Brasil celebra 93 anos da conquista do voto feminino
Nesta semana, o Brasil celebra os 93 anos da conquista do voto feminino, um marco fundamental na história democrática do país. No entanto, apesar desse avanço, o Brasil ainda enfrenta um dos piores índices mundiais de representatividade política feminina.
Em entrevista à jornalista Juliana Arêa Leão no programa Bom Dia Assembleia desta terça-feira, 25, a cientista política Joana Neta ressaltou a importância de entender o voto feminino como uma conquista histórica, resultado de uma luta intensa de mulheres ao longo do tempo. "Alguns direitos estruturais no país, como os direitos trabalhistas e a inserção das pessoas negras na sociedade, são frequentemente tratados como concessões, quando, na verdade, foram frutos de movimentos sociais e de muita luta", afirmou.
O direito ao voto feminino, por exemplo, foi uma longa batalha que envolveu figuras importantes como Bertha Lutz e Alzira Soriano, pioneiras na luta pela participação das mulheres na política. Quando o Código Eleitoral de 1932 garantiu esse direito, ainda havia restrições significativas: apenas mulheres maiores de 21 anos e alfabetizadas podiam votar, o que limitava fortemente a participação feminina, já que o número de mulheres alfabetizadas naquela época era reduzido.
Mesmo com essa conquista, apenas em 1940 as mulheres puderam votar em eleições gerais para presidente da República, e somente em 1976 o Brasil elegeu sua primeira senadora – e isso ocorreu devido ao falecimento do titular do cargo, mostrando o lento avanço da inclusão feminina na política.
Apesar do progresso ao longo das décadas, a sub-representação das mulheres nos espaços de poder ainda é um problema evidente. Mesmo sendo 52% da população e representando 8 milhões de eleitoras a mais do que os homens, a presença feminina no Congresso Nacional, câmaras municipais e prefeituras ainda é muito inferior ao desejado. "A questão não é apenas a quantidade de mulheres eleitas, mas também se elas têm voz ativa, se conseguem aprovar projetos e se realmente exercem influência política", enfatizou Joana Neta.
A cientista política destacou que, para garantir maior participação feminina na política, é essencial eleger mais mulheres e dar visibilidade à sua atuação. "Assim como houve a luta para conquistar o voto feminino, é preciso continuar batalhando para ampliar a representatividade das mulheres na política e evitar retrocessos", concluiu.
Confira a entrevista na íntegra
Fonte: TV Assembleia