A influência do estresse nas doenças autoimunes e mentais

por Antônio Luiz Moreira Bezerra publicado 23/10/2024 17h11, última modificação 23/10/2024 17h11
Dra. Joelma Norões explora esse tema no programa Palavra Aberta

Autoimunidade e mente: o reumatismo do passado tem piorado com o presente? Esse é o tema de mais uma edição do Palavra Aberta, da TV Assembleia, na área da saúde, em parceria com a Universidade Federal do Piauí (UFPI) como parte do Programa Institucional de Bolsas de Extensão (PIBEX), por meio do Projeto Saúde, Corpo e Mente.

 

Conduzido pelo jornalista Thiago Moraes, o programa traz a reumatologista Dra. Joelma Norões, que tem uma visão detalhada sobre a conexão entre doenças autoimunes, reumatológicas e transtornos mentais. Ao destacar a relação íntima entre essas condições, a especialista esclarece como o estresse e outros fatores podem ser gatilhos para desencadear doenças autoimunes e agravar problemas de saúde mental.

 

É amplamente conhecido que o estresse pode causar manifestações físicas, como dores e desconfortos, mas sua influência vai além, sendo capaz de desencadear sintomas em pessoas geneticamente predispostas. Muitas vezes, indivíduos com doenças como lúpus, artrite reumatoide e fibromialgia também enfrentam ansiedade e depressão, o que agrava ainda mais o quadro.

 

Essas doenças autoimunes, conforme explicou Dra. Joelma, não afetam apenas articulações e pele. No caso do lúpus, por exemplo, há também o envolvimento do sistema neurológico, o que pode levar a convulsões e até mesmo psicose. O estresse é um dos principais fatores que desregulam o sistema imunológico, criando um desequilíbrio que pode ativar essas doenças em pessoas predispostas.

 

O que são doenças autoimunes?

 

As doenças autoimunes ocorrem quando o sistema imunológico, que deveria proteger o corpo, começa a atacar os tecidos saudáveis. Lúpus e artrite reumatoide são dois exemplos clássicos. Essas doenças afetam predominantemente mulheres jovens e estão associadas a fatores hormonais, como a influência dos estrógenos. Esse desequilíbrio imunológico, desencadeado por fatores genéticos, infecções e o próprio estresse emocional, pode resultar em manifestações que afetam diversos órgãos, inclusive o sistema nervoso central.

 

O diagnóstico dessas condições é complexo e não se baseia em um único exame. Ele envolve uma investigação detalhada, com análise de exames laboratoriais, históricos familiares e estilo de vida. Dra. Joelma ressalta a importância de identificar os gatilhos e controlar os fatores de risco, como o estresse crônico e uma dieta inadequada, para evitar o agravamento dessas condições.

 

O tratamento também varia de acordo com o órgão acometido e a gravidade do caso. Em quadros de lúpus, quando há envolvimento do sistema nervoso central, o tratamento pode ser mais agressivo, visando interromper rapidamente a progressão da doença.

 

Fibromialgia e seu impacto psicológico

 

Um outro ponto discutido foi a fibromialgia, uma doença caracterizada por dor muscular crônica e difusa, associada a distúrbios do sono, fadiga e problemas de saúde mental, como ansiedade e depressão. Embora não seja uma doença autoimune, a fibromialgia causa um sofrimento significativo devido à dor persistente e à incapacidade de realizar tarefas diárias.

 

A reumatologista destaca a importância de um tratamento multidisciplinar, que envolve tanto o controle da dor como o cuidado com a saúde mental. O ciclo vicioso da dor crônica, ansiedade e insônia precisa ser quebrado para que o paciente possa recuperar sua qualidade de vida.

 

A importância do equilíbrio no estilo de vida

 

A mensagem final de Dra. Joelma é clara: o equilíbrio é fundamental para a saúde do corpo e da mente. Estilo de vida, hábitos saudáveis, controle do estresse e a prática regular de exercícios físicos são pilares essenciais para prevenir o desenvolvimento de doenças autoimunes e melhorar a qualidade de vida dos que já enfrentam essas condições. O autocuidado, especialmente para as mulheres, é crucial para evitar a sobrecarga emocional e o esgotamento físico.

 

A busca por esse equilíbrio envolve uma abordagem integrada, com o apoio de diferentes especialistas, que vai além dos medicamentos. Cuidar da saúde emocional e física é uma necessidade contínua e deve ser priorizada no dia a dia.

 

Confira a entrevista na íntegra



Fonte: TV Assembleia

Edição: Site TV Assembleia