Bolsas globais voltam a cair com ataques da Rússia à Ucrânia
Rublo russo recua cerca de 8,5% frente ao dólar nesta terça-feira (1º)
Os ataques da Rússia contra as principais cidades da Ucrânia e as incertezas sobre o desenrolar do conflito na região provocam uma nova onda de nervosismo entre os investidores globais.
As principais Bolsas na Europa e nos Estados Unidos voltaram a operar no terreno negativo nesta terça-feira (1º), enquanto o dólar mantém a valorização acentuada frente ao rublo russo.
Por volta das 13h30, o índice acionário americano S&P 500 recuava 0,73%, o Nasdaq, de tecnologia, tinha perdas de 0,86% e o Dow Jones cedia 1,52%.
As ações do Citi oscilavam em queda de 1,62%, após a desvalorização de 4,4% na véspera. O banco divulgou que tem quase US$ 10 bilhões em exposição à Rússia por meio de empréstimos, dívidas do governo e outros ativos, detidos parcialmente por seu banco de varejo no país.
Entre os índices de ações europeus, o FTSE 100, de Londres, oscilava em baixa de 1,40%, e o CAC, de Paris, caía 3,30%. O DAX, de Frankfurt, recuava 3,19%.
Apesar das perdas, a BlackRock entende que a invasão russa pode representar um cenário mais positivo para ações de mercados desenvolvidos.
Maior gestora global do mercado com cerca de US$ 10 trilhões em ativos, a BlackRock avalia que a invasão russa pode fazer com que os bancos centrais não sejam tão agressivos como o mercado estava prevendo no combate à inflação, o que pode abrir espaço para um desempenho positivo de ações de mercados desenvolvidos.
"Acreditamos que as expectativas do mercado sobre o aumento dos juros se tornaram excessivas e criaram oportunidades em ações", dizem os estrategistas da gestora global, em relatório publicado na segunda-feira (28).
Segundo eles, os conflitos no Leste Europeu reduziram o principal risco para as teses de investimento da gestora para 2022, de um aperto monetário agressivo do banco central dos Estados Unidos.
Já a moeda russa rublo, que ontem sofreu um tombo acima de 20% frente ao dólar norte-americano, tem nova sessão de forte depreciação, com queda de aproximadamente 8,6% nesta terça.
O Banco Central russo chegou a dobrar a taxa de juros do país para 20% na tentativa de conter a venda de rublos no mercado, em resposta às sanções do Ocidente que congelaram as reservas internacionais da Rússia.
Assim como já aconteceu na véspera, a Bolsa de Valores de Moscou segue fechada nesta terça. O BC local irá divulgar comunicado na quarta informando sobre a decisão de eventual reabertura do mercado de ações no país.
De todo modo, ações de empresas russas negociadas na Bolsa de Londres passaram por uma brusca reprecificação por parte dos investidores. As ações do banco Sberbank afundaram 80,1%, após já terem recuado 74% na sessão anterior.
Além disso, na esteira do potencial choque de oferta de petróleo por conta da guerra, a commodity volta a ser negociada acima dos US$ 100 (R$ 513,88) por barril. O contrato do Brent avança cerca de 4,56% nesta terça, a US$ 105,60 (R$ 542,65).
A empresa TotalEnergies anunciou nesta terça que não vai mais financiar projetos na Rússia, seguindo movimentos da Shell, BP e da norueguesa Equinor para sair de posições no país rico em energia.
A Bolsa de Valores brasileira permanece fechada por conta do feriado de carnaval. As operações no mercado local serão retomadas na quarta-feira (2), a partir das 13h.
O índice Dow Jones Brazil Titans 20 ADR Index negociado no mercado americano, que reflete o desempenho dos principais ADRs (American Depositary Receipt) de empresas brasileiras, subia 1,67% nesta terça, após ter marcado alta de 0,32% na véspera.
O movimento do índice de ações brasileiras é sustentado pela alta de exportadoras de commodities. Os ADRs da Petrobras operam em alta de 1,96% e os da Vale avançam 3%, impulsionados pelo aumento nos preços das matérias-primas no mercado internacional.
Com Informações Folha de S. Paulo
Imagem: Folha de S. Paulo