Brasil pode produzir 800 mil toneladas de hidrogênio de baixo carbono por ano até 2030

por Antônio Luiz Moreira Bezerra publicado 08/03/2025 07h30, última modificação 07/03/2025 10h06
Estudo do Ipea destaca o papel das políticas públicas e dos avanços tecnológicos para expansão da produção

O Brasil pode produzir entre 200 e 800 mil toneladas de hidrogênio de baixo carbono (H2BC) por ano até 2030. Essa é uma das conclusões do estudo O Mercado do Hidrogênio de Baixo Carbono no Brasil: Perspectivas e Desafios até 2030, publicado recentemente pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Segundo os pesquisadores, a expansão do setor dependerá de fatores como políticas de incentivo, redução de custos tecnológicos e expansão da infraestrutura.

 

O hidrogênio de baixo carbono é considerado o “combustível do futuro”, e a expectativa é que ele possa substituir o uso de combustíveis fósseis, que emitem gases do efeito estufa, em campos como de transporte, siderurgia e metalurgia. Para o desenvolvimento do setor, o apoio de políticas públicas será essencial.

 

O texto para discussão aponta que medidas como o Programa de Desenvolvimento de Hidrogênio de Baixo Carbono (PHBC), que prevê R$ 18,2 bilhões em créditos fiscais até 2032, o fortalecimento do mercado de crédito de carbono e a estruturação de contratos de longo prazo serão determinantes para garantir um ambiente propício aos investimentos.

 

A pesquisa foi desenvolvida pela técnica de planejamento e pesquisa Katia Rocha, que atua na Diretoria de Estudos e Políticas Setoriais, de Inovação, Regulação e Infraestrutura (Diset/Ipea), e pelo pesquisador bolsista do Subprograma de Pesquisa para o Desenvolvimento Nacional (PNPD) no Instituto, Nelson Siffert.

 

Rocha destaca que a precificação do carbono terá um papel fundamental na expansão do mercado, permitindo que os consumidores valorizem o hidrogênio de baixo carbono como alternativa viável ao hidrogênio fóssil. “Com um mercado de carbono bem estruturado, os produtos sustentáveis ganham espaço e reduzem o atual gap de preço em relação ao hidrogênio de origem fóssil", explicou.

 

Os pesquisadores enfatizam que a priorização inicial deve ser o mercado interno, especialmente setores industriais como os de fertilizantes, combustíveis renováveis, siderurgia, petroquímica e refino de petróleo. "Os projetos devem ser estruturados para atender a indústrias estratégicas do país, garantindo competitividade e consolidando a cadeia produtiva", ressaltou Rocha.

 

Quanto ao mercado externo, o Brasil tem potencial para se tornar um grande exportador, especialmente para a Europa e a Ásia. A pesquisadora pontua que “a demanda global por hidrogênio de baixo carbono está crescendo, e o Brasil tem condições privilegiadas para atender a esse mercado, mas será fundamental estabelecer uma estratégia sólida de comercialização e infraestrutura”.

 

Com uma matriz energética predominantemente renovável, o país apresenta vantagens para a produção do combustível, especialmente pela oferta de energia solar e eólica. "O Brasil pode se tornar um líder global na produção de hidrogênio de baixo carbono, mas para isso é necessário avançar etapa por etapa, consolidando primeiro um mercado interno forte antes de ampliar significativamente as exportações", enfatizou a pesquisadora do Ipea.

 

Apesar dos avanços regulatórios com a Lei 14.990/2024, que institui o PHBC, e o Marco Legal do Hidrogênio, ainda há desafios a serem superados. Entre os principais entraves estão a falta de contratos de compra e venda de H2BC, o alto custo inicial de produção e a necessidade de investimentos em infraestrutura.

 

Para acessar o estudo na íntegra, clique aqui.


Fonte e Imagem: Ipea