Ansiedade: A palavra do ano de 2024 e os desafios da saúde mental no Brasil

por Antônio Luiz Moreira Bezerra publicado 03/01/2025 16h11, última modificação 03/01/2025 16h11
A psicóloga Andrea Leite participou de entrevista no Alepi TV 1 e falou sobre esses desafios

A palavra “ansiedade” foi eleita a mais representativa para os brasileiros em 2024, de acordo com a nona edição da pesquisa conduzida pela empresa de marketing Cause em parceria com o Instituto de Pesquisa Ideia. O termo liderou com 22% das menções, seguido por “resiliência” (21%) e “inteligência artificial” (20%). Essa pesquisa é um reflexo da crescente preocupação com a saúde mental no país, especialmente durante o Janeiro Branco, campanha dedicada à promoção do bem-estar emocional.

 

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil lidera o ranking mundial de casos de transtorno de ansiedade, e esse dado não é por acaso. Para a psicóloga Andrea Leite, em entrevista a Shirley Evangelista no jornal Alepi TV 1 desta sexta-feira, 3, o transtorno mental deve ser compreendido sob uma perspectiva multifatorial. “Nunca podemos pensar em um único fator estressor ou causa. Falamos de fatores de risco e de proteção”, explicou a especialista.

 

Diversos elementos sociais, econômicos e culturais contribuem para o alto índice de ansiedade entre os brasileiros:


  1. Violência e Insegurança: O aumento da violência em diferentes regiões do país cria um ambiente de constante alerta e medo.

  2. Desigualdade e Qualidade de Vida: Muitos brasileiros enfrentam longas jornadas de trabalho com baixa remuneração, o que impacta diretamente sua saúde mental.

  3. Sedentarismo: A falta de atividade física é um importante fator de risco para o adoecimento emocional.

  4. Uso Excessivo de Telas: Um estudo recente aponta o Brasil como o país onde as pessoas mais passam tempo na frente das telas. Redes sociais, como o Instagram, agravam o problema ao estimular comparações irreais entre vidas ideais e a realidade.

O papel da tecnologia na ansiedade

 

Embora as novas tecnologias, como a inteligência artificial, prometam facilitar nossas vidas, elas também têm contribuído para o aumento dos níveis de ansiedade. Andrea Leite destaca que as redes sociais geram uma “vida paralela” que exige tempo e energia, promovendo comparações prejudiciais. “As pessoas veem apenas fragmentos ideais da vida do outro e acabam buscando um padrão inalcançável”, afirmou.

 

Como minimizar os impactos da ansiedade

 

Diante de fatores externos que nem sempre estão sob nosso controle, como a violência ou as desigualdades sociais, há atitudes que podem ser adotadas para reduzir o impacto da ansiedade:

 

  • Controle do Consumo de Conteúdos: Escolher programas e atividades que gerem bem-estar em vez de tensão.

  • Prática de Atividade Física: Estudos sugerem que o exercício pode ter efeitos semelhantes aos de medicamentos psiquiátricos na redução dos sintomas de ansiedade.

  • Seleção de Relações e Ambientes: Convivência com pessoas positivas e frequência a lugares seguros e agradáveis podem fazer diferença.

  • Limitação do Tempo de Tela: Reduzir a exposição às redes sociais e priorizar interações no mundo real.

 

A psicóloga enfatiza que a saúde mental depende de escolhas conscientes e de um estilo de vida equilibrado. “Da mesma forma que buscamos saúde física, precisamos tomar decisões para melhorar nossa saúde mental”, concluiu.

 

Veja a entrevista na íntegra



Fonte: TV Assembleia