferramenta fundamental para coibir discriminações e garantir direitos. Camila reforça que, embora as leis existam, é necessário explorá-las melhor e aumentar o acesso à informação para que as pessoas com deficiência saibam como utilizá-las.

 

"Temos leis que punem o assédio moral no trabalho, garantem cotas no mercado de trabalho e na educação, e protegem contra violência doméstica, inclusive com agravantes se a vítima for uma pessoa com deficiência", explicou.

 

Camila também destacou os desafios enfrentados por mulheres com deficiência, que sofrem dupla discriminação: pelo gênero e pela condição física. Ela mencionou relatos de colegas que enfrentaram preconceitos durante a gravidez, evidenciando a visão limitada da sociedade sobre a autonomia e os direitos dessas mulheres.

 

Caminhos para o futuro

 

Para Camila, o momento não exige novas leis, mas sim uma maior exploração e divulgação das legislações existentes. Campanhas educativas e políticas públicas são essenciais para promover a inclusão e combater o capacitismo em todas as suas formas.

 

O empoderamento e o conhecimento são as principais ferramentas para que as pessoas com deficiência conquistem seus direitos e vivam de forma plena e natural na sociedade. "O primeiro passo é acreditarmos em nós mesmos", concluiu.

 

Confira a entrevista na íntegra


 

Fonte: TV Assembleia

Edição: Site TV Assembleia