80% de casos severos de saúde mental estão sem tratamento

por Antônio Luiz Moreira Bezerra publicado 15/06/2023 13h00, última modificação 15/06/2023 12h15
Dados da Opas, em 2020, revelam situação nas Américas e apontam que região foi ainda mais afetada após pandemia da Covid-19

Elevar o tema da saúde mental na esfera nacional e incluí-lo em todas as políticas, aumentar o financiamento para a área e reforçar serviços de prevenção do suicídio. Essas são algumas das 10 recomendações recebidas pela Organização Pan-Americana da Saúde, Opas, para melhorar os índices de saúde mental nas Américas. 

 

Na semana passada, uma equipe de especialistas apresentou o relatório “Uma Nova Agenda para Saúde Mental na Região das Américas”, em Washington, sede da Opas. O diretor e médico brasileiro Jarbas Barbosa falou à ONU News sobre a urgência de medidas de promoção da saúde mental. 

 

Desigualdade de pobreza 

 

“A pandemia ressaltou muito o problema da saúde mental em toda a região. A saúde mental era um problema, talvez, que não tinha tanta visibilidade. Mas nos últimos 20 anos, nós já temos tido em todas as Américas um crescimento da taxa de suicídio, por exemplo. Tanto nas pessoas de mais idade como em alguns jovens relacionados com vários fatores. Com a falta de acesso, com a desigualdade, com a falta de atenção para problemas de saúde como a ansiedade como depressão. A pandemia amplificou tudo isso pela incerteza, pelo medo que as pessoas passaram a ter de morrer, de ver familiares, pessoas queridas morrendo. 

 

A Opas revela que em 2020, mais de 80% das pessoas que tinham uma questão severa de saúde mental não receberam tratamento. E isso inclui casos de psicopatia.  

 

Direitos humanos e saúde mental 

 

Uma das propostas da agência da ONU agora é assegurar os direitos humanos das pessoas que vivem com problemas de saúde mental além de promover e proteger a saúde mental ao longo da vida. Melhorar a saúde mental e pesquisa e expandir os serviços de saúde nessa área é fundamental para cuidar de quem precisa de tratamento. 

 

Jarbas Barbosa ressalta a importância de uma parceria com os líderes e decisores políticos nas Américas para corrigir essa falha e levar ajuda a todos incluindo os jovens. 

 

“Eu creio que para os jovens, particularmente, diante da incerteza econômica, social, da angústia que foi produzida pela pandemia, é muito importante que na própria comunidade, as famílias recebam apoio. Que nos trabalhemos contra a discriminação, contra o preconceito. Vamos olhar também o problema do uso e abuso de drogas porque tudo isso tem criado um ambiente desfavorável para o tema da saúde mental.” 

 

Barbosa falou ainda da falta de oportunidades econômicas e da pobreza extrema como fatores que agravam a saúde mental. O álcool é responsável por 5,5% das mortes nas Américas. A região tem o segundo maior consumo de álcool no mundo. 

 

Orçamento é baixo 

 

A Opas lembra que as Américas investem, em média apenas 3% do orçamento nacional para saúde dos países, em saúde mental.  

 

A Comissão de Alto Nível sobre Saúde Mental e Covid-19 foi criada em maio de 2022 com 17 especialistas de governos, sociedade civil e academia.  

 

Saiba mais sobre as 10 recomendações neste link em inglês:  

 

.....................................................................

 

Fonte: ONUN News

Imagem: Unsplash/Eric Ward

Edição: Site TV Assembleia