Brasil sofre cada vez mais de depressão

por Antônio Luiz Moreira Bezerra publicado 05/10/2022 13h15, última modificação 05/10/2022 12h36
Tratamento adequado e acompanhamento médico ajudam a conter doença que já acomete mais de 11% dos brasileiros

(Correio Brasiliense) - Conforme dados do recente boletim divulgado pela Pesquisa Vigitel 2021, 11,3% dos brasileiros receberam um diagnóstico médico para a depressão. Essas estatísticas, segundo a Organização Mundial de Saúde, colocam o Brasil na ponta do ranking de países com mais pessoas depressivas no mundo. Especialistas concordam que esse é um cenário crítico - a depressão é uma doença severa e de tratamento a longo prazo.


"A depressão é um transtorno psíquico causada pela complexa interação entre fatores biológicos, psicológicos e ambientais, podendo ser também secundária ao uso de alguns medicamentos ou transtorno de dependência química. Ela tem cura, mas, para tratarmos, precisamos de um trabalho muito além do medicamentoso", explica Sarina Occhipinti, médica com especialidade em clínica médica, pós-graduada em endocrinologia, com curso de Endocrinologia Avançada pela Universidade de Washington, nos Estados Unidos.


Outro dado preocupante, também apresentado pela OMS, é que, nas Américas, sete em cada dez pessoas com esse tipo de transtorno não recebem o tratamento necessário. Uma dúvida recorrente tanto para a comunidade médica quanto para as pacientes é quanto ao tratamento adequado para a depressão. Há muitos debates envolvendo o uso de antidepressivos e acompanhamento psicoterapêutico, mas o consenso é que o quem sofre de depressão jamais pode ficar distante dos olhos dos especialistas.


"A procura por tratamentos para depressão muitas vezes é dificultada pela negação da doença, pela crença de que os sintomas são normais e passageiros, pela falta de apoio de amigos e familiares e pelo medo do preconceito e dos estigmas associados a esse transtorno. Além disso, outras doenças devem ser investigadas antes de se indicar o uso de antidepressivos. Alterações hormonais por exemplo, podem confundir o médico na hora do diagnóstico correto", orienta a médica.



Sarina explica que a queda dos níveis de alguns hormônios em mulheres e homens, que estão envelhecendo, pode causar angústia, falta de motivação, humor diminuído, desprazer pela vida, sintomas típicos de depressão. Mulheres na menopausa apresentam melhora desses sintomas com terapia de reposição hormonal adequada e homens que apresentam baixos níveis de produção de testosterona recuperam seu humor e energia com o uso do hormônio.


"Outra alteração endócrina que pode simular sintomas depressivos é o hipotireoidismo, que pode ocorrer a qualquer idade e que na maioria das vezes é corrigido de forma simples, com a indicação do hormônio tireoidiano. Enfim, antes mesmo do tratamento, a avaliação clínica e a investigação exaustiva das causas são de suma importância para que o paciente possa receber os cuidados devidos. Como eu sempre digo, sentir-se mal nunca é normal. Procure ajuda", aconselha a especialista.

 

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Fonte: Correio Brasiliense

Imagem: Arquivo pessoal

Edição: Site TV Assembleia